sábado, 16 de outubro de 2010

Meus livros preferidos

9º – A sangue frio, de Truman Capote

O chamado “jornalismo literário” é a minha literatura preferida. E talvez o horizonte do jornalismo que mais tenha me prendido à profissão (e se eu um dia voltar aos bancos universitários, provavelmente será para uma especialização nesta área). É o gênero que, entre outras coisas, abraça o chamado livro-reportagem e/ou romance de não-ficção. É a reportagem feita com elementos da literatura, ou a literatura feita em cima de uma investigação jornalística.

São histórias que, por diversos motivos, não cabem nas páginas de um jornal ou uma revista (principalmente pro serem boas demais para cair no ostracismo no dia seguinte). E quando o escritor é bom, geralmente supera qualquer obra de ficção.

No Brasil, os livros do Caco Barcellos (Rota 66 e Abusado) são bons exemplos desse gênero. No mundo, um dos grandes momentos, sem dúvidas, é a publicação de A Sangue Frio (surpreendentemente boa tradução do título original In Cold Blood), do norte-americano Truman Capote.

Muitos escritores consagrados, dos melhores mesmo, já beberam da fonte do jornalismo literário, a maioria por ter começado a carreira como jornalista. Gabriel García Márquez (Notícia de um sequestro, Relato de um náufrago, etc), Norman Mailer (A Luta), Graciliano Ramos (Os sertões), entre outros.

Em A Sangue Frio, o grande barato foi Capote ter conseguido fazer a maior tempestade de um aparente copo d’água. A partir de uma pequena notícia de canto de página de um jornal – sobre uma família assassinada friamente em uma vila americana – ampliou o assunto até construir uma das maiores reportagens da história - provavelmente a mais bem escrita, pela qualidade do seu texto. E abriu caminhos para que outros autores fizessem o mesmo. Buscassem no aparentemente banal, histórias extraordinárias.

A Sangue Frio é de tirar o fôlego. É daqueles de ler sem parar (poucos livros são capazes de me fazer ler compulsivamente), principalmente pelo ritmo que Capote imprime à angustiante narrativa, seja quando escreve pela perspectiva dos assassinos em fuga, seja quando assume o ponto de vista dos policiais, e, principalmente, quando reconstitui o momento do assassinato dos cinco membros da família Clutter.

Não é um livro bom apenas por este ponde-de-vista jornalístico. É tão bom quanto os melhores romances policiais. E absurdamente real.

Um comentário:

  1. Esses livros de "ler sem parar" são muito bons. A gente fica tão envolvido com a história que nem vê o tempo passar!

    Desses dois aí, não li nenhum ainda :P
    Mas estou anotando a listinha aqui. hehehe

    Beijo

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