quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Valeu!

O último post do ano neste blog não poderia deixar de ser um texto de agradecimento pela companhia dos amigos leitores nestes dez primeiros meses de existência do Andreinews.

Quando falo em amigos leitores, não se trata de demagogia. É apenas porque praticamente todos os que passam por aqui são, de fato, amigos extra-blog: do dia-a-dia, de encontros eventuais, novos e antigos ou dos não tão distantes – mas já rotulados – “tempos de faculdade”.

Em 141 postagens, contando com esta, vocês acompanharam por aqui praticamente tudo o que foi minha vida nos últimos meses, muito do que eu penso, do que eu gosto ou não gosto, e também se expressaram bastante, através dos comentários.

Por conhecer a cada um é que valorizo muito cada comentário elogioso postado aqui, ou feito de outra forma, virtual ou não. E a isso também agradeço. Afinal, tudo é tempo que vocês gastam por aqui, e o tempo, como sabemos, é valioso.

Em 2011, além de desejar tudo de bom, espero que cada amigo leitor continue gastando um pouquinho do seu tempo visitando, lendo e comentando os textos deste blogueiro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Uma meta para 2011

Assim como nunca fiz promessa, também nunca tracei uma meta. E, em época de virada de ano, em que tudo são promessas e metas para o novo ciclo que se anuncia, tenho pensado bastante sobre isso.

Costumo atribuir ao acaso tudo o que me acontece, coisas boas e ruins. Planejo pouco, e sempre em curto prazo. Não sei o que é colher os frutos de uma idéia acalentada por meses ou anos, sozinha ou compartilhada.

Sempre achei que, tão logo uma meta é traçada, a tendência é que fechemos os olhos para tudo o que não condiz com esse objetivo, e nisso que não enxergamos pode estar algo muito mais interessante e compensador, coisa que só o acaso, o inesperado, pode dar. Sempre preferi a coincidência ao planejado.

Fato é que estou, finalmente, disposto a mudar isso. Decidi colocar algum plano na cabeça e trabalhar ao longo de 2011 para concretizá-lo. Não se trata de promessa, é uma meta. Nestes últimos dias de 2010, vou tratar de descobrir o que mais quero do próximo ano, e tecer uma estratégia para alcançar. Pode ser divertido, quem sabe até dar certo.

Para 2011, minha meta é ter uma.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Inspiração malandra

Foi obra do acaso, mas juro que descobri a melhor forma de encontrar inspiração. Deu tão certo, que vai virar modus operandi deste blogueiro. Tem tudo para ser o fim dos documentos do Word em branco olhando pra mim. A técnica é simples: desligar o notebook do carregador, deixando-o só na bateria.

É incrível. A inspiração vai subindo enquanto o medidor do status da bateria desce. Quando se torna só um quase imperceptível risquinho azul, o escritor vive momentos de Vinicius de Moraes. Palavras e ideias enfim se encontram umas com as outras na mente do autor, que mal dá conta de tecê-las para o blog, ou o que quer que seja.

Agora, por exemplo, tenho 23 minutos para terminar este texto. Em condições normais, diria “só 23 minutos”. Mas com a bateria se esvaindo, e com ela minha chance de terminar a crônica, esse mesmo tempo pede até um pequeno intervalo, pra relaxar.

É bom salientar que este método requer um pacto de grande sinceridade do escritor consigo mesmo: sob hipótese alguma ele irá buscar o carregador - onde quer que este esteja - após o último suspiro da bateria.

Acredito que essa fórmula não sirva apenas para o parto do texto, mas sim que se aplique a qualquer trabalho realizado em frente ao computador. Por isso, mais do que um relato pessoal, fica a dica para todos os amigos leitores: uma bateria que se esvai resolve o problema.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um Fusca, um lar e 60 idosos

*Matéria publicada na edição de 19 de dezembro de Zero Hora.

Um Fusca marrom, ano 1973, é o carro mais famoso de Bento Gonçalves, na Serra. Por ter servido a Anna Variani, que diariamente o guiava entre sua casa e o lar de idosos que fundou e ajudou a manter até sua morte, em 2009, apareceu em programas de TV, como o Globo Repórter e o Programa do Jô. Um ano após a morte da proprietária, o veículo ainda não parou de servir aos velhinhos. Será oferecido como prêmio em uma rifa, cuja arrecadação servirá para ampliar a estrutura da casa que hoje abriga 60 idosos.

Essa não é a primeira ação promovida na tentativa de contribuir com a instituição. Em outubro, foi promovido um leilão do veículo – doado pelos herdeiros de Anna – cujo lance inicial era de R$ 15 mil. Embora algumas pessoas tenham comparecido, nenhum lance foi feito.

– Com a repercussão do leilão nos dias seguintes, recebemos três propostas no valor mínimo, mas precisamos obter uma quantia maior. Com a rifa, acredito que será mais facil – afirma a diretora do Lar do Ancião de Bento Gonçalves, Lourdes de Souza, 69 anos.

O objetivo da mobilização é construir uma área de lazer para os idosos, que hoje passam boa parte dos dias reunidos em uma sala de 40 metros quadrados. Com o projeto inicial orçado em R$ 80 mil, os envolvidos esperam obter pelo menos metade dos recursos com a rifa, prevista para fevereiro. Ainda que a casa precise de outras melhorias, a construção é considerada prioridade.

– Temos alguns cadeirantes, que ficam constrangidos em não poder participar das atividades físicas. Outros que reclamam do barulho durante as brincadeiras, pois querem assistir à TV. Com todos no mesmo espaço, dificulta também o trabalho dos nossos enfermeiros e fisioterapeutas – justifica Lourdes.

Ninguém tem dúvidas de que Anna Variani aprovaria ver seu Fusca ajudando a melhorar a vida dos idosos. A dedicação que ela dispensava aos velhinhos nunca será esquecida. Há quatro anos vivendo no Lar, Nair Ogliari, 77 anos, lembra da amiga com emoção.

– Antes de dormir, ela sempre ia aos quartos ver como a gente estava e desejava boa noite. Não conheci ninguém como ela – conta. Outros 59 certamente dizem o mesmo.

*Fotos de Fabiano Mazzotti

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Enquete nova

Atuante como sempre nos assuntos de maior relevância social, este blog não poderia ficar de fora da acirrada discussão que irá tomar conta da pauta de discussões nos próximos meses:

Qual gaúcho será o primeiro tricampeão da Libertadores da América?

Por isso, o amigo leitor já pode manifestar sua opinião, ou sua torcida, na enquete ao lado. E comentem aqui.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Contar histórias

Não sei dizer o que move outros profissionais no exercíco de seus trabalhos, em suas respectivas áreas. Creio que o médico, por exemplo, seja movido pelo prazer de chegar em casa com a sensação de que ajudou alguém, de que talvez tenha salvo uma vida. E nessa noite ele dorme bem e feliz.

Quanto ao jornalista, acho que nosso motor é a perspectiva de contar uma boa história. Temos uma boa noite de sonho quando estamos envolvidos em uma pauta (como chamamos os assuntos que irão virar notícia) que irá despertar grande interesse, uma história que as pessoas precisam conhecer, e que bom que elas terão conhecimento pelo nosso ponto de vista.

Desde as primeiras reportagens que escrevi, lá no Portal3, vivia noites de muita expectativa com os assuntos que estava apurando. Assuntos pequenos, de interesse restrito, mas bem curiosos. Teve a invasão nordestina no campus (no bom sentido); a vida dos professores de jornalismo que tentam (ou desistem de) conciliar a vida na redação com a acadêmica; a investigação sobre o que deveria mudar no mercado para os jornalistas após a queda da obrigatoriedade do diploma.

Enquanto apurava e escrevia todas elas, pensava em poucas coisas que não fossem relacionadas a estes temas. A forma como a reportagem envolve o repórter é um dos baratos da profissão, embora a constante frustração com um assunto que rende menos que o esperado seja inversamente proporcional.

Essa semana, por exemplo, apareceu uma história legal pra contar. Comecei hoje a colher algumas informações bem preliminares, ir atrás dos primeiros contatos, esboçar as primeiras linhas. Até quinta terá que estar pronta. Até quinta, eu e essa história somos um só.

De hoje até quinta, andarei por aí tentando conter o sorriso do cara que tem uma história pra contar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do baú

Escrevi há alguns dias aqui sobre minhas primeiras crônicas. Sobre textos que, se não são nenhum primor estético, têm lá sua importância por terem sido o início do eterno treinamento da escrita.

Pois bem. Revirando no baú virtual que só meus filhos e netos terão acesso um dia, procurando pela primeira crônica - que não encontrei (mas minha mãe deve ter) -, achei este texto, escrito e publicado em março de 2006, no primeiro blog que tive.

Por ter sido um de meus primeiros textos com alguma pretensão de cronista - e por trazer como personagens alguns grandes amigos - terei por ele sempre um carinho especial. Ei-lo abaixo (sem edição ou correções):


Retrato da noite de cinco desempregados, sentados à mesa de um bar
Personagens: Andrei, Juliano, Pooh, Renan e Rafael. Local: Tertúlia Bar.

O combinado era cada um comprar duas latinhas no Tertúlia e voltar pra casa do Rafael. Estávamos em nove. Mas por hábito, nos sentamos e pedimos a primeira cerveja. Por mera ocasião da coincidência ou do infortúnio, os cinco desempregados ocuparam os cinco lugares da mesma mesa. Já estávamos com a conta estourada pelos excessos carnaval, logo, não poderíamos nos exceder. Mesmo assim, vieram ainda a segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, até que a matemática financeira começou a pesar.

A partir de então, cada nova garrafa que chegava à mesa era vista e tratada como uma nova conquista. Uma amarga vitória do impulso contra a lógica, da emoção contra a razão, nos infaustos campos de batalha da consciência. Os amigos da outra mesa, bem empregados, já pouco bebiam, talvez por não haver a necessidade do sacrifício, da doação de si para os amigos, da prova de amizade incondicional.

Na nossa mesa, as coisas iam bem. A partir da décima Polar, as seguintes já traziam consigo as contas do pessoal. Não a soma das cervejas da noite, e sim, as do mês. Contas frias e calculistas, exageradas na impessoalidade dos algarismos e da tinta azul das máquinas registradoras. Cada novo papelzinho que chegava era passado à frente dos olhos de todos como um símbolo de contemplação que relembraria nossos fins-de-semana e feriado de carnaval.

