segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lembrar, viver, imaginar

Cabe à memória torna melhor tudo o que vivemos. Não sou eu quem afirma isso. Alguém já disse e eu já ouvi, ou li por aí. Apenas concordo. É uma romântica, a memória, e isso digo eu.

Também a imaginação, ligada intimamente a tudo que lembramos, busca tornar tudo um pouco melhor. Principalmente o que está ausente, pois, de tudo que se faz ausente, só contamos com memória e imaginação para reviver.

Pessoas ausentes são melhores do que presentes, graças à memória ou a imaginação? Se nossa vida um dia já foi melhor, culpa do presente ou da memória, que disfarça aquilo que não era tão bom assim?

O famoso refrão diz que recordar é viver. Por isso gosto de recordar. Para viver melhor. E com algum romantismo.

As pessoas que têm tempo para morrer em paz têm em seus últimos dias momentos de grande felicidade. Pois, com a consciência evanescendo, tudo é imaginação misturada com memória. Uma festa.

É à memória de tempos melhores e à imaginação de um futuro igualmente compensador que recorremos sempre que o presente nos tortura.

Lembrar e imaginar. O que de melhor podemos fazer além de viver.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Natal e Ano Novo

Não sei aí, mas aqui já sinto o clima natalino Como eu gosto do Natal. Ao mesmo tempo em que o Ano Novo não me diz quase nada, o Natal me diz muito. Gosto até das músicas, e até quando cantadas por corais infantis desafinados. Gosto dos papais-noéis que cantam roboticamente nas portas das lojas, em vários idiomas.

O Natal é tão legal que não deveria ser no verão, a menos apropriada das estações para momentos reflexivos. Natal é festejar e refletir na mesma medida. Não deveríamos ser privado da neve que cai no Natal, como nos filmes, por exemplo, que me dão tanta inveja.

Gosto de distribuir simpáticos votos de Feliz Natal, desde os dias que antecedem as comemorações. Principalmente para aqueles que nem conheço, como a atendente do supermercado, o garçom, o motorista do ônibus.

Não sei dizer o porquê de ser tão indiferente às comemorações pela virada de ano. Na organização das escalas de folga nestas duas datas, provavelmente fui dos primeiros a pedir para folgar no Natal. Dei sorte de ter uma colega que pensa exatamente o contrário, e que faz questão de folgar no último dia do ano. Não poderia dar mais certo.

Sobre isso tudo, acho que ainda vale para este ano o que escrevi mais ou menos nessa época, há um ano, em outro espaço: O último dia do ano tem sempre cara de domingo, pois não sai da minha cabeça que o ano que vem será uma grande segunda-feira.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pedras nos rins

O jornalista e escritor Gay Talese, que sabe tudo de ambos os ofícios, diz que escreve com a facilidade com que um paciente expele uma pedra no rim. Me identifiquei com essa frase assim que a li. Também sofro para escrever, e, até então, sempre achava o trabalho de parto a melhor figura para ilustrar esse sofrimento. Mas expelir uma pedra no rim deve ser, realmente, um trabalho árduo.

E foi com essas complicações todas que, na madrugada de ontem, após um longo papo futebolístico via twitter com o amigo Pedro Ivo, consegui escrever e liberar esta matéria que segue abaixo. É um perfil da Garota Verão de Bento Gonçalves, feito para o clicBento, mas que acho bacana publicar aqui, assim como outras reportagens que fiz ao longo dessa vida, que me são tão ou mais caras do que as crônicas mais bem aceitas pelos amigos leitores.


1,67m, manequim 34 e simpatia 10


Segunda-feira, 22 de novembro, foi o dia em que Juli Vargas Pegoraro, viveu momentos de celebridade na escola Mestre Santa Bárbara, no bairro Humaitá. Graças à diretora, que, pelo sistema de alto-falantes, espalhou pelos corredores a notícia de que a menina era a nova Garota Verão de Bento Gonçalves.

Na mesma hora, os cumprimentos, que até então vinham dos amigos e da família, passaram a vir também daqueles que ela mal conhecia. É o que esta tímida e simpática moreninha de 15 anos, vencedora do concurso da última sexta-feira, define apenas como algo “um pouco estranho”.

Acompanhada da mãe, Cleonice, em visita à sucursal da RBS na tarde do dia em que se tornou a mais conhecida aluna do colégio, Juli contou que a ideia de concorrer veio durante uma aula de química, em que a organização do Garota Verão esteve divulgando evento nas salas de aula.

- Nunca tinha pensado nisso, sequer tinha desfilado algum dia na vida. Mas minhas colegas deram a idéia e insistiram tanto, até que eu topei participar.– conta.


