quarta-feira, 28 de abril de 2010

10 Stones para o seu outono

Como a época é de fazer listas neste Blog, este blogueiro ataca logo com a mais difícil de todas. Escolher 10 entre as mais de 100 músicas dos Rolling Stones (isso contando só as assinadas pela dupla Jagger/Richards), que sejam, por assim dizer, as favoritas.

São aquelas que me fizeram adorar a banda, e por isso são as que mais recomendo. São as que peço para os amigos que têm banda tocarem, as que coloco para as garotas ouvirem para amolecer a alma, as que fico cantarolando quando nada há para fazer a não ser cantarolar ou assoviar.

Também são as que inspiram os mais animados debates musicais sobre técnica e feeling de músicos como Charlie Watts, Keith Richards, Bill Wyman, Ron Wood, Mick Jagger e a galera da banda de apoio. Como costumo dizer, são as que mais me agradam.

E o mais legal de elaborar uma lista com esta é ficar pensando em quantas belezuras ficam de fora, e assim ter mais um motivo para exaltar a grandiosa obra desta banda. Em ordem cronológica, eis as campeãs:

1 - Ruby Tuesday – do Between the Buttons, 1967. Só a melodia vocal desta música já emociona. Jagger cantando grave no ao vivo Flahspoint, de 1991, com o piano de Chuck Lavell ao fundo, é de ouvir a vida toda. É esta versão que considero aqui.

http://www.youtube.com/watch?v=mFyT4zgZSFY

2 - Jumpin' Jack Flash - single de 1968. Dos clássicos mais clássicos, como (I can't get no) Satisfaction, Brownsugar, Start Me Up, esta é a minha preferida. Considero a que tem o melhor riff entre todas as músicas da banda. Presente em praticamente todos os álbuns ao vivo, fica difícil dizer qual versão é a melhor. Aqui vai a original.

http://www.youtube.com/watch?v=Rgob-HM7hNk

3 - Sympathy for the Devil - do Beggars Banquet, de 1968. A letra mais intrigante dos Stones, acompanhada por uma percussão hipnótica, alguns poucos acordes de guitarra e gritos agudos repetidos ritmadamente. Ninguém fica indiferente a Sympathy For The Devil.

http://www.youtube.com/watch?v=DT1KRZOK4VE

4 - You Can't Always Get What You Want - do Let it Bleed, de 1969. Impossível não lembrar do comercial da Motorolla que tinha esta música como tema, lá pelos idos de 1995, na primeira vez que os Stones se apresentaram no Brasil. Aos 9 anos, já gostava mesmo sem saber do que se tratava.

http://www.youtube.com/watch?v=RLjuL16q5Lg


5 - Midnight Rambler – do Let it Bleed, de 1969. Blues da melhor qualidade, do álbum Let it Bleed. Em algumas versões ao vivo, ela começa com um solo de harmônica finíssimo do Mick Jagger e se arrasta por cerca de 10 minutos, alternando ritmos, mas sempre com uma pegada de blues incrível. A versão aqui é do show no Maracanã, de 1995.

http://www.youtube.com/watch?v=8DPxzrrf7jg

6 - Wild Horses - do Sticky Fingers, de 1971. Que refrão! "Wild, wild Horses, couldn't drag me away". Muito toquei esta música no violão (a grosso modo), com os amigos na noite serrana.

http://www.youtube.com/watch?v=UFLJFl7ws_0

7 - Loving Cup - do Exile On Main Street, de 1972. Gosto das estrofes, meio conversadas, meio choradas. E a imagem do refrão é ótima: “Me dê apenas um gole da sua taça de amor e eu cairei bêbado”. Também gosto de quando o Keith Richards facilita a vida dos violonistas meia-boca, como eu, com harmonias simples e belas, com esta.