A estas alturas já aparecera ao meu lado o Eduardo, amigo bem empregado, com a função de responder por nossos atos e dar à nossa mesa – a dos devedores - um pingo de credibilidade junto aos garçons. Uma ou duas rodadas depois, o bar fechou e fomos para o lago curtir o amanhecer de mais uma noite da juventude.

Já decidi, e devo ainda propor aos meus colegas de mesa. Mesmo depois de pagas, nossas contas do Tertúlia serão carinhosamente guardadas, tal como cartas, bilhetes, souvenires, qualquer coisa destas que nos remetem aos melhores dias da nossa vida.

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É uma pena esquecermos boa parte do conteúdo despejado da boca pra fora numa noite dessas. Perdem-se as mais curiosas pérolas das relações interpessoais. Mas lembro de comentar com o Pooh sobre os clichês que invariavelmente usamos quando um encontro entre amigos chega ao fim. Bordões clássicos como: “Amanhã à tarde vamos tomar uma ceva. Cada um da cinco, a gente compra uma caixa e vai pro lago, blá, blá, blá...” Ou, melhor ainda: “Amanhã vamos fazer um som na tua casa”. Essa sempre rola quando há dois ou mais músicos na mesa. Incrível e infalível.

Refletindo a respeito destes e outros piores, concluímos ser isso uma maneira de não querer aceitar que a noite chegou ao fim, e que no dia seguinte nossa vida cotidiana voltará à eterna repetição dos dias. Para isso criamos, na intenção de dar à noite algum sentido a mais, uma pendência qualquer para o dia seguinte, mesmo sabendo que esta não se consumará e que as idéias noturnas terão sido em vão.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os menores prazeres do mundo

Numa dessas de clicar em qualquer link que aparece na frente, de forma quase automática, acabei descobrindo uma idéia muito legal.

Trata-se de um site que lista “1000 coisas fantásticas”. É o site que promove um livro com o mesmo nome, em inglês. Aliás, todo o conteúdo está em inglês. Mas o interessante é a ideia. Pois são listadas coisas muito simples, triviais, corriqueiras, mas que fazem do dia-a-dia uma coisa tão imperceptivelmente maravilhosa.

Por exemplo, estar sentado na primeira mesa que é chamada para se servir num jantar de casamento (item 992); alimentos que requerem uma pilha de guardanapos (972); dormir com uma perna coberta e outra descoberta (717); fazer uma pessoa rir quando ela está de boca cheia (700); voltar para a cama quentinha depois de ir fazer xixi no meio da noite (810); cheiro de lápis (805); atores feios (883).

Não sou um adepto da literatura de autoajuda, nem sei se é este o propósito do tal livro, mas só a ideia já me autoajudou muito. Poder pensar em vários detalhes dos detalhes que me deixam mais feliz, sem que eu nem perceba. Belas panturrilhas femininas, por exemplo. Vê-las andando pela rua me causa um singelo ar de contentamento.

E a cerveja em promoção? A pilha de roupas dobradas pela mãe no guarda-roupas? O cheiro de livro novo? Não mudam a vida de ninguém, mas são sensações de alegria tão intensas quanto efêmeras, e que estão aí, no dia-a-dia, passando desapercebidas. Estamos sendo felizes sem notar, tendo milhares de sensações boas num único dia.

Agora mesmo, vou me divertir elaborando mais uma lista. A dos menores prazeres da minha vida. Um dia publico.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Renato e mais 11

Sinceramente, não acredito que a vaga na Libertadores venha para o Grêmio na quarta-feira. Acho que o Goiás segura o Independiente na Argentina, leva a Sul-Americana, e, consequentemente, a última vaga brasileira. Paciência. Com ou sem vaga, 2011 tem tudo para ser um ótimo ano para os gremistas.

Depois de muito tempo, joga no Olímpico um ótimo lateral-direito, Gabriel. Chega de sofríveis improvisações naquele setor. Na zaga, daria para manter Paulão e Rafael Marques, mas ainda há Mário Fernandes, retornando de uma longa parada por lesão. Talvez saia o Rafael, para virar uma boa opção no banco. Na lateral-esquerda, é bom dar uma chance para o Gilson. Apostar no Fábio Santos mais uma vez é um risco desnecessário. Banco pra ele.

Ente os meio-campistas, gostaria de ver o William Magrão voltando aos não tão velhos tempos de volante-goleador de 2008. O Adilson melhorou, mas em mais de 100 jogos, marcou apenas um gol. Ainda se marcasse como um Sandro Goiano, mas nem isso. Na outra vaga, Rochemback é o cara.

Na armação, Lúcio e Douglas . Simples. Um corre, o outro pensa, não tem combinação melhor no futebol. Falta um bom reserva para o camisa 10, e aí talvez esteja a necessidade mais urgente de contratação. Difícil confiar no Souza, no Leandro, no Maylson.

O ataque vai ter uma briga boa com a volta do Borges, mas acho que André Lima e Jonas devem continuar como dupla titular, principalmente se nossa realidade for mesmo a Copa do Brasil. Pintando Libertadores, acho que a direção deve tentar um desses caras que fazem a diferença em jogos decisivos. Como todo respeito ao Jonas.

E, no comando, Renato não se discute. O Grêmio 2011 é, antes de tudo, Renato e mais 11.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Meus livros preferidos

8º – Pergunte ao pó, de John Fante

John Fante, escritor que inspirou nada menos do que Charles Bukowski, conseguiu, em Pergunte ao Pó, criar o personagem mais próximo de um ser humano a literatura já me apresentou. O ítalo-americano Arturo Bandini é como um amigo meu, sei tudo sobre ele, compreendo suas atitudes, rio das suas frases espirituosas e sacadas geniais, principalmente dirigidas a bem esculpidas garçonetes mexicanas.

Escritor fracassado - mas que esporadicamente emplaca um conto em alguma revista barata e consegue uns trocados - e que, quando o leitor/amigo acha que ele vai ficar numa boa, torra toda a grana que recebeu em um terno novo ou no vinho mais caro que consegue encontrar. E volta para a pobreza, que o leva a uma enorme reflexão quanto a se deve ou não roubar uma garrafa de leite do leiteiro quando este estiver fazendo entregas pela vizinhança.

Mesmo tendo apenas um texto de relativo sucesso literário, intitulado O cachorrinho riu, Bandini se considera o maior escritor vivo desde James Joyce. Nutre um certo desprezo por autores contemporâneos a ele. Vai até a igreja se desculpar com Deus por ser ateu, pedindo que, uma vez que Ele exista, apenas faça a mãe dele feliz, “pois ela se preocupa tanto”.

Nem só em Pergunte ao Pó, que é de 1939, encontramos Bandini. Ele também está em Espere a primavera, Bandini (óbvio), O Caminho e Los Angeles, entre outros. Todos ótimos, dramáticos e cômicos na mesma medida.

Há uma adaptação para o cinema de Pergunte Ao Pó, com o Collin Farrell e a Salma Hayek. É bem razoável, mas não mais do que isso. Fique sempre com o livro.

Obs: Piada que li por aí: após a ocupação policial no Complexo do Alemão, Bandini, ao invés de perguntar ao pó, terá que perguntar ao Bope. As letras também rendem um bom humor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lembrar, viver, imaginar

Cabe à memória torna melhor tudo o que vivemos. Não sou eu quem afirma isso. Alguém já disse e eu já ouvi, ou li por aí. Apenas concordo. É uma romântica, a memória, e isso digo eu.

Também a imaginação, ligada intimamente a tudo que lembramos, busca tornar tudo um pouco melhor. Principalmente o que está ausente, pois, de tudo que se faz ausente, só contamos com memória e imaginação para reviver.

Pessoas ausentes são melhores do que presentes, graças à memória ou a imaginação? Se nossa vida um dia já foi melhor, culpa do presente ou da memória, que disfarça aquilo que não era tão bom assim?

O famoso refrão diz que recordar é viver. Por isso gosto de recordar. Para viver melhor. E com algum romantismo.

As pessoas que têm tempo para morrer em paz têm em seus últimos dias momentos de grande felicidade. Pois, com a consciência evanescendo, tudo é imaginação misturada com memória. Uma festa.

É à memória de tempos melhores e à imaginação de um futuro igualmente compensador que recorremos sempre que o presente nos tortura.

Lembrar e imaginar. O que de melhor podemos fazer além de viver.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Natal e Ano Novo

Não sei aí, mas aqui já sinto o clima natalino Como eu gosto do Natal. Ao mesmo tempo em que o Ano Novo não me diz quase nada, o Natal me diz muito. Gosto até das músicas, e até quando cantadas por corais infantis desafinados. Gosto dos papais-noéis que cantam roboticamente nas portas das lojas, em vários idiomas.

O Natal é tão legal que não deveria ser no verão, a menos apropriada das estações para momentos reflexivos. Natal é festejar e refletir na mesma medida. Não deveríamos ser privado da neve que cai no Natal, como nos filmes, por exemplo, que me dão tanta inveja.

Gosto de distribuir simpáticos votos de Feliz Natal, desde os dias que antecedem as comemorações. Principalmente para aqueles que nem conheço, como a atendente do supermercado, o garçom, o motorista do ônibus.

Não sei dizer o porquê de ser tão indiferente às comemorações pela virada de ano. Na organização das escalas de folga nestas duas datas, provavelmente fui dos primeiros a pedir para folgar no Natal. Dei sorte de ter uma colega que pensa exatamente o contrário, e que faz questão de folgar no último dia do ano. Não poderia dar mais certo.

Sobre isso tudo, acho que ainda vale para este ano o que escrevi mais ou menos nessa época, há um ano, em outro espaço: O último dia do ano tem sempre cara de domingo, pois não sai da minha cabeça que o ano que vem será uma grande segunda-feira.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pedras nos rins

O jornalista e escritor Gay Talese, que sabe tudo de ambos os ofícios, diz que escreve com a facilidade com que um paciente expele uma pedra no rim. Me identifiquei com essa frase assim que a li. Também sofro para escrever, e, até então, sempre achava o trabalho de parto a melhor figura para ilustrar esse sofrimento. Mas expelir uma pedra no rim deve ser, realmente, um trabalho árduo.

