terça-feira, 20 de julho de 2010

Da amizade

Dia desses, uma colega perguntou: “Tu acreditas que em 60 dias uma pessoa se torne tua melhor amiga?”. Respondi que sim. Mas confesso nunca ter dedicado à questão o tempo necessário para encontrar um bom argumento. Pois o tema é realmente controverso, intrincado e complexo. Tanto é, que hoje respondo não. Mas justifico. E com alguma convicção.

Talvez porque tenha lembrado que a boa amizade requer um pouco de nostalgia compartilhada de um tempo vivido junto. Dos bons tempos, principalmente. E se a amizade foi boa, certamente o tempo transcorrido foi bom também. Em um futuro distante, os velhos amigos serão a melhor memória que teremos de nós mesmos. É neles que iremos consultar nosso passado. São os nossos biógrafos, mesmo que não saibam.

A principal diferença do melhor amigo para os só amigos é não existir para ele a necessidade da prova de amizade. Posso ficar meses sem encontrar meu grande amigo, mas, quando finalmente o vejo, parece que o tempo não passou. Parece que nos vimos ontem. As amizades recentes, por mais intensas que possam ser, requerem presença, têm que ser renovadas a cada dia, sob o medo iminente de perdê-la. Como saber, em 60 dias, se o sentimento irá permanecer na inevitável ausência do contato diário com o amigo?

Finalmente, discordo daquela máxima, daquele clichê que considera bom amigo o das horas ruins. Já digo aos novos que sou um péssimo amigo pras horas ruins. Não nego um ombro, mas tampouco acredito na eficácia desse ombro no combate às maiores dores que nos afligem. A dor é tão pessoal quanto o combate a ela. Por isso, poupe o amigo da sua dor. Principalmente, o velho amigo. Principalmente, porque ele irá senti-la também.

3 comentários:

  1. fala andrei....achei como comentar...he...he...ta escrevendo cedo hein 8h...vou contribuir com a famigerada, bem humorada e indelével frase do poeta alegretense, ei-la:
    "...há dois tipos de chatos: os chatos proprimente ditos e...os maigos que são nossos chatos prediletos..."
    valeu...abraços

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  2. Grande Fabio! Tinha certeza que uma hora tu acharia onde comentar...ehehee.

    Boa a lembrança do Mario Quintana!

    Abraços

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  3. Apenas um comentário sobre o texto: NHOINNN!
    Grande amigo Andrei, um feliz dia do amigo pra ti! Bons tempos compartilhados realmente são o que fazem uma amizade não morrer

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