http://www.youtube.com/watch?v=q_mkSwZaveM

8 - Just My Imagination - do Some Girls, de 1978.
De todas as que estão nesta lista, foi a última a qual me rendi. Relutava um pouco em uma época em que ouvia mais os clássicos, e esqueci dela. Lembrei da sua beleza já sabendo apreciar belas melodias vocais sem riffs agressivos. Foi uma grata redescoberta. A versão é do Shine a Light, DVD de 2008.

http://www.youtube.com/watch?v=vBRuHzdKj-Q

9 – Waiting on a friend - do Tattoo You, de 1981. só o título já transmite a beleza desta canção. “Esperando por um amigo”. E a verdade é que tudo na música, letra, melodia, ritmo e harmonia, dizem a mesma coisa. Do prazer de “não estar esperando uma garota, mas apenas um amigo”.

http://www.youtube.com/watch?v=QPuDLs8vxDA


10 - Saint of Me - do Bridges to Babylon, de 1997 - Para não deixar os álbuns mais recentes de fora, incluo esta que é a melhor do Bridges to Babylon, o último álbum de inéditas inspirado dos Stones (depois veio A Bigger Bang, fraco).

http://www.youtube.com/watch?v=qUp4ej8bVzg

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Woodstock: modo de fazer


Tenho uma curiosidade natural por tudo o que está por trás dos grandes acontecimentos. Adoro assistir making of, por exemplo. Ou, pelo interesse que tenho por reportagens, curto saber como cada matéria se desenrolou para o repórter. O que está por trás dos holofotes geralmente é tão interessante quanto aquilo que nos é apresentado.

Todo este intróito foi apenas para falar que o filme Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee, é sensacional, se analisado por este ponto de vista. O de mostrar como quase não aconteceu um dos mais importantes momentos do século XX, e sem dúvida o mais singular.

Ao contrário do que pode dar a entender, Aconteceu em Woodstock
não é um filme sobre o mais famoso festival de música da história, acontecido em 1969. Não há uma cena sequer de shows ou das bandas que tocaram por lá. Para assistir ao festival, já existe o famoso documentário de Michael Wadleigh. A história de Lee é um resgate do que nunca foi contado, pelo menos não pelo ângulo dos moradores daquele lugarejo. Por isso é interessante.

O protagonista do filme é o jovem Elliot Tiber, que, para salvar da hipoteca a pousada rural dos pais, oferece o terreno de um vizinho para a realização de um festival de música que havia sido barrado em outros locais, cujo a expectativa era de receber 5 mil pessoas. Ao lado de Elliot, os habitantes de Bethel são também protagonistas do filme, o que torna a história mais curiosa, pelo choque cultural entre aquele povoado caipira e a juventude hippie que acampou em seu espaço.

De forma espontânea, mais e mais pessoas vão chegando para o Woodstock. A princípio sem muita divulgação, até o ponto de entrar na pauta dos programas de TV (já era assim em 69), e em poucos dias reunir cerca de 500 mil pessoas, mudando completamente o cotidiano das pessoas daquela comunidade parada no tempo. E é justamente este choque o foco de Aconteceu em Woodstock. O que, de certa forma, pode frustrar quem espera um filme mais “Rock n’ Roll”. Portanto, não esperem ouvir Hendrix, Janis, John Sebastian ou Santana. Mas assistam.

domingo, 25 de abril de 2010

De médio pra bom

Ao contrário do que este blogueiro esperava, deu Grêmio no primeiro Gre-Nal decisivo do Gauchão. Como não acredito que este jogo tenha decidido o campeonato, vou deixar um comentário mais definitivo sobre a decisão para depois da grande final, no Olímpico. Por ora, comento o que percebo no atual time gremista.

Pesno que o triunfo deste domingo não deve mascarar os pontos vulneráveis do time. Vejo este Grêmio com dois setores muito bons, a zaga - Mário Fernandes e Rodrigo - e os meias ofensivos – Leandro e Douglas - , e um goleiro espetacular, Victor. Mas nos demais setores vejo alguns nomes apenas mediano. E há tempos que o Grêmio tem se virado com times fracos que, na raça, se fazem médios, como o de 2009, e medianos que, na raça, se fazem bons, como em 2007 e 2008.