E foi com essas complicações todas que, na madrugada de ontem, após um longo papo futebolístico via twitter com o amigo Pedro Ivo, consegui escrever e liberar esta matéria que segue abaixo. É um perfil da Garota Verão de Bento Gonçalves, feito para o clicBento, mas que acho bacana publicar aqui, assim como outras reportagens que fiz ao longo dessa vida, que me são tão ou mais caras do que as crônicas mais bem aceitas pelos amigos leitores.


1,67m, manequim 34 e simpatia 10


Segunda-feira, 22 de novembro, foi o dia em que Juli Vargas Pegoraro, viveu momentos de celebridade na escola Mestre Santa Bárbara, no bairro Humaitá. Graças à diretora, que, pelo sistema de alto-falantes, espalhou pelos corredores a notícia de que a menina era a nova Garota Verão de Bento Gonçalves.

Na mesma hora, os cumprimentos, que até então vinham dos amigos e da família, passaram a vir também daqueles que ela mal conhecia. É o que esta tímida e simpática moreninha de 15 anos, vencedora do concurso da última sexta-feira, define apenas como algo “um pouco estranho”.

Acompanhada da mãe, Cleonice, em visita à sucursal da RBS na tarde do dia em que se tornou a mais conhecida aluna do colégio, Juli contou que a ideia de concorrer veio durante uma aula de química, em que a organização do Garota Verão esteve divulgando evento nas salas de aula.

- Nunca tinha pensado nisso, sequer tinha desfilado algum dia na vida. Mas minhas colegas deram a idéia e insistiram tanto, até que eu topei participar.– conta.


Cursando o 1º ano do Ensino Médio, Juli vive a expectativa de começar em seu primeiro emprego, na área de recursos humanos de uma fábrica de móveis de Bento. Do futuro, já sabe o que quer: ser arquiteta. Isso porque adora desenhar, desde pequena. Outro sonho é morar no exterior, a exemplo da irmã mais velha, Danúbia, 26, que há cinco anos vive nos Estados Unidos. Mas s caçula prefere Londres.

Falando em preferências, ela adora escrever. Tem um blog, no qual escreve sobre tudo, desde música e moda, até frases e textos mais pessoais. Gosta de todo tipo de música, e está aprendendo a tocar violão. Curte literatura, e, quando é pra responder sobre seu livro preferido, na mesma hora cita A Arte de Correr na Chuva, de Garth Stein.

Nos próximos meses, a menina de 1,67m e manequim 34 estará vivendo a expectativa de participar da etapa regional do Garota Verão, que será em fevereiro de 2011, em Antônio Prado. Se tudo der certo, o próximo passo é a final estadual, em Capão da Canoa.

Para fevereiro, a torcida deve ser ainda maior do que a que levou o prêmio de mais animada na noite da primeira conquista.

- Convidamos só umas 15 pessoas, na hora apareceram outras 15, talvez mais, a maioria amigos de amigos entusiasmados – conta a mãe, torcedora número 1, que delegou a chefia da torcida à filha Bruna, 22.

Como se vê, a família está unida, torcendo muito para que Juli sinta novamente a sensação “inexplicável”, segundo ela, de ter seu nome anunciado como escolhida pelos jurados. A faixa que decorou o salão do clube Botafogo no dia do concurso, agora enfeita a sala dos Pegoraro. Certamente, também à espera de novas comemorações.

domingo, 21 de novembro de 2010

Dica

Convido os amigos leitores a prestigiar uma idéia bacana deste blogueiro. No clicBento, uma série de matérias vai falar da vida do pessoal que saiu da cidade pra se aventurar no exterior.

São entrevistas legais, que resultam em matérias divertidas de escrever e, acredito, boas de ler. A primeira história é da Bruna Fiorentin, que, desde junho, está morando e estudando na França.

Cliquem aqui pra ler: A vida de uma bento-parisiense

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para escrever bem

É preciso escrever muito para escrever bem. Exige-se passar um bom tempo escrevendo mal, sem nunca desistir, para dar à luz bons textos. Começa-se sofrivelmente, mas aos poucos, as ideias vão encontrando as frases certas que melhor poderão expressá-las.

Só com o tempo e muitas páginas escritas surge aquilo que é importante para quem escreve: o estilo. Um escritor com estilo vale muito mais que o mais erudito. Quem quer escrever deve buscar sempre o estilo, muito mais do que a erudição e o refinamento. Como alguém que nutre certa afeição pela escrita – ainda que longe de ser escritor - posso dizer que é sempre isso que persigo: o estilo.

Todos que gostam de escrever devem sentir um misto de orgulho e vergonha por seus primeiros escritos. A cada vez que deparamos com eles, tratamos de torná-lo um segredo mais profundo, quanto mais o tempo passa.

Não lembro exatamente quando e porque comecei a escrever. Mas comecei com letras de música, depois preenchi um ou dois cadernos com poesias e ensaiei um romance, até chegar à crônica, que hoje é o que mais gosto de fazer, além de reportagens. Até alguns minicontos integram meu espólio textual.

Minha primeira crônica repousa na minha memória como uma ilha, sem nenhum vínculo aparente com qualquer outro acontecimento. Mas é um texto bacana, que ainda hoje me agrada , ao contrário de toda a “obra” como letrista e poeta, que, naturalmente, achava fantástica quando escrevia, mas hoje vejo o tamanho do equívoco que seria tê-la inscrito naquele tempo em qualquer premiação musical ou literária. Porque, como depois descobri, ainda não tinha escrito o bastante. E ainda não sei se escrevi. Mas hei de escrever.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As 10 do Pearl Jam

Das 10,4 horas divididas em 161 músicas que tenho do Pearl Jam no computador, fazer uma lista poderia ser muito difícil. Ou muito fácil, como, de fato, foi. São essas e ponto. E, como em toda boa lsita, essa vale principalmente pelas que ficam de fora, pois cada um tem suas preferidas, tem aquelas que não gosta. Confiram aí:


Off He Goes
A letra é bonita, assim como a introdução, da mesma forma que a linha vocal. A versão do Live On Two Legs é a melhor. Sempre me emociona de alguma forma, por um pouco de tudo isso que ela tem. Está no mediano álbum No Code.
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Can’t Keep
A melhor do pouco inspirado (opinião, amigos) álbum Riot Act. Mas, ao lado de I Am Mine, faz com que valha a pena tê-lo na prateleira, ou no HD. Aliás, posso ser um pouco radical, mas é a última música lançada pelo Pearl Jam que eu realmente curti. Os álbuns seguintes, Pearl Jam (2006) e Backspacer (2009), decepcionaram totalmente esse fã.
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Even Flow
Porque não dá para fugir dos clássicos. Gostar do Pearl Jam é gostar de Even Flow, Alive, Black, Jeremy, Daughter, até enjoar de todas elas e partir para novas descobertas.
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Nothing as it seems
Era a música preferida de uma ex-namorada, lá pelos idos de 2004. Coincidentemente, era a música do Pearl Jam que eu sabia tocar no violão. E foi por isso que nos conhecemos. Olha que história legal.
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Animal
Introdução nervosa, como o verdadeiro animal sugerido pelo título da música. No show em POA, em 2005, foi a 3ª do setlist. E a primeira que eu reconheci e vibrei. Também por isso, marcou bastante. Está num dos melhores álbuns da banda, que é o Vs.
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Corduroy
É das mais empolgantes, e ser empolgante conta muito. A melhor versão também está no Live On Two Legs. Está no Vitalogy, álbum que não é dos mais conceituados, mas que também tem Better Man e Immortality, que são ótimas.
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Low Light
Baladinha acústica muito legal do Yield. Até eu sei tocar no violão, porque é bem simples. Refrão bem arrastado, bom de cantar. Uma das minhas preferidas não só da banda, mas dessas dez que estão na lista.
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Blood
Uma das mais pesadas, considerando que Pearl Jam não é, exatamente, uma banda de sons pesados. Riff bem sujo, vocal rasgado, bateria pegada. Legal o Eddie Vedder berrando “Here’s my blood” várias vezes. Também está no Vs.
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Porch
É do primeiro álbum, Ten, e não chegou a virar um clássico da banda, ao contrário de quase todas as outras. Mas é muito legal, apesar de arrastar um pouquinho lá pelos idos de um minuto e meio, na hora do solo. Mas nada que comprometa.
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Given To Fly
Acho que esta música do Yield é a que mais ouvi até hoje do Pearl Jam. Viciado, mesmo. Exerce algum efeito psicológico, me deixa mais animado, mais ou menos como “Going Up The Country, do Canned Heat (sem comparar as músicas, só o efeito). É terapêutica, tem que ouvir sempre.
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domingo, 7 de novembro de 2010

Um brinde, presidente

Um dos princípios que a faculdade de Jornalismo tenta ensinar é sempre evitar a tietagem. Pois o profissionalismo exige distanciamento entre o jornalista e sua fonte. Mas nem todos aprendem. Eu, por exemplo, não deixo passar a oportunidade de tirar uma foto, bater um papo com alguém que admiro. Como o presidente eleito do Grêmio, Paulo Odone, por exemplo, que encontrei em uma festa em Bento na última sexta-feira.

Simpático e com boas doses de espumante no sangue, o presidente dançava animado com sua esposa ao som dos Golden Boys, quando o blogueiro aqui chegou, também com boa taxa de álcool no sangue, propondo um brinde ao Grêmio de Renato Gaúcho (também uma provocação, pois não é certo que a gestão de Odone vá manter o atual treinador no cargo). Solícitos, o comandante maior da Batalha dos Aflitos e sua esposa não só aceitaram o brinde como também a senhora Odone tirou essa foto que ilustra a postagem.

Por alguns minutos, vi minha credibilidade jornalística ir pelo ralo. Mas nada que uma boa dose a mais não fizesse esquecer. Tudo para desejar um bom ano de 2011 ao tricolor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eis o verão

Não adianta. O verão me tira toda a inspiração. Formalmente, ainda deve ser primavera, mas não adianta: esquentou, pra mim é verão.

Meu cérebro não funciona sob o forte calor desta estação. Cada linha requer um desgastante trabalho de parto para sair da cabeça para o computador.

O verão desfavorece a contemplação da vida, principal matéria-prima das minhas crônicas.

