sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ser incompleto

Não é novidade se eu disser que certas coisas podem ser muito parecidas na superfície, porém muito diferentes se observadas um pouco mais de perto. Mas e quando o mesmo se dá com nossos próprios sentimentos? Como, por exemplo, quando confundimos a diferença entre sentir saudade ou sentir falta de algo. São coisas diferentes, ao meu ver. Pois tenho saudade de muitas coisas, mas sinto falta de bem poucas.

Quando nos referimos a algo que passou, como a infância, a adolescência, o último inverno, estamos falando simplesmente de saudades. Não nos fazem falta estes recortes da vida, são apenas lembranças boas. Será tudo o que teremos um dia, mas ainda assim, são só lembranças.

Quando a saudade é de alguém querido que perdemos, provavelmente estamos sentindo falta de algo que nos deixou incompletos. Mas e se for saudade de alguém que fez parte de um período específico da nossa existência como estes já citados? Aí a saudade volta a se mostrar diferente, se não costumamos sentir falta desta pessoa em nosso dia-a-dia.

Em inglês, fala-se "I miss you" quando se quer expressar aquilo que chamamos de sentir saudade. Em um sentido mais literal, eles estão dizendo "Eu perdi você". Como se tivesse perdido a chave de casa ("I miss my key"). O que vai mais de encontro do sentido que atribuímos a "sentir falta de". Quando perdemos algo, sentimos falta daquilo. E só por isso notamos que perdemos. A língua inglesa pode não ter correspondente para a palavra saudade. Mas eles sabem dizer que sentem falta. Eles perdem.

Sempre banalizei a saudade, já me auto-intitulei um entusiasta da saudade. Tenho saudade de quase tudo. Mas reconheço que são poucas as coisas e pessoas que me fazem falta. Que me fazem incompleto.

3 comentários:

  1. Simples e definitivo! Esse Andrei, regado a vinho tinto, anda cada vez melhor!Bjooo

    ResponderExcluir
  2. Agradeço o elogio, mas não tomo vinho, não...eheeh. A cerveja é ciumenta!

    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Belo texto.
    Se continuar assim, talvez fique "como" o vinho. Mas tu tens razão. Melhor não dar motivos para que a loira fique "esquentada". heheh
    Abração!

    ResponderExcluir