Tenho receio de que esta aceitação da mediocridade possa não ter mais volta no Olímpico. A aceitação de laterais como Edílson e Fabio Santos, de um volante como Ferdinando, de um atacante como Jonas, todos como titulares absolutos, é o que preocupa. São jogadores úteis para compor o elenco, mas que não servem para a titularidade. Um time grande pode se dar ao luxo de ter um ponto fraco. Mas quatro, é demais.

Para ter chances de título no Campeonato Brasileiro - e é esse o objetivo que o Grêmio deve ter -, acho imprescindíveis as contratações de um bom volante, marcador mesmo, e um bom atacante, deixando o irregular Jonas como uma boa opção na reserva. Na lateral-esquerda, Lúcio deve voltar de lesão em julho e assumir de volta a posição. Pela direita, onde o mercado não oferece grandes opções, que deixem Edílson ser o ponto fraco do time. Todo time tem o seu.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Saudade crônica

Sempre tenho alguma saudade.

Dos amigos que não vejo há anos, e mais ainda dos que não vi esta semana.

Saudade de alguma tarde da minha infância, mas nem sei qual, de tantas que deixaram saudade.

Dos dias em que tudo era futebol, fosse de botão, vídeo game ou “de verdade”.

Saudades dos primeiros traços femininos que me deixaram apaixonado, e dos últimos, que simplesmente me deixaram.

Saudades do tempo em que podia desperdiçar o tempo, sem pensar no tempo como algo a se consumir sem desperdício.

Sou um entusiasta da saudade.

Não vivo sem ela.

Ter saudade é ter certeza de que alguma coisa valeu a pena. Um olhar perdido está autorizado a responder em nome da saudade.

A duração de um abraço diz muito sobre a saudade.

Se tem uma coisa de que sinto falta, é de ter tempo pra sentir saudades, pensar nela e tentar racionalizá-la.

Controlá-la unicamente para o meu bem, enquanto ser saudoso.

Quero um total domínio da saudade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Só falta a metralhadora

Está claro que o futebol é terreno mais do que propício para a mídia explorar a sua tendência a usar e abusar de termos militares para dramatizar as realidades que constrói. O jogo, por exemplo, não é só um jogo, é uma “guerra”. A torcida é a “nação”. O treinador é o “comandante”. Se ele for bom, é o “estrategista”. O centro-avante é o “artilheiro”, o “matador”.

Não há chute forte, o que há é uma “bomba”, um “tiro”. O time é a “esquadra”. A equipe que mais atacou desferiu um “bombardeio”, “massacrou” o “inimigo”. Recentemente, a manchete de um jornal num dia de Gre-Nal era “Um castelo vai ruir”. O negócio é sair de baixo. E por aí vai.

Sem querer bancar o politicamente correto, acho válidas as críticas feitas à mídia neste sentido. O abuso do belicismo inflama o torcedor, principalmente o menos instruído, que acaba acreditando que futebol é guerra mesmo, que o inimigo faria um favor em morrer.

Mas o que critico aqui não é a prática da imprensa, já tão carregada destes vícios, mas sim a recente prática da diretoria gremista, de vender aos seus torcedores campanhas fortemente baseadas no belicismo, no militarismo.

Primeiro, em setembro do ano passado, foi lançado o Exército Gremista. Agora, há poucos dias, inventaram a Artilharia Gremista. Ambas com grande divulgação, para o torcedor realmente comprar a idéia de que está ingressando numa vida militar mesmo. Não por acaso, o novo estádio irá se chamar Arena. Talvez sejam resquícios do sucesso da “batalha dos aflitos”, jogo histórico em que o Grêmio voltou à primeira divisão (“elite”) do Campeonato Brasileiro.