Reconheço as coisas boas no verão: cervejas congelando, vestidos esvoaçantes, noites de passear pela rua. Mas paro por aí. Todo o resto é sofrimento, no verão.

E difícil ser feliz nesta estação que ainda nem começou.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Insônia

Tenho minhas noites de insônia. Muitas, até. Mas não diria que sofro de insônia, pois, embora suas consequências atrapalhem um pouco o meu dia seguinte, ela me rende momentos muito produtivos, em que muitas das coisas que o dia obscurece, curiosamente,de noite se esclarecem.

Bons textos meus são frutos de noites insones. Forjados no celular, em folhas de cadernos antigos ou até no verso de documentos importantes.

Também tomo decisões importantes enquanto o sono nãose apresenta. Geralmente esqueço delas no dia seguinte, mas ainda assim, são importantes, definitivas, dou novos rumos para minha vida esperando pelo sono. E quando ele vem, leva embora.

Vejo o filme da minha vida quase todas as noites. E sempre parece um filme novo, por mais que se repita.

Não sei vocês, mas a euforia me deixa mais insone que a depressão. Quando estou triste, durmo fácil. Não me empolgo para fazer planos, lembrar bons momentos, tomar decisões, nem escrever. Se estou feliz, fico inquieto, de mente (sem trocadilhos) e corpo. E então,custo a dormir.

Dormir é bom. E com preliminares é ainda melhor.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pequenas exigências

Costumo dizer que tudo o que exijo de uma cidade são um ou dois bons bares e uma ou duas boas padarias. Não mais do que isso. Sou pouco exigente. Também não morei em muitas cidades, apenas três – São Chico, São Leopoldo e Bento -, e, no que diz respeito a estas questões, tenho pouco do me queixar. Sempre tive um bar pra socializar, uma padaria para me encher de doces.

Mas há dias venho pensando que vale acrescentar aí uma última exigência, que até agora só Bento conseguiu cumprir: um bom espaço para a vida cultural da cidade acontecer. Nada demais, nada muito grande e complexo, nada muito caro.

Queria que em todo lugar tivesse um espaço onde, pelo menos, o grupo de teatro pudesse ensaiar, as bandas, tocar, onde professores de arte pudessem dar suas aulas, fotógrafos e pintores organizassem exposições, e, eventualmente, ocorresse por lá eventos como feira do livro, oficinas diversas, palestras, coisas assim...não ia ser bacana? E não me parece tão difícil assim. Teria o tamanho que cada cidade comportasse.

Em menos de dois meses que estou por aqui, já vi coisas muito bacanas na Casa das Artes - fundação ligada à Secretaria de Cultura de Bento - e de diversas áreas: shows musicais grandes, médios e pequenos, lançamentos de livros, exposições de fotos, oficinas de todos os instrumentos possíveis (na Semana da Música), apresentação de orquestra, exibições de filmes, e olha que saio pouco de casa.

Difícil aplicar tudo isso a outra cidade, pois é fato que até uma Secretaria de Cultura não é algo comum (já testemunhei a tentativa de criação de uma, que não foi nada bem sucedida). Geralmente, é uma secretaria que vem associada a uma infinidade de outros nomes: “Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Lazer”, por exemplo. Isso sufoca e inibe a cultura, só pode ser ruim. Talvez o primeiro passo esteja justamente aí: em cada município, dar à cultura um nome próprio. E depois um local.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

clicBento já está no ar!

Provando que este jornalista não vive apenas de escrever para o seu blog, compartilho com os amigos leitores minha nova empreitada (que já anuncio aqui há tempos), que é o clicRBS Bento Gonçalves: http://www.clicrbsbentogoncalves.com.br

Acessem, leiam, saibam o que que rola nesta cidade tão bacana onde passo parte dos meus 20 e poucos anos. Bom fim de semana a todos!


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Minha maior sorte

Dia desses, conversando com um amigo (já notaram que sempre começo assim?), contava a ele sobre tudo o que costumava fazer quando ia para casa (São Chico). Principalmente a rotina de encontrar velhos conhecidos, matar a saudade, essas coisas que pra mim são tão comuns. Foi quando, em notável tom de lamento, ele disse que me invejava, pois essa era uma experiência que fazia muita falta em sua vida: a de ter amigos de infância. Não um ou dois, que até os tinha, mas vários, uma turma. Como o blogueiro aqui tem.

Atribuiu a isso o fato de ter nascido e se criado na cidade grande, onde os vínculos são mais difíceis de serem mantidos. Dizia que aqueles nascidos e se criados em capitais geralmente perdem algo importante, esse relação fácil e quase inevitável com os amigos de infância. Por vários motivos: ou moram longe, ou mudam de escola com maior freqüência, ou se afastam depois de crescidos. E eu ainda complementei dizendo que, no interior, até se afastar é difícil, pois estamos sempre esbarrando nos velhos conhecidos, querendo ou não.

Vivi exatos 87% da minha vida na minha cidade natal e querida, de 20 mil habitantes. E desde que saí, não passei mais do que um mês sem visitar o que deixei por lá: mãe, família, amigos, meus gatos, até lugares queridos. São partes de mim, da mesma forma que acredito ser parte deles. São aquilo com que me importo, minha preocupação frequente, onde sei que posso sempre buscar um pouco mais de felicidade.

Não digo que lá é que fui mais feliz, que pra lá quero voltar a viver, que estou triste aqui. Algumas coisas daqui de fora não existem lá, e são importantes também. A felicidade está sempre nas medidas certas, também entre a saudade e o reencontro. Só digo que não vivo sem essas ligações.

Sei que posso estar enganado e vir a receber muitos exemplos contrários. O orgulho de ser provinciano pode fazer com que eu ache meus Campos de Cima da Serra melhor em tudo. Mas tão logo ouvi aquela confissão de meu amigo, meu ego inflou de felicidade, porque ia de encontro com algo que sempre pensei. Essa incomparável sorte de pertencer a uma pequena comunidade. E não vejo como trocaria isso por qualquer outra coisa na vida.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um reencontro emocionante

Não sei se os amigos leitores já ficaram sabendo, mas, de qualquer forma, vale muito registrar por aqui o inesperado reencontro entre Axl Rose e o ex-baixista do Guns N' Roses Duff McKagan, na última quinta-feira, em Londres. O local foi a O2 Arena, curiosamente, o mesmo que marcou o reencontro do Led Zeppelin, em 2007.

Para mim, só assistir pelo Youtube já foi emocionante. Sei que não sou o único por aqui que curte a banda, e, consequentemente, não o único a querer vê-los juntos novamente. Pena que, principalmente pelas brigas entre Axl e Slash, parece quase impossível. Mas para os fãs, imaginar, por si só, já vale a pena.

sábado, 16 de outubro de 2010

Meus livros preferidos

9º – A sangue frio, de Truman Capote

O chamado “jornalismo literário” é a minha literatura preferida. E talvez o horizonte do jornalismo que mais tenha me prendido à profissão (e se eu um dia voltar aos bancos universitários, provavelmente será para uma especialização nesta área). É o gênero que, entre outras coisas, abraça o chamado livro-reportagem e/ou romance de não-ficção. É a reportagem feita com elementos da literatura, ou a literatura feita em cima de uma investigação jornalística.

São histórias que, por diversos motivos, não cabem nas páginas de um jornal ou uma revista (principalmente pro serem boas demais para cair no ostracismo no dia seguinte). E quando o escritor é bom, geralmente supera qualquer obra de ficção.

No Brasil, os livros do Caco Barcellos (Rota 66 e Abusado) são bons exemplos desse gênero. No mundo, um dos grandes momentos, sem dúvidas, é a publicação de A Sangue Frio (surpreendentemente boa tradução do título original In Cold Blood), do norte-americano Truman Capote.

Muitos escritores consagrados, dos melhores mesmo, já beberam da fonte do jornalismo literário, a maioria por ter começado a carreira como jornalista. Gabriel García Márquez (Notícia de um sequestro, Relato de um náufrago, etc), Norman Mailer (A Luta), Graciliano Ramos (Os sertões), entre outros.

Em A Sangue Frio, o grande barato foi Capote ter conseguido fazer a maior tempestade de um aparente copo d’água. A partir de uma pequena notícia de canto de página de um jornal – sobre uma família assassinada friamente em uma vila americana – ampliou o assunto até construir uma das maiores reportagens da história - provavelmente a mais bem escrita, pela qualidade do seu texto. E abriu caminhos para que outros autores fizessem o mesmo. Buscassem no aparentemente banal, histórias extraordinárias.

A Sangue Frio é de tirar o fôlego. É daqueles de ler sem parar (poucos livros são capazes de me fazer ler compulsivamente), principalmente pelo ritmo que Capote imprime à angustiante narrativa, seja quando escreve pela perspectiva dos assassinos em fuga, seja quando assume o ponto de vista dos policiais, e, principalmente, quando reconstitui o momento do assassinato dos cinco membros da família Clutter.

Não é um livro bom apenas por este ponde-de-vista jornalístico. É tão bom quanto os melhores romances policiais. E absurdamente real.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Enquete nova chegando

Aproveitando a inquietação manifestada no Twitter pela amiga Camila Dalzoto (@kkdalzoto), trouxe pra o Blog, em forma de enquete, a polêmica questão: o que fazer, viver ou juntar dinheiro?

No próprio twitter, já manifestei meu voto: juntar dinheiro vivendo. Ou seja, voto nulo...

Votem aí!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu, um viking

Em breve, terei uma boa explicação para a foto abaixo.

Bom fim de semana aos amigos leitores.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meus 10 livros preferidos

10º - Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez


Dos autores que compõem a lista dos livros que mais me marcaram até aqui, 24º ano de vida deste blogueiro,o cubano Pedro Juan Gutiérrez talvez seja o menos consagrado, o menos “de domínio público”. Só é conhecido por quem já o leu, ao contrário de um Gabriel García Márquez, ou um Truman Capote, por exemplo, que são ícones que transcendem seu universo de leitores. Não que seja uma raridade, só não é dos mais populares. Nem poderia ser.

