domingo, 26 de setembro de 2010

Um pouco de trabalho

Nem tudo são crônicas, listas, comentários futebolísticos e divagações na vida deste blogueiro. Tem um pouquinho de suor também.

A reportagem abaixo está na edição deste domingo do caderno Donna, da Zero Hora, e é a primeira minha publicada no jornal. O assunto é o Taylor's Café, bar já citado outrora aqui no blog. Não vejo problemas em aceitar, desde já, a alcunha de "setorista de boteco".

O sonho americano em São Chico


Uma mulher e uma oportunidade. Na língua de Louis David Taylor Junior, a woman and an opportunity. Esta é a frase pronta que este recente personagem da serra gaúcha oferece àqueles que diariamente o questionam: o que levou este homem a deixar as belezas da Flórida, nos Estados Unidos, para abrir um bar em São Francisco de Paula?

O ano de 2008 foi quando David conheceu, através da rede social Myspace, a gaúcha Lúcia Mylius, sua atual esposa. Coincidia com a forte crise financeira norte-americana, que fazia com que suas comissões como vendedor de áreas de inverno para as casas de Jacksonville, sua cidade natal, ficassem cada vez mais escassas. Em sua primeira visita ao Brasil, a convite de Lúcia, a ideia de investir em um negócio próprio não precisou de muito tempo para se concretizar. Em outubro de 2009, às vésperas de seu 47º aniversário, inaugurou o Taylor’s Café, que, mais do que um bar, tornou-se um legítimo pedaço de território ianque nos Campos de Cima da Serra.

Prova disso não é apenas o fato de David ainda não ter aprendido mais do que meia dúzia de palavras em português. É só entrar no ambiente para ter a impressão de que uma fronteira foi cruzada. Propositalmente, cada canto tem a cara do dono: um tipo motoqueiro /caubói, sempre de chapéu e botas de couro, arriscando um “oi, tudo bom?” para todos que o cumprimentam, bebericando em taças de vinho e dançando atrás do balcão conforme o blues, que pode estar saindo das caixas de som ou dos músicos que tocam ao vivo, muitas vezes formando bandas na hora e no improviso. No fim da noite, ainda participa de disputas de jogo de dardo com os boêmios remanescentes.

Chegando ao Taylor’s Café, invariavelmente encontra-se a televisão ligada em uma partida de futebol americano, baseball ou basquete. Pelas paredes, espalham-se souvenirs como uma miniatura de crocodilo (animal-símbolo da Flórida), uma tabela de basquete, um jogo de dardos e muitas fotos emolduradas. Fotos que são registros do próprio David, recordações de quando jogava futebol americano pelo time da escola (uma jaqueta da equipe também adorna o espaço), na adolescência, ou de seus passeios pela nova casa, “que aprendeu a amar, mesmo pouco sabendo o que se passa a sua volta”, como observa Lúcia.

Porém, mais do que todas as referências patrióticas que saltam aos olhos, é a culinária do Taylor’s (que já inspirou até nome de criança na cidade) o que mais chama a atenção de nativos e turistas que chegam para conhecer o tal “bar do americano”. Além de servir lanches e refeições à moda americana, David importa uma boa quantidade de ingredientes de seu país, como o pepperoni, para pizzas, molho de churrasco, essencial à mesa americana e massa para waffles. A partir disso, o cardápio se desenrola com opções como o All American Burguer, o New Orleans Gumbo, o Coney Island Hot-Dog, o Philly Cheese Steak Sandwich, além de nachos mexicanos com cobertura de queijo e carne, entre outras.


David se autointitula “um americano maluco vivendo em São Chico”. Os vizinhos, que no verão se acostumaram a vê-lo tomando banho de sol de sunga em frente à porta do bar, e os policiais, que tiveram de explicar o porquê de abordá-lo enquanto pilotava sua moto de chinelo, concordam com esta definição.– São coisas que sempre fiz na Flórida – justifica.Vendo-o cada vez mais adaptado à nova vida, Lúcia não imagina seu marido sem o bar ou o bar sem ele:– É o assunto dele o dia inteiro, às vezes tenho que pedir pra ele parar de falar – brinca.

Sem pressa para aprender nosso idioma, David tampouco exige que seus funcionários falem o seu. Comunica-se fazendo gestos e leva sempre consigo o laptop, recorrendo a tradutores online sempre que as mímicas não dão conta. Considera esta peculiaridade “apenas mais uma de um americano maluco fazendo coisas malucas no Brasil”. As noites agitadas nos finais de semana, e a necessidade cada vez maior de ampliar o espaço para acolher melhor o público que só aumenta, não o deixam mentir quando afirma: “São Chico precisava de alguém louco”. ecr

7 comentários:

  1. muuuito legal!
    "Andrei Andrade São Francisco de Paula"...ai, que chique!
    A gnt parou no zaffari pra ler a reportagem, tri emocionados xp

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  2. Quando entro no msn e vejo o link do blog do Andrei, logo clico para ver a novidade.. não interessa a temática, o que gosto mesmo é do teu estilo! A Zero Hora sai ganhando, certamente!

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  3. Mazzzzzzáááá....
    Arrebentô na ZH!! Muito fera, ótima reportagem... não é a toa q tah no poderoso Grupo RBS.
    Parabéns meu irmão, tua estrela começa a brilhar!

    Abraço...

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  4. tu é muito chiqueeeeeeeeeee! :D
    adorei, tô muito feliz por ti Andrei!!!
    como já disse, muitíssimo sucesso na carreira.
    e nada melhor do que o Taylor's, nosso querido bar, para ilustrar uma matéria no donna!

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  5. Obrigado mesmo, amigos e leitores de sempre! Que bom que todos curtiram a matéria. Espero que tenha sido apenas a primeira (mas não garanto!).

    Beijos e abraços

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  6. Que orgulho. Quando crescer quero escrever que nem tu, só não quero ter cavanhaque! Teus textos estão cada dia mais qualificados. Em pensar que estive tanto tempo contigo e não aprendi quase nada ctg!!! Meu guri!! Parabéns mesmo!!!!!!!! Saudades
    Beijão

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  7. Parabéns pela matéria. Vc escreve lindamente. Fico orgulhasa em saber que vc é nosso, de São Chico.
    Bejos da amiga
    Iara pfeifer

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