O que se passa na cabeça dos marketeiros do Olímpico? Alem de pouco educativas, são campanhas de um mau gosto tremendo. Qual a relação possível de ser feita entre a troca de pontos por produtos em uma loja e o termo “artilharia”? Só por pagar uma mensalidade ao clube estarei ingressando em seu “exército”? Onde compro minha metralhadora? Já está a venda na lojinha do Olímpico?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que é que a província tem

Uma inegável vantagem de ser natural de uma cidade pequena e nela manter suas raízes, é a facilidade para encontrar os velhos conhecidos toda vez que se retorna a ela.

Sempre que passo um fim-de-semana na província querida, nem preciso ligar para cada um dos amigos com quem quero tomar uma cerveja à noite, marcando hora e local. Sei onde todos vão estar e até a que horas vão chegar. Não só os que continuam morando na cidade, mas também os que partiram para outras plagas e, de tempos em tempos, com maior ou menos frequência, dão as caras na terrinha. É bom poder rever a todos no mesmo bar.

Já ouvi de um amigo, da capital, que uma experiência que ele invejava era justamente a de ser alguém com vínculos com uma cidade interiorana. Não de viver no interior, mas justamente a de ter essa opção de refúgio, de ser recebido de braços abertos pela cidade, como um filho que retorna. Inveja de ter no coração aquele aperto da saudade de casa.

Tem razão o meu amigo. Essa vivência é mesmo indescritível, necessária para quem a possui. É por isso que procuro, sempre que possível, estar de volta ao verdadeiro lar, ao encontro dos amigos mais antigos, e até dos meramente conhecidos de tempos remotos, pois até eles nos evocam pequenas memórias que, sem vê-los, se perderiam.

Além de acolhedor, o lar provinciano é um lugar onde o tempo parece não passar tão rápido. Acho que essa é a diferença.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um blues esquecido

Love Changin’ Blues, tocada e cantada por John Hammond, é uma das mais belas músicas que já escutei. Emociona qualquer ser vivo. Só não a incluí na lista de blues para o seu outono, porque, como vocês vão ler, havia esquecido completamente dela.

Poucos conhecem Love Changin'. A composição e gravação original são de Blind Willie McTell, do fim dos anos 20, e a versão de Hammond é uma de suas raras regravações. Eu só a conheci porque, certa feita, o amigo Juliano Guimarães emprestou-me o CD do Natu Blues Festival 2003 -, e esta música foi selecionada para a coletânea oficial, que tem até o Borghettinho encarnando um bluesman em Milonga Para as Missões.

Conversando noite dessas com o amigo Leandro Salvador, definimos o canto de Hammond como o de um cão uivando. Howlin’ Dog. Entrei com o conceito de cão, Leandro com o de uivante, e assim ficou. John Hammond, vocês já sabem, canta como um cão uivante.

Embora seja uma preciosidade, confesso ter esquecido de Love Changin' Blues. A cópia do CD hoje resta em algum lugar entre o céu e a terra. Nunca mais a vi. E neste mundo de informações excessivas, lembranças não renovadas logo se perdem. Ao longo dos anos, tantos outros blues, tanto jazz, tanto rock, tanto samba se acumularam, que acabaram por soterrá-la na minha memória.

E assim foi, até o dia em que o Jô levou Hammond ao seu programa. Nem lembro o que eles tocaram, mas o certo é que tão logo foi mencionada a atração musical, lembrei do blues que há 7 anos me deixara fascinado. Na mesma hora fui buscar no Youtube. Óbviamente, lá estava ela.

É com este belo espécime do Blues que deixo vocês neste fim de semana, pois hoje dirijo-me novamente à serra gaúcha. Vou ver se as coisas estão em ordem por lá. Domingo estou de volta.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Como nasce um lateral

Conversando hoje com um amigo que curte a expectativa da paternidade, fiquei sabendo que ele já decidiu até a profissão do futuro rebento: vai ser lateral-direito. Tive que aplaudir: escolha melhor impossível.