Trilogia Suja de Havana foi o primeiro livro do PJG que li, e acredito que tenha escolhido pela capa, pelo nome, não lembro. A primeira impressão que tive, foi a de estar lendo uma versão latinoamericana de Charles Bukowski, um dos meus autores preferidos, que também trata de temas sórdidos, que vão de bebedeiras infernais ao cara trabalhar recolhendo defuntos na rua.

Não vou resenhar o livro, principalmente por não saber fazer isso. Assim como não sei contar porque acho um filme bom ou ruim, E também porque uma boa resenha dá pra achar por aí, como nesse blog aqui. Falando mais sobre o que fez com que eu gostasse tanto de Trilogia, acho que foi a forma como todo o drama narrado por Gutierrez faz qualquer vida mediana parecer feliz. Ou melhor, faz com que consigamos reconhecer a felicidade latente. Juro que, muitas vezes melhorei meu astral só pensando que tudo poderia ser pior, como o autor me mostrou narrando suas experiências enquanto um desempregado já muito além da falência e da perda daquilo que consideramos dignidade.

Escrevendo sobre o submundo da violência, do tráfico, das doenças, das privações, PJG mostra que até o tédio já é uma felicidade. E como não é raro estarmos entediados, achando tudo um saco, e aí que a obra do cubano, em especial Trilogia, ajuda a viver.

Passagens:
"Sexo não é para gente escrupulosa. Sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, de saliva, hálito e cheiros fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é. Se é só ternura e espiritualidade etérea, reduz-se a uma paródia do que poderia ser. Nada" (essa é de uma entrevista do autor e está na contracapa do livro, não da obra em si)


"Aí me ocorreu fazer aquilo que eu gosto sempre: entrar nela por trás e, de pé, fazer com que ela se dobrasse da cintura pra cima. Mas quando ela fez o que eu pedi, suas nádegas se abriram e do cu saiu um grande fedor de merda fresca. Tinha cagado. Sou porco, mas nem tanto. Aquilo me baixou o pau e me deu uma fúria terrível. Num segundo, fui invadido pelo ódio:
- você está cagada, está com a bunda fedendo a merda!
- eu?
- Caralho, você cagou. É uma porca.
- Mais porco é você! Com esse pau fedido, e eu chupei.
- Não é a mesma coisa.
- É igual!
- Você é uma porca ocm esse cu cagado.
- E você é muito fino. Até murchar esse pau. Você nasceu no meio da merda, não se faça de fino.
- Mas não tenho o cu cagado." (Pág.223. Literatura também é isso.)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O incrível caso do sumiço dos atacantes

Alguém lembra o último atacante – atacante mesmo – formado nas categorias de base do Grêmio? Há tempos esta questão me incomoda: o clube revela ótimos meiocampistas (Lucas, Anderson, Carlos Eduardo, Rafael Carioca, Douglas Costa), mas é incapaz de formar um goleador, um atacante de definição, aquele que livraria a direção de investir o que tem e o que não tem para ter um atacante à altura do clube.

Repassando de memória os últimos planteis do Grêmio ano a ano, vejo que, com boa vontade, dá pra considerar Cláudio Pitbull a última revelação tricolor com alguma vocação ofensiva. No ano do rebaixamento, 2004, foi ele um dos únicos a arrancar alguns aplausos da torcida, pelos gols que fazia.

Antes mesmo do Pitbull, não tivemos nada muito animador. Vá lá, consideremos Ronaldinho um atacante, só pra não ficar tão feio e eu não ter que ir mais longe ainda nessa busca. E pós 2004, lembro apenas de jogadores medianos como o rápido Marcelinho (hoje no Avaí) e o Everton (que passou pelo Inter e agora está no Bahia). E creio que até chegarmos a Bergson, em 2010, era isso, não?

Lembro que tínhamos até uma grande promessa, o Fernando Genro, neto do governador eleito e filho da Luciana, goleador na adolescência, mas que, até onde eu sei, já desistiu do futebol. Outro candidato a novo Jonas, o Rafael Martins, que empilhava gol nas jovens defesas adversárias, também não deu em nada. Para 2011 também não se fala em ninguém, e olha que os jornalistas esportivos adoram dar uma de olheiros.

Menos mal que nesses anos todos bons atacantes têm sido contratados, como o Rômulo, em 2006, o Maxi López, em 2009, e até o Jonas, entre idas e vindas. Mas quando o Grêmio terá, enfim, um atacante para chamar de seu?

sábado, 2 de outubro de 2010

As roupas caseiras

Abençoadas sejam as roupas de ficar em casa. Estas que convivem com a nossa preguiça, com a nossa moleza pós-expediente, com a nossa ressaca de fim de semana.

Louvado seja o casaquinho do avô, a calça do colégio, a camiseta da turma - que pode ser 81, 82, 301, 303, formandos de 2000, 2001, 2003. Camisetas que insistem em encolher, nunca somos nós que engordamos.

Gosto de blusas com cheiro de mãe; Camisetas com mancha de café; Calça com bolso furado; Bermuda que não fecha na cintura; Moletons que perderam a cor.

Minhas roupas de casa tendem a ser cinzas. Agora mesmo, estou de cinza. Cinza-doméstico daria um bom nome de cor.

As vestimentas caseiras, ao contrário de nós, gostam de domingo. Costuma ser o dia em que elas finalmente vêem a luz quase ao ponto de cegá-las, em contraste com a escuridão do guarda-roupa e o sufocamento pela pilha de roupas que a esmagam, já que elas estão lá embaixo.

De tanto conviver com chinelos, pantufas e meias, as roupas caseiras têm vaga lembrança de tênis ou sapatos. Não gostam de bebida, preferem televisão. Não têm amigos, preferem ficar na frente do computador. Não gostam de sair, preferem o aconchego do lar, junto do dono.

São roupas de estimação.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Algumas linhas sobre Tom Zé

Sou fã do Tom Zé. Mais até do personagem do que do músico, embora também goste do som e das letras impossíveis que o baiano cria. Unindo trabalho e diversão (o que não é sempre que dá pra fazer, como prova matéria com o Fiuk dias atrás), depois do show de ontem escrevi um relato que o Pioneiro aproveitou em seu site. Ei-lo:

“Se o Rio Grande do Sul um dia se separar do Brasil, eu exijo meu passaporte”. Foi com frases como essa que o cantor e compositor Tom Zé ganhou a plateia da Casa das Artes, ontem à noite, no encerramento da II Semana da Música de Bento Gonçalves.

Não que essa seja uma tarefa difícil para este baiano com 50 anos de carreira e mais de 20 álbuns lançados. Em quase duas horas de show, Tom Zé dividiu o tempo entre conversas com o público, - sobre temas que vão da religião ao processo criativo do artista - interações com os integrantes da banda que o acompanha e, claro, os experimentos em cima de sua música.

Após a abertura com 2001 (parceria com Rita Lee), o repertório foi basicamente o mesmo que compõe o álbum ao vivo Pirulito da Ciência, o mais recente do artista que no próximo dia 11 completa 74 anos de idade.

Ora empolgando com a pegada da banda, ora pedindo para que o volume fosse diminuído para que seus discursos, às vezes tão aplaudidos quanto as próprias músicas, fossem melhor ouvidos, Fliperama, Ui! Você inventa, Companheiro Bush e Heim? foram algumas das canções que mais agradaram as mais de 600 pessoas presentes na platéia.

Após o animado forró que marcou o bis, com o espaço entre as primeiras cadeiras e o palco transformado em pista de dança, Tom Zé autografou CD’s e DVD’s no saguão da Casa das Artes, adornado por uma série de caricaturas do protagonista da noite feitas por diferentes cartunistas brasileiros.


Em cinco dias, a II Semana da Música contou com mais de 20 oficinas de diversos instrumentos musicais e shows de artistas locais, regionais e nacionais. O bastante para o baiano dizer: “Na minha Irará não tem essas coisas”.

A fã do Fiuk

Quem me conhece um pouco melhor, sabe que não sou um grande fotógrafo. Longe disso, sou dos piores qu ejá passaram pelas disciplinas de fotografia da Unisinos. Mas ontem sinto que registrei algo bacana. Ou essa fã do Fiuk, aos prantos após ter conseguido o autógrafo do ídolo (tá, um dia ela vai se arrepender) não é uma coisa bela?

A situação se passou na tarde de ontem. Quebrando um galho pro jornal Pioneiro, fui acompanhar a chegada da banda Hori a um hotel de Bento. E entre as cerca de 20 fãs que se acotovelavam para conseguir um autógrafo do filho do Fábio Jr, essa criaturinha emocionada, que, nesse estado, agradecia ao tio por tê-la levado até lá, foi a que mais me chamou a atenção. E salvou a tarde.

Bons ventos no 101

O nº 101 do edifício Dona Rosa, na rua Albino Prass, é o apartamento onde este blogueiro morava em São Leopoldo. E é onde agora mora a amiga Juliana de Brito, ex-colega dos tempos de Portal3 e amiga querida.

Preciso registrar aqui que o apartamento é pé quente. Ainda não faz um mês que a Ju se acomodou por lá, e agora recebo a grande notícia de que ela passa a assinar desde hoje (quinta) o Blog do Torcedor do Grêmio, no portal Globoesporte, onde já escrevia como colaboradora, passando agora a titular do espaço. Ótima notícia! Sinal de que os bons ventos que sopravam no 101, e me fizeram deixá-lo rumo à serra, formado e feliz, agora já sopram em favor da nova moradora.

Não sou nenhum esotérico, mas tampouco vou abdicar da ideia de que o 101 do Dona Rosa traz sorte (mesmo sendo frequentemente visitado por um gato preto). Mas não posso deixar de parafrasear o golfista Tiger Woods, naquela que é uma frase já batida, mas perfeita: "Quanto mais trabalhamos, mais sorte temos". O mérito é todo da Ju. Que além de competente, e muito, escolheu o lugar certo para viver. Parabéns duplo!

domingo, 26 de setembro de 2010

Um pouco de trabalho

Nem tudo são crônicas, listas, comentários futebolísticos e divagações na vida deste blogueiro. Tem um pouquinho de suor também.

A reportagem abaixo está na edição deste domingo do caderno Donna, da Zero Hora, e é a primeira minha publicada no jornal. O assunto é o Taylor's Café, bar já citado outrora aqui no blog. Não vejo problemas em aceitar, desde já, a alcunha de "setorista de boteco".

