sábado, 2 de outubro de 2010

As roupas caseiras

Abençoadas sejam as roupas de ficar em casa. Estas que convivem com a nossa preguiça, com a nossa moleza pós-expediente, com a nossa ressaca de fim de semana.

Louvado seja o casaquinho do avô, a calça do colégio, a camiseta da turma - que pode ser 81, 82, 301, 303, formandos de 2000, 2001, 2003. Camisetas que insistem em encolher, nunca somos nós que engordamos.

Gosto de blusas com cheiro de mãe; Camisetas com mancha de café; Calça com bolso furado; Bermuda que não fecha na cintura; Moletons que perderam a cor.

Minhas roupas de casa tendem a ser cinzas. Agora mesmo, estou de cinza. Cinza-doméstico daria um bom nome de cor.

As vestimentas caseiras, ao contrário de nós, gostam de domingo. Costuma ser o dia em que elas finalmente vêem a luz quase ao ponto de cegá-las, em contraste com a escuridão do guarda-roupa e o sufocamento pela pilha de roupas que a esmagam, já que elas estão lá embaixo.

De tanto conviver com chinelos, pantufas e meias, as roupas caseiras têm vaga lembrança de tênis ou sapatos. Não gostam de bebida, preferem televisão. Não têm amigos, preferem ficar na frente do computador. Não gostam de sair, preferem o aconchego do lar, junto do dono.

São roupas de estimação.

8 comentários:

  1. Olá Andrei, vejo também as "roupas caseiras" como uma espécie de seres, elas tem uma alma que falta às estranhas roupas novas, parecem mesmo de estimação como disseste, além de alma possuem também um pouco de nosso corpo através da "nhaca" de anos que nem omo é capaz de remover, Viva nossas queridas roupas caseiras, que são o lar do corpo da gente no lar, o lar encostado no corpo!

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  2. Isso mesmo, velho. Nem OMO afasta das roupas caseiras a ligação odorífera que estabelecemos com elas. Abraço!

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  3. Aii, que tri, Andrei!
    Todo o sentimento que só tu sabe colocar pra falar das simples roupas velhas...
    Muito bom :)!

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  4. Bah, Andrei, só tu mesmo pra falar de roupa velha com tanto carinho.
    Chega a fazer com que a gente até se encante com os trapinhos rasgados e sinta pena deles, por ficarem lááá no fundo do armário, guardadinhos.
    Não é à toa que tu está onde está ;)

    Beijo, queri :*

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  5. hahaha.. Cinza-doméstico é a tua cor.. a minha é verde-amarelo!! Tenho uma calça verde e um moletom amarelo canário, que outrora me serviram para ir ao colégio!! Acredite, moda eu não domino!
    Agora, quem deveria ler o blog hj é a minha irmã! Campeã de chegar em casa e trajar uma vestimenta a la mendigo!! Hehehe;;
    Como sempre, adorei Andrei!

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  6. À estas roupas que tu devotou palavras tão meigas, nossos agradecimentos.

    Por aqui, as calças chamo de calça-fofinha (e quando são cinzas são bem melhores, sabe-se lá porque)

    Querido Andrei, são em textos que tratam de temas simples como esse, que medimos a sensibilidade de uma pessoa. A tua está lá em cima ;)

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  7. Cinza doméstico foi ótimo. Casualmente, minhas roupas de ficar em casa tbm são, em maioria, nessa cor.
    Roupas de ficar em casa, para mim, são aquelas que não são, técnicamente, pijamas, mas que tranquilamente podemos dormir nelas. No meu caso, uma calça larga ou uma camiseta de festival de Heavy Metal masculina, tamanho GG que uso de camisola.

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  8. Baaaaaaah melhor coisa as roupas de ficar em casa!!Eu sou fã dos pijamas e meias hehehehe!!Nada como passar um domingo chuvoso em casa desse jeito!!Adorei o texto, deu muito valor para oq parece não ter valor!!

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