Todo profissional vale pela sua raridade. Qualquer lateral-direito, por mais limitado que seja, fatura lá seus R$ 30, 40 mil mensais, e apesar disso a garotada só tem como meta as posições mais nobres do futebol. Vá tentar convencer qualquer menino a ser o lateral do seu time na escolhinha. Impossível. Empreendedorismo não é para crianças. Por isso, aconselho meu amigo a vestir a camisa 2 no menino já na maternidade.

Além do destino traçado, o filho do meu amigo já tem até clube. Vai defender o flanco direito do Inter. Não só pela coloradice do pai, mas porque o time do Beira Rio é, de fato, bom de negócio. Vende para a Europa qualquer jogador mediano por valores semelhantes aos que o Grêmio negocia seus melhores atletas. Fosse colocar sua prole no estádio Olímpico, em pouco tempo o menino estaria sendo emprestado para algum time do nordeste, das mais obscuras divisões do futebol brasileiro.

Mais nobre que a perspectiva do herdeiro, de viver no mundo do futebol - ainda que às margens da elite dos centroavantes -, só mesmo a perspectiva do meu amigo. Afinal, quem mais sonha em ser o pai do lateral-direito?

domingo, 11 de abril de 2010

Inquietude é a palavra

Breve texto dominical apenas recomendando um filme do qual não vou me atrever a grandes comentários. Já aprendi que quando a gente é leigo, a gente é leigo. Deixando comentários técnicos para quem entende, quero falar dos sentimentos que a obra exala.

O Segredos dos Seus Olhos, filme argentino que levou o Oscar de filme estrangeiro este ano, é imperdível. Justifica todos os bons comentários que circulam sobre ele, alguns até o apontando como o melhor filme dos últimos tempos.

O filme cumpre com tudo o que uma obra prima tem a fazer: diverte, emociona e, mais do que isso tudo, inquieta. Se fosse classificar em uma palavra este filme, pelo menos sobre o sentimento que me casou, seria essa: inquietude.

Inquietude por não saber bem como julgar os atos dos personagens, sejam eles heróis ou vilões. Na história de um caso de estupro em que não se fez justiça à vitima, tudo parece tão digno de punição e perdão, que é impossível tecer julgamentos definitivos. O certo e o errado parecem apenas uma redução, desconsiderando a complexidade do homem. O diretor, Juan José Campanella, consegue tirar do seu filme qualquer traço de maquiavelismo. Isso é o mais legal.

A trama de amor, o caso policial, a narrativa do herói, todos têm importância secundária diante da grande reflexão sobre o interior das personagens: o estuprador, Isidoro Gomes, o marido da vítima, Ricardo Morales, e Benjamin Espósito, oficial de justiça que, 30 anos depois, decide contar o caso em um livro. Resumindo, há tempos não via um filme de tamanha profundidade, sem ser chato ou cansativo em momento algum. Quem não viu, corra para ver.

P.S: Quem não é leigo, e faz boa críticas de cinema, inclusive sobre O Segredo dos Seus Olhos, é o colega Eduardo Nozari, que mantém o blog sobretudocinema. Assistam ao filme, confiram o Blog. Mas não me abandonem.

sábado, 10 de abril de 2010

O novo do Slash

Após algumas sessões de audição dinâmica, aproveitei a noite caseira de sábado para finalmente ouvir o novo CD solo do ex-Guns N' Roses Slash.

Apresentando diversos vocalistas convidados, como Chris Cornell, Lemmy, Ozzy Osbourne, entre outros, minha expectativa era alta. Queria ouvir algo à altura da falta que Slash faz à antiga banda. Queria ouvir o guitarrista do Guns, não o do Velvet Revolver, que nunca me convenceu. Após ouvir atentamente, acho que no meio termo. Mas para os fãs do guitarrista, vale a pena.