O sonho americano em São Chico


Uma mulher e uma oportunidade. Na língua de Louis David Taylor Junior, a woman and an opportunity. Esta é a frase pronta que este recente personagem da serra gaúcha oferece àqueles que diariamente o questionam: o que levou este homem a deixar as belezas da Flórida, nos Estados Unidos, para abrir um bar em São Francisco de Paula?

O ano de 2008 foi quando David conheceu, através da rede social Myspace, a gaúcha Lúcia Mylius, sua atual esposa. Coincidia com a forte crise financeira norte-americana, que fazia com que suas comissões como vendedor de áreas de inverno para as casas de Jacksonville, sua cidade natal, ficassem cada vez mais escassas. Em sua primeira visita ao Brasil, a convite de Lúcia, a ideia de investir em um negócio próprio não precisou de muito tempo para se concretizar. Em outubro de 2009, às vésperas de seu 47º aniversário, inaugurou o Taylor’s Café, que, mais do que um bar, tornou-se um legítimo pedaço de território ianque nos Campos de Cima da Serra.

Prova disso não é apenas o fato de David ainda não ter aprendido mais do que meia dúzia de palavras em português. É só entrar no ambiente para ter a impressão de que uma fronteira foi cruzada. Propositalmente, cada canto tem a cara do dono: um tipo motoqueiro /caubói, sempre de chapéu e botas de couro, arriscando um “oi, tudo bom?” para todos que o cumprimentam, bebericando em taças de vinho e dançando atrás do balcão conforme o blues, que pode estar saindo das caixas de som ou dos músicos que tocam ao vivo, muitas vezes formando bandas na hora e no improviso. No fim da noite, ainda participa de disputas de jogo de dardo com os boêmios remanescentes.

Chegando ao Taylor’s Café, invariavelmente encontra-se a televisão ligada em uma partida de futebol americano, baseball ou basquete. Pelas paredes, espalham-se souvenirs como uma miniatura de crocodilo (animal-símbolo da Flórida), uma tabela de basquete, um jogo de dardos e muitas fotos emolduradas. Fotos que são registros do próprio David, recordações de quando jogava futebol americano pelo time da escola (uma jaqueta da equipe também adorna o espaço), na adolescência, ou de seus passeios pela nova casa, “que aprendeu a amar, mesmo pouco sabendo o que se passa a sua volta”, como observa Lúcia.

Porém, mais do que todas as referências patrióticas que saltam aos olhos, é a culinária do Taylor’s (que já inspirou até nome de criança na cidade) o que mais chama a atenção de nativos e turistas que chegam para conhecer o tal “bar do americano”. Além de servir lanches e refeições à moda americana, David importa uma boa quantidade de ingredientes de seu país, como o pepperoni, para pizzas, molho de churrasco, essencial à mesa americana e massa para waffles. A partir disso, o cardápio se desenrola com opções como o All American Burguer, o New Orleans Gumbo, o Coney Island Hot-Dog, o Philly Cheese Steak Sandwich, além de nachos mexicanos com cobertura de queijo e carne, entre outras.


David se autointitula “um americano maluco vivendo em São Chico”. Os vizinhos, que no verão se acostumaram a vê-lo tomando banho de sol de sunga em frente à porta do bar, e os policiais, que tiveram de explicar o porquê de abordá-lo enquanto pilotava sua moto de chinelo, concordam com esta definição.– São coisas que sempre fiz na Flórida – justifica.Vendo-o cada vez mais adaptado à nova vida, Lúcia não imagina seu marido sem o bar ou o bar sem ele:– É o assunto dele o dia inteiro, às vezes tenho que pedir pra ele parar de falar – brinca.

Sem pressa para aprender nosso idioma, David tampouco exige que seus funcionários falem o seu. Comunica-se fazendo gestos e leva sempre consigo o laptop, recorrendo a tradutores online sempre que as mímicas não dão conta. Considera esta peculiaridade “apenas mais uma de um americano maluco fazendo coisas malucas no Brasil”. As noites agitadas nos finais de semana, e a necessidade cada vez maior de ampliar o espaço para acolher melhor o público que só aumenta, não o deixam mentir quando afirma: “São Chico precisava de alguém louco”. ecr

sábado, 25 de setembro de 2010

Reflexão

"Amigo mesmo é aquele que"...

não, amigo não tem que fazer nada, assumir nada, se preocupar com nada. Apenas ser amigo, e se quiser.

Não há compromisso na amizade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quem explica Jonas?

Vejam o que é a natureza. Jonas, que já foi “o pior atacante do mundo” está a um gol de igualar a marca do centroavante Jardel, um dos maiores ídolos da torcida gremista, e a 11 de se tornar um dos cinco maiores da história do Grêmio. O atual artilheiro do brasileirão, embora tenha vestido apenas uma faixa (a de campeão gaúcho deste ano) tem 64 gols pelo clube. Como diria Cléber Machado, “pode Arnaldo?”.

Não há torcedor do Grêmio que seja fã do Jonas. Pelo contrário, é um atacante mais acostumado a conviver com vaias do que com aplausos. Mas já tem 64 gols na conta, e alguns muito bonitos inclusive. Tem 12 neste brasileirão, a mesma quantidade que fez de Jardel artilheiro da Libertadores de 95, conquistada pelo tricolor. Isso ajuda a entender os pesos e as medidas do futebol.

Para quem não lembra, o rótulo de “pior do mundo” foi dado por um jornal espanhol após um gol inacreditavelmente perdido por Jonas na Libertadores de 2009. Sem dúvida, um exagero. Mas Jonas entrar para a galeria dos maiores artilheiros gremistas parece-me outro ainda maior. É preciso que ele pare de fazer gols!

Brincadeiras à parte, é certo que Jonas não marcará época no Grêmio. A falta de títulos, se não o condenar ao ostracismo, fará com que não seja lembrado com carinho pela gerações futuras, que conviverão mais com os relatos do que com a memória. Ninguém falará de Jonas, mas ele será um dos cinco maiores goleadores nestes mais de cem anos do clube. E nem seus netos irão acreditar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Por aqui, deu Serra

Tendo o candidato José Serra (PSDB) recebido 19 de um total de 37 votos na urna eletrônica deste blog, as eleições presidenciais do Andreinews registram a vitória do tucano no 1º turno. Marina Silva (PV) ficou em 2º lugar, com oito votos, um a mais do que Dilma Rousseff (PT).

O Andreinews deseja melhor sorte para as candidatas da próxima vez, e um bom governo ao candidato eleito pela maioria. É a festa da democracia!

E o blogueiro aceita sugestões para novas enquetes.



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Argumentos encalhados

Tenho uma série de frases que deveriam ser o argumento para novas postagens para este blog, mas que, por diversos motivos, encalharam. Algumas delas, achei que valia a pena registrar. Ei-las:

- Qualquer pessoas do sexo feminino que prefira Rolling Stones a Beatles é forte candidata a alma gêmea deste blogueiro.

- Às vezes, de tão egoísta, não compartilho nem minha companhia.

- A melhor frase que li na última semana: "O jeito que tratamos o cachorro é o modo como reagimos à nossa infância. O jeito que tratamos o gato é o modo como entendemos a velhice"(Carpinejar)

- Paradoxo: morar fora da cidade natal é ótimo, mas o melhor ainda é poder retornar sempre. E a cada retorno, o pior é se despedir.

- Paradoxo dois: não tenho nada contra as feias, mas só tenho amigas bonitas.

- 10 funks para animar sua festa (pedido das amigas leitoras Cláudia e Karina)

- Se formar é, de uma hora para outra, não ser mais estudante, nem estagiário. Sendo assim, como sentir-se jovem?

- A melhor frase que li nos últimos meses: “Os homens feios, ou supostamente feios, costumam ganhar a vida – e quiçá as fêmeas! – por pontos, jamais por nocaute, como ocorre com os bonitões da praça” (Xico Sá)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Breve retorno à infância

Sem o menor pudor, roubei a história abaixo do blog da amiga e colega Cathierine Hoffmann. Foi postada dias atrás no seu cathierineh.wordpress.com, blog que leio com a mesma frequência com que dividia com a Cathi uma mesa do Fratello ou do Alemão, lancherias da Unisinos.

Como achei a história ótima, e acredito que os amigos leitores vão concordar, parece-me justo compartilhar deste momento de tamanha inspiração do grande Maurício de Souza. Sempre achei que a Turma da Mônica ensina os princípios.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cartas de Bento n.2

A vida noturna diz muito sobre a qualidade de vida que qualquer cidade oferece. Não adianta ter índices altíssimos de IDH e uma expectativa de vida igualmente alta se não há diversão à altura de tanto tempo para viver.

Não exijo de uma cidade uma vida noturna muito movimentada e incontáveis opções de lazer. Basta ter dois ou três lugares aos quais eu possa me fidelizar enquanto cliente, como em São Leopoldo, onde ia quase sempre ao Favorité, embora houvesse outros lugares bacanas. Sou daqueles que faz amizade com o garçom, que gosta de rever pessoas e tem no bar uma espécie de pequena comunidade, onde não é preciso conversar com todos, mas é bom saber que eles estão sempre ali.

Neste fim de semana, aproveitando a ocasião da visita do amigo e ex-colega Rafael Butigahn, vindo direto de Maceió, aproveitamos uma folga na agenda de trabalho – ele, também jornalista, veio cobrir um evento para o sindicato em que trabalha em Maceió – para fazer o sacrifício de desbravar o cenário de bares e casas noturnas de Bento Gonçalves, buscando encontrar este lugar que possa se tornar minha segunda casa por estas bandas.

Dizem vozes experientes da cidade que o Bangalô, do lado de onde trabalho, é “coisa fina”. mas não chegamos a conferir. Preferimos o lado de Bento onde se concentra a maior parte dos bares. E, dos que testamos – na ordem e na vizinhança: Buteco Sports (superlotado), Bar do Alce (bacana, bem rock n’ rol), Beer House (calminho, mais pra happy hour) e Ferrovia Cult -, este último pode ser considerado, de longe, o melhor.

O lugar é pequeno, mas bem espaçoso, e tem diferentes ambientes: um espaço para shows, outro com mesas, estilo pub, um mezanino e uma área na rua, pra pegar um ar. Pessoas levemente bêbadas, em geral, cervejas variadas, o som ambiente bacana e os preços honestos são importantes pontos favoráveis. Pode que a primeira impressão tenha sido errônea e o bar não seja assim tão legal. Mas, sendo otimista, acho que já não sou um boêmio sem lar em Bento Gonçalves.