Cursando o 1º ano do Ensino Médio, Juli vive a expectativa de começar em seu primeiro emprego, na área de recursos humanos de uma fábrica de móveis de Bento. Do futuro, já sabe o que quer: ser arquiteta. Isso porque adora desenhar, desde pequena. Outro sonho é morar no exterior, a exemplo da irmã mais velha, Danúbia, 26, que há cinco anos vive nos Estados Unidos. Mas s caçula prefere Londres.

Falando em preferências, ela adora escrever. Tem um blog, no qual escreve sobre tudo, desde música e moda, até frases e textos mais pessoais. Gosta de todo tipo de música, e está aprendendo a tocar violão. Curte literatura, e, quando é pra responder sobre seu livro preferido, na mesma hora cita A Arte de Correr na Chuva, de Garth Stein.

Nos próximos meses, a menina de 1,67m e manequim 34 estará vivendo a expectativa de participar da etapa regional do Garota Verão, que será em fevereiro de 2011, em Antônio Prado. Se tudo der certo, o próximo passo é a final estadual, em Capão da Canoa.

Para fevereiro, a torcida deve ser ainda maior do que a que levou o prêmio de mais animada na noite da primeira conquista.

- Convidamos só umas 15 pessoas, na hora apareceram outras 15, talvez mais, a maioria amigos de amigos entusiasmados – conta a mãe, torcedora número 1, que delegou a chefia da torcida à filha Bruna, 22.

Como se vê, a família está unida, torcendo muito para que Juli sinta novamente a sensação “inexplicável”, segundo ela, de ter seu nome anunciado como escolhida pelos jurados. A faixa que decorou o salão do clube Botafogo no dia do concurso, agora enfeita a sala dos Pegoraro. Certamente, também à espera de novas comemorações.

domingo, 21 de novembro de 2010

Dica

Convido os amigos leitores a prestigiar uma idéia bacana deste blogueiro. No clicBento, uma série de matérias vai falar da vida do pessoal que saiu da cidade pra se aventurar no exterior.

São entrevistas legais, que resultam em matérias divertidas de escrever e, acredito, boas de ler. A primeira história é da Bruna Fiorentin, que, desde junho, está morando e estudando na França.

Cliquem aqui pra ler: A vida de uma bento-parisiense

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para escrever bem

É preciso escrever muito para escrever bem. Exige-se passar um bom tempo escrevendo mal, sem nunca desistir, para dar à luz bons textos. Começa-se sofrivelmente, mas aos poucos, as ideias vão encontrando as frases certas que melhor poderão expressá-las.

Só com o tempo e muitas páginas escritas surge aquilo que é importante para quem escreve: o estilo. Um escritor com estilo vale muito mais que o mais erudito. Quem quer escrever deve buscar sempre o estilo, muito mais do que a erudição e o refinamento. Como alguém que nutre certa afeição pela escrita – ainda que longe de ser escritor - posso dizer que é sempre isso que persigo: o estilo.

Todos que gostam de escrever devem sentir um misto de orgulho e vergonha por seus primeiros escritos. A cada vez que deparamos com eles, tratamos de torná-lo um segredo mais profundo, quanto mais o tempo passa.

Não lembro exatamente quando e porque comecei a escrever. Mas comecei com letras de música, depois preenchi um ou dois cadernos com poesias e ensaiei um romance, até chegar à crônica, que hoje é o que mais gosto de fazer, além de reportagens. Até alguns minicontos integram meu espólio textual.

Minha primeira crônica repousa na minha memória como uma ilha, sem nenhum vínculo aparente com qualquer outro acontecimento. Mas é um texto bacana, que ainda hoje me agrada , ao contrário de toda a “obra” como letrista e poeta, que, naturalmente, achava fantástica quando escrevia, mas hoje vejo o tamanho do equívoco que seria tê-la inscrito naquele tempo em qualquer premiação musical ou literária. Porque, como depois descobri, ainda não tinha escrito o bastante. E ainda não sei se escrevi. Mas hei de escrever.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As 10 do Pearl Jam

Das 10,4 horas divididas em 161 músicas que tenho do Pearl Jam no computador, fazer uma lista poderia ser muito difícil. Ou muito fácil, como, de fato, foi. São essas e ponto. E, como em toda boa lsita, essa vale principalmente pelas que ficam de fora, pois cada um tem suas preferidas, tem aquelas que não gosta. Confiram aí:


Off He Goes
A letra é bonita, assim como a introdução, da mesma forma que a linha vocal. A versão do Live On Two Legs é a melhor. Sempre me emociona de alguma forma, por um pouco de tudo isso que ela tem. Está no mediano álbum No Code.
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Can’t Keep
A melhor do pouco inspirado (opinião, amigos) álbum Riot Act. Mas, ao lado de I Am Mine, faz com que valha a pena tê-lo na prateleira, ou no HD. Aliás, posso ser um pouco radical, mas é a última música lançada pelo Pearl Jam que eu realmente curti. Os álbuns seguintes, Pearl Jam (2006) e Backspacer (2009), decepcionaram totalmente esse fã.
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Even Flow
Porque não dá para fugir dos clássicos. Gostar do Pearl Jam é gostar de Even Flow, Alive, Black, Jeremy, Daughter, até enjoar de todas elas e partir para novas descobertas.
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Nothing as it seems
Era a música preferida de uma ex-namorada, lá pelos idos de 2004. Coincidentemente, era a música do Pearl Jam que eu sabia tocar no violão. E foi por isso que nos conhecemos. Olha que história legal.
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Animal
Introdução nervosa, como o verdadeiro animal sugerido pelo título da música. No show em POA, em 2005, foi a 3ª do setlist. E a primeira que eu reconheci e vibrei. Também por isso, marcou bastante. Está num dos melhores álbuns da banda, que é o Vs.
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Corduroy
É das mais empolgantes, e ser empolgante conta muito. A melhor versão também está no Live On Two Legs. Está no Vitalogy, álbum que não é dos mais conceituados, mas que também tem Better Man e Immortality, que são ótimas.
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Low Light
Baladinha acústica muito legal do Yield. Até eu sei tocar no violão, porque é bem simples. Refrão bem arrastado, bom de cantar. Uma das minhas preferidas não só da banda, mas dessas dez que estão na lista.
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Blood
Uma das mais pesadas, considerando que Pearl Jam não é, exatamente, uma banda de sons pesados. Riff bem sujo, vocal rasgado, bateria pegada. Legal o Eddie Vedder berrando “Here’s my blood” várias vezes. Também está no Vs.
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Porch
É do primeiro álbum, Ten, e não chegou a virar um clássico da banda, ao contrário de quase todas as outras. Mas é muito legal, apesar de arrastar um pouquinho lá pelos idos de um minuto e meio, na hora do solo. Mas nada que comprometa.
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Given To Fly
Acho que esta música do Yield é a que mais ouvi até hoje do Pearl Jam. Viciado, mesmo. Exerce algum efeito psicológico, me deixa mais animado, mais ou menos como “Going Up The Country, do Canned Heat (sem comparar as músicas, só o efeito). É terapêutica, tem que ouvir sempre.
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domingo, 7 de novembro de 2010

Um brinde, presidente

Um dos princípios que a faculdade de Jornalismo tenta ensinar é sempre evitar a tietagem. Pois o profissionalismo exige distanciamento entre o jornalista e sua fonte. Mas nem todos aprendem. Eu, por exemplo, não deixo passar a oportunidade de tirar uma foto, bater um papo com alguém que admiro. Como o presidente eleito do Grêmio, Paulo Odone, por exemplo, que encontrei em uma festa em Bento na última sexta-feira.

Simpático e com boas doses de espumante no sangue, o presidente dançava animado com sua esposa ao som dos Golden Boys, quando o blogueiro aqui chegou, também com boa taxa de álcool no sangue, propondo um brinde ao Grêmio de Renato Gaúcho (também uma provocação, pois não é certo que a gestão de Odone vá manter o atual treinador no cargo). Solícitos, o comandante maior da Batalha dos Aflitos e sua esposa não só aceitaram o brinde como também a senhora Odone tirou essa foto que ilustra a postagem.

Por alguns minutos, vi minha credibilidade jornalística ir pelo ralo. Mas nada que uma boa dose a mais não fizesse esquecer. Tudo para desejar um bom ano de 2011 ao tricolor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eis o verão

Não adianta. O verão me tira toda a inspiração. Formalmente, ainda deve ser primavera, mas não adianta: esquentou, pra mim é verão.

Meu cérebro não funciona sob o forte calor desta estação. Cada linha requer um desgastante trabalho de parto para sair da cabeça para o computador.

O verão desfavorece a contemplação da vida, principal matéria-prima das minhas crônicas.

Reconheço as coisas boas no verão: cervejas congelando, vestidos esvoaçantes, noites de passear pela rua. Mas paro por aí. Todo o resto é sofrimento, no verão.

E difícil ser feliz nesta estação que ainda nem começou.