O ainda sóbrio amigo Rafael

Interior do bar (peguei no Google)

A fachada do simpático Ferrovia

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sutilezas da mulher

Que homem nunca conheceu uma mulher que exibisse na voz a sua maior beleza? Conheço tantas, que não penso em nenhuma específica neste momento. Mesmo mulheres que são lindas sob todos os aspectos tornam-se realmente irresistíveis ao oferecer um singelo “oi, tudo bem?”.

Certas mulheres têm no abraço seu melhor predicado. São cheirosas e abraçam com vontade, quer seja um abraço de noite inteira ou um “oi, tudo bem?” casual. Essas que conquistam pelo abraço raramente sabem o poder que têm em seus braços e mãos. E a todos abraçam, a todos conquistam.

Muitas mulheres têm na panturrilha toneada um quê de sensualidade. Por mais que falemos de bundas, coxas e seios, jamais desprezei um sinuoso par de batatas-da-perna. Nada de muito musculoso, diga-se de passagem, mas que marque siginificativa presença entre os joelhos e as canelas.

Há mulheres que têm a ironia como dom maior. E que mulheres de valor são essas, que sabem fazer da fina ironia seu instrumento de dominação do mundo e dos homens. Creio que não saberia viver com uma mulher que não saiba fazer uso, de vez em quando que seja, dos refinamentos da piada irônica, sutil, não de fazer gargalhar, mas de sorrir em aquiescência.

Há mulheres que sorriem lindamente; outras que bocejam graciosamente; conheço algumas que se tornam belas quando estão de óculos e diversos exemplos de mulheres que cujo maior charme está na vida caseira e discreta, enquanto me identifico muito com outras pelo apego à boêmia.

Não estou falando de atributos necessários a uma bela mulher. Não chega a tanto. O que exponho acima são alguns acessórios, complementos, detalhes periféricos de uma mulher. Sutilezas de personalidade ou de traços físicos, qualidades nem sempre à mostra. Mas que ainda assim, podem fazer toda a diferença.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mesmo as melhores bandas...

...têm algumas músicas, entre as mais conhecidas, que eu realmente não gosto. Por exemplo:

Rolling Stones - Brownsugar

Led Zeppelin - Communication Breakdown

Rage Against The Machine - Bullet in the Head

Aerosmith - Dream On

AC/DC - Thunderstruck

The Doors - People Are Strange

Eric Clapton - Tears in Heaven

Guns N' Roses - Yesterdays

Mas são apenas exceções que confirmam a regra de serem todas bandas incríveis.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cartas de Bento n.1

Bento Gonçalves é, antes de tudo, uma cidade bonita. Bem como a maioria das cidades serranas, em especial Gramado e Nova Petrópolis, pelo que a memória me permite comparar. Apesar da colonização diferente (lá alemães, aqui italianos), esteticamente, Bento lembra bastante estes municípios. Com a diferença (vantagem, talvez) de ser maior, de oferecer tudo o que uma cidade grande oferece.

A avenida principal é composta por algumas pracinhas simpáticas, onde, após o almoço, as pessoas se espalham pelos bancos, pegando um sol e conversando, ou então ficam a entrar e sair das lojas que circundam a avenida. Pessoas estas que, em sua maioria, são receptivas, não negam uma informação a um forasteiro, e até a oferecem com invariável sorriso no rosto. Pessoas que gostam de viver aqui, e parecem querer que todos se sintam bem em sua cidade.

Nos primeiros dias por aqui, como era de se esperar, bateu uma saudade de tudo o que vivia em São Leopoldo, uma época que, como todas as outras, se foi. Saudade do campus da Unisinos, do gatinho Jabulânio, da padaria próxima à estação onde virei freguês e amigo, das vizinhas loiras e gêmeas que me confundiam a cada vez que cumprimentava uma delas (pois, nos primeiros meses, só uma me cumprimentava de volta).

Pra não dizer que tudo são flores, é preciso dizer que estava certo quem me falou que Bento era uma verdadeira montanha-russa. Você está sempre subindo ou descendo alguma rua, nunca andando em terreno plano. Como não podia ser diferente, a sensação é de que, para os trajetos diários deste blogueiro, sobraram as subidas maiores e mais íngremes. Mas sendo otimista, pode ser a oportunidade de perder alguns dos quilos acumulados nos últimos anos.

Ainda não será este meu primeiro fim de semana por aqui. Nesta sexta, vou a São Chico, a trabalho, unindo o útil ao agradável de voltar ao lar. Talvez um fim de semana em Bento seja um bom motivo para escrever a carta nº 2.


Avenida principal de Bento, por volta das 13h.

Outro ponto da avenida principal, com um menino gordinho vindo em minha direção

Chafariz de vinho em frente à Prefeitura.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Enquete 1 - Qual seu texto preferido?


Temos um vencedor

Abaixo, anuncio o corajoso vencedor da primeira enquete deste blog. O texto A Mulher Perfeita, que teve 33% dos votos, foi concebido originalmente no meu celular, como várias mensagens de texto, e apenas transcrito para o computador depois, praticamente sem retoques. Só então foi publicado no Portal3, quando este blogueiro estagiava pelas bandas da Unisinos, em 2009. Ei-lo:

A mulher perfeita

A mulher perfeita alia beleza, inteligência e simpatia. Nada mais, embora não seja pouco. Há a que se aproxima da perfeição. É a mulher que, com inteligência, sabe fazer da simpatia a sua beleza.

A mulher perfeita não precisa ser a mahis bela, a mais simpática, a mais sábia. Por ser inteligente, sabe que os excessos a prejudicariam. Que a simpatia em excesso é pouco inteligente, e vice-versa E mesmo a beleza em excesso tende a ser pouco simpática.

A mulher perfeita é espirituosa. Rio muito ao lado dela. A ironia poderia ser um quarto elemento necessário à perfeição, mas prefiro considerá-la um produto da inteligência. Bela, inteligente e simpática, a mulher perfeita é pouco afeita ao não. Só um homem à beira da infantilidade lhe diria não, mas ela tampouco tem algo a pedir do homem infantil.

Poderia chamá-la de mulher ideal, de mulher dos sonhos. Mas são definições que carregam um sentido de distância, o que não é o caso. A mulher perfeita não está longe. Sequer deve haver vida longe dela. Se há, é com tristeza que me dirijo aos que vivem longe. E digo: Amigos, só a mulher perfeita dá sentido à vida.

A mulher perfeita fala bonito, ri facilmente e, quando necessário, atinge o nobre silêncio com precisão. Quando chega a noite, ela descreve como foi seu dia, e é fácil parar pra ouvi-la. Pois estar com ela é dar prioridade tão somente a ela. É a mulher perfeita. Não tem contra-indicações.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Enfim, a música

Conforme havia prometido, eis aqui neste blog a música que escolhi para embalar a minha caminhada rumo ao diploma (literalmente falando), que me foi concedido pela Unisinos na última sexta-feira, como os leitores já cansaram de saber.

Foi uma escolha difícil, como deve ter sido a de todos os colegas, pois muitas músicas nos marcam ao longo da juventude ao ponto de querermos eternizá-las junto conosco. Mas fui de Night Time (is the right time), do Ray Charles. Por quê?

Não se pode desperdiçar o impacto da introdução. É quase só o que vai se ouvir no pouco tempo entre tirar a foto com o colega chamado anteriormente e a hora de cumprimentar os professores homenageados. Os primeiros segundos têm que ser de intensidade total. Como, acredito, seja oc aso da linha de sax no início de Night Time, que sempre me arrepia.

A música, assim como o próprio estilo do Ray Charles sintetiza um pouco de muita coisa que eu gosto, em termos musicais. Há uma mistura aqui de blues, jazz e rock, quase minha tríade sagrada. Há piano, saxofone, backing-vocals femininos, um vocal estirdente, uma batida dancante. Enfim, poucas das minhas opções preferidas preenchiam tantos requisitos.

No fim, deu a coincidência de o colega Luis Veira, chamado antes de mim, ter escolhido outra música do Ray, a ótima Hit The Road Jack. Sem querer, transformamos parte da formatura em um belo tributo ao grande Ray Charles.

Espero não ter desapontado ninguém. Eis a música:

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eis os motivos da não-atualização deste blog nos últimos dias

Sexta : Formatura


Sábado: Viva a formatura!
Mas voltaremos!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Trilhas do trem

Tecnicamente, esta quinta-feira é o meu último dia como viajante diário do trensurb. Não posso dizer que sou um velho frequentador do trem, pois os seis meses em que estes vagões, estações, trilhos, assentos e vendedores fizeram parte da minha rotina não chega a a ser "toda uma vida", como se diz.

Dissesse isso, o que sobraria para aquele que têm em si impregnado o cheiro do trem, que viajam há anos e anos, diariamente, e que, por isso, tem mais propriedade para considerar aqueles vagões antigos sua segunda casa do que eu?

Ainda assim, como nutri durante esse tempo algum carinho pelo trem, resolvi listar aqui as 5 músicas que mais ouvi durante as viagens, no MP3 Player. Músicas que ajudaram a encurtar o tempo do trajeto, tornando-o mais divertido e menos cansativo - principalmente nas muitas vezes em que tive que ficar de pé, esperando ou cedendo o meu lugar. Ei-las

1 – Testify, Rage Against The Machine
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2 – Boa Sorte (Good Luck), Vanessa da Matta e Ben Harper
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3 – Eat The Rich, Aerosmith
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4 – Let’s Work Together, Canned Heat
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5 – Bala com Bala, João Bosco
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

É muita modernidade

Os amigos leitores repararam na enquete aqui na barra lateral? É ou não é um sinal da modernidade digital chegando a este blog?

Se a disciplina ajudar, a cada semana entrará uma nova pergunta, seguida de alternativas diversas, para polemizarmos sempre nos limites da civilidade. É interatividade pura.

A primeira, que pergunta aos leitores qual dos textos já publicados aos amigos mais os agrada (ou menos desagrada), deve ficar até o fim da semana. Prometo que a próxima será mais bacana e menos egocêntrica.

Votando e sugerindo novas enquetes, participem!

domingo, 22 de agosto de 2010

Sentimentos mútuos

Saber que a maioria das pessoas de quem gosto também gostam de mim, e geralmente com a mesma intensidade. Nada me é tão valioso. E não sei quanto aos leitores, mas eu mesmo nunca havia parado pra pensar nisso. Talvez porque o mais comum seja assumir como algo natural quando somos o melhor amigo do nosso melhor amigo, por exemplo.

Mas reparemos um pouco no tamanho do privilégio que é essa reciprocidade. Aquelas pessoas por quem temos grande afeição poderiam simplesmente não correspondê-la, sem que fossem culpadas por isso. Porém, felizmente, a regra - quando se trata de família e amigos - é o sentimento ser mútuo. Nutrimos grande amizade de quem recebemos em troca, nutrimos pouco afeto por quem nos dá o mesmo.

Às vezes quase choro de felicidade por perceber que pessoas da minha íntima preferência gostam, se preocupam, se interessam, me aturam. Não lembro de ter em minhas relações pessoais alguém a quem eu silenciosamente quisesse requisitar maior atenção, à altura da que dedico. Isso não é felicidade, pura e simples?

Parece óbvio, e talvez seja, mas como é bom desfrutar da companhia daqueles que gostamos, ou, quando isso é impossível, apenas dos seus sentimentos, quando são mútuos. Se sentir querido por estes que fazemos questão de dividir nosso tempo, humor, dúvidas, gostos, dores, alegrias. Descobri que gosto muito disso.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

No café

Sou fã do Kenny Braga. Jornalista, colorado fanático, um dos comentaristas do ótimo Sala de redação, da Rádio Gaúcha. Não o admiro exatamente por ser colorado, naturalmente, mas pela sua irrestrita habilidade com as palavras. Fala muito bem, tem sacadas muito boas , um humor fino e muita sensibilidade.

Ontem à tarde, no café em frente à porta de entrada da rádio, enquanto comia uma passoquinha escorado no balcão, tive o prazer de assistir a um bonito depoimento do Kenny ao jornalista Lasier Martins, que chegava para o seu programa das 14h. Percebi que ele estava emocionado, e vou tentar reproduzir aqui suas palavras, que me comoveram deveras:

“Agora há pouco uma leitora me encontrou na rua, e veio dizer que havia chorado com a minha coluna de hoje (sobre o título do Internacional), me agradeceu por tê-la escrito. E aí eu estava pensando, como vale a pena essa nossa profissão, em que a gente ganha mal, se incomoda quase diariamente, mas por vezes consegue ter compensações como essa. As pessoas se emocionam, e como é bom poder emocionar as pessoas”.

Seu interlocutor apenas concordou, logo o o jornalista desceu as escadas e eu também me retirei. Já era fã do Kenny Braga, e, ao ouvir esse seu relato emocionado, fora do ar, sem a preocupação de agradar a ouvintes ou de fazer média com os colegas, e que vai tão de encontro ao que eu mesmo penso da vida dos cronistas, passei a admirá-lo ainda mais.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

2006 foi bem pior

Poucas horas após o ocorrido, posso dizer que ver o Internacional novamente campeão da América não chega a ser um incomodo para o torcedor gremista. Afinal, nem de longe se compara com o quadro vivenciado em 2006, este sim o desolador ano das primeiras glórias internacionais do colorado.

Em primeiro lugar, nada se compara à primeira vez. E quando o espaço de tempo é curto (quatro anos, no caso), é quase irrelevante se o rival vence uma, duas ou três vezes. Não poderia era ter vencido a primeira! Por isso que em 2006 tudo foi pior, ao mesmo tempo em que para os colorados a euforia foi muito maior, percebe-se facilmente.

Indo além, afirmo que, desta vez, faltou um ingrediente importante no tempero do título: o imprevisto. Em 2006, foi uma surpresa o Inter ter batido o São Paulo no Morumbi. Supresa maior ainda ter vencido o Barcelona, em Yokohama. Mas agora, quatro anos depois, o Inter já chegou à final da Libertadores classificado para o Mundial, e como franco favorito ao título, pela fragilidade do Chivas. Título anunciado, só faltando carimbar, é festa igual para os colorados, mas dor menor para os gremistas.

Em 2010, já aprendemos que a gangorra é uma máxima implacável no universo da dupla Gre-Nal. O azul esteve no alto por 20 anos, agora equilibrou. Acredito que um Inter novamente forte irá forçar o Grêmio a se reerguer. Em 2006 foi assim, e o tricolor chegou à final da Libertadores do ano seguinte. O sucesso de um motiva o outro a se organizar, se superar, buscar ser tão forte quanto. É a lógica da gangorra.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

As 10 do Doors

Os amigos leitores já perceberam que este blogueiro se diverte fazendo listas. E compartilhando seus gostos, suas preferências. De fato, é divertido. E é mais legal ainda quando repercute, os amigos sugerem coisas que ficaram de fora, sugerem outras listas possíveis. São bons momentos deste blog.

Nas últimas semanas, tenho ouvido muito The Doors. Sou fã de The Doors, mas há tempos não ouvia com frequência, diariamente, várias vezes por dia, no computador, no mp3 player ou no aparelho de som. Listar as músicas preferidas, para um viciado em listas, é um caminho natural. Portanto, ei-las:

Riders on the storm
Atmosfera sombria, belos acordes, letra inspirada, tudo aquilo que é o diferencial do The Doors no mundo do rock está nesta música, em que 8 minutos passam voando. Ouvir

Roadhouse blues
Talvez a melhor introdução da história do rock, com a guitarra marcando um riff de blues pra deixar os velhos bluesmen do Mississipi cheios de orgulho do que eles criaram. Ouvir

The Spy
Já citei essa em uma lista anterior, dos melhores blues para o outono do amigo leitor, e não teria por que deixá-la de fora dessa. The Spy é a poesia e a melodia de Jim Morrison atingindo o auge. Uma pena não ter registros ao vivo dela, pelo menos não que eu conheça. Se todas as músicas românticas tivessem a beleza de The Spy, certamente eu seria um amante das músicas de amor. Ouvir

Backdoor Man
Gosto das regravações que a banda fez de clássicos do blues, principalmente os de Willie Dixon. Backdoor Man é um ótimo exemplo, e ficou ótima na voz de Jim Morrison. Nessa letra que fala sobre o "homem da porta dos fundos", gosto especialmente dos versos "Enquanto seu homem come o seu jantar, carne de porco e feijão, eu como mais galinha do que qualquer homem já viu". Ouvir

Spanish Caravan
Destaque para a bela guitarra flamenca de Robbie Krieger, com um riff repetitivo e hipnótico,que criam uma atmosfera incrível. Se fosse um bom violonista, adoraria saber tocar Spanish Caravan. Parece divertido. Ouvir

Yes, the river knows
De todas as músicas melancólicas do The Doors, e são várias (The Crystal Ship, End of the night, The Soft Parade, etc), essa é a que mais me agrada. Atmosfera totalmente depressiva, de ouvir com pena de quem interpreta tanto sofrimento, e o Jim sabia encarnar esse personagem muito bem. Se não conhece, não perca essa. Ouvir

L.A. Woman
Está no último álbum de estúdio do Doors, gravado às vésperas da fatídica ida de Jim Morrison para Paris. Por conta disso, não há registros ao vivo das músicas do álbum L.A. Woman, nem da música de mesmo nome. Mas esta versão de estúdio já dá conta de como os caras estavam no auge quando encerraram as atividades. Ter durado tão pouco foi mesmo uma pena. Ouvir

Love Street
Entre tantas letras que falam de morte, porres infernais, famílias destruídas e outras temáticas pouco sutis, eis uma letra singela, sobre o amor, sobre garota que vive na rua do amor. Não só a letra, mas a melodia vocal e as linhas de teclado são lindas. Ouvir


Maggie M'Gill
Gosto deste blues que fecha o ótimo álbum Morrison Hotel. Direto e simples. Gosto dos blues que o Jim canta com uma voz embriagada, suja, mas visceral. É quando ele se mostra único. Ouvir

The End
É verdade que é preciso paciência para ouvir os 11 minutos de The End, mas depois de passado o primeiro minuto, é difícil não chegar até o fim, sem trocadilhos. Música com ar teatral trágico, muito bem encaixada na trilha do filme Apocalipse Now. E a letra? "This is the end, beautiful friend/ This is the end, my only friend, the end". Ouvir

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Uma passada pelo Grêmio

Sei que o assunto é chato, mas falar do Grêmio também é preciso. Desde o anúncio feito pelo presidente Duda Kroeff, simpatizei com a escolha de Renato Gaúcho como treinador. Não haviam tantas opções disponíveis também. Entre um mar de técnicos medianos, que viesse um com algo a mais, que é a identificação com o clube.

Após a eliminação na Copa Sul-Americana, com as atenções todas concentradas em melhorar no Brasileiro e em preparar um time melhor para 2011, já aponto algumas mudanças que vejo necessárias no Grêmio, algumas pra ontem outras pro futuro.

Não dá pra continuar jogando sem laterais, ou com Edilson e Fabio Santos, o que é quase a mesma coisa. É uma desvantagem muito grande em relação a qualquer outro time da 1ª divisão.
O Inter está mostrando a importância de ter ótimos volantes no time. Que protejam a zaga e dêem qualidade de toque de bola ao meio-de-campo, na saída para o ataque. Ferdinando é o contrário disso tudo.

Jonas é jogador de Gauchão. Mantenham-no para o Gauchão 2011, mas mandem-no embora tão logo a competição termine e contratem um atacante de peso. Não é possível enfrentar adversários como São Paulo, Cruzeiro e Corinthians com Jonas como solução.

Saindo das individualidades, é preciso definir um time titular e mantê-lo jogando, sem invenções. Quando estiver recuperado, Mario Fernandes vai ser o zagueiro pela direita, não o lateral. Dos quatro volantes do grupo, sei que é difícil, mas tem que escolher dois para serem titulares. De preferência, Adilson e Magrão. Fossem todos craques, talvez não precisassem de entrosamento. Mas não são.

Finalmente, e acima de tudo, não percam em casa. Não é muito o que peço. Apenas não percam no Olímpico.