Não é por birra com os crooners, como diria meu avô, mas a faixa do and friends quem mais me agradou foi justamente a instrumental Watch This. Com participação do Dave Grohl (Foo Fighters) e Duff McKegan (ex-Guns), trata-se de um rock bem pegado, riff empolgante, solos incríveis, padrão “fiz o Appetite for Destruction” de qualidade. Esta é imperdível.

Ficou finíssima também a versão de Paradise City, clássica do Guns, com Cypress Hill e Fergie dividindo os vocais. Gosto dos rappers do Cypress Hill, mas aqui achei mais legal pela Fergie, que canta muito, embora muitas vezes seja subestimada pela notoriedade pop que carrega.

Não percam também as faixas We’re All Gonna Die (com Iggy Pop) e By The Sword (Andrew Stockdale, do Wolfmother). Pena que aquela participação que mais me chamou atenção quando vi o cast, Chris Cornell, do Audioslave, não chega a deixar marca no álbum. Ele está na faixa Promise.

A grande conclusão que chego após ter ouvido in loco a atual formação do Guns e agora ao lançamento de Slash, é a de que, se por um lado, nenhum dos três guitarristas de Axl Rose tem sequer quinta parte da inspiração de Slash, por outro, em todas as faixas do álbum and friends, não há vocalista para cantar sobre os riffs do ex-gunner como Axl Rose.

Ouça o CD do Slash aqui.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sentimento traduzido

Tenho um bloquinho da capa azul. É onde anoto muito daquilo que de melhor encontro escrito por aí. Geralmente nos livros. São frases, passagens, diálogos, até parágrafos inteiros. O que já li de melhor está lá. Dia desses, enfiei o bloquinho na mochila, para ir folheando enquanto o trem das 11 (da manhã) me levava a Porto Alegre, como faz diariamente. Grata ideia.

Vi que uma passagem do escritor russo Ivan Turguêniev - no bloquinho já há alguns anos - reflete bem um sentimento que tenho às vezes. Sentimento que, por não conseguir racionalizar, sempre me inquietou. E o que mais buscamos lendo bons pensadores é isso, conceitos que elucidem sentimentos que já temos, mas não dominamos, e eles vão lá e põem no papel.

Neste dia, relendo muitas boas passagens, principalmente da literatura, pude lembrar que o escritor russo, no livro Pais e Filhos, já havia conseguido domar este estranho sentimento, traduzindo-o em palavras. Por isso, vou passar a bola para o Turguêniev. Depois, nos comentários, podemos discutir. Segue:

“O lugar insignificante que ocupo é tão minúsculo em comparação com o resto do espaço em que não estou e onde ninguém se importa comigo! A parcela do tempo onde hei de viver é tão ridícula em face da eternidade, onde nunca estive e nem estarei... Neste átomo, neste ponto matemático, o sangue circula, o cérebro trabalha e quer alguma coisa...que estupidez! Que inutilidade!”

Turguêniev – Pais e Filhos

Às vezes, vocês não sentem isso também?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Diploma: mudei de ideia

Aproveitando que, em 1908, alguém criou a Associação Brasileira de Imprensa,e por isso este 7 de abril marca mais um Dia Nacional do Jornalista, vou pegar o gancho. Vou falar de jornalismo. Quero contar que, quase um ano depois, mudei de ideia com relação à queda da necessidade do diploma para exercer a profisssão. Era extremamente contra, agora não mais. Já sou até um pouco favorável.

É que, dia desses, nem lembro quando, passou aquele medo de perder espaço apenas porque a profissão teve que dar licença aos sem diploma. Passou a tempestade. Em algum momento, lembrei que o jornalismo é, antes de qualquer outra coisa, um ofício para quem sabe escrever. Este é o único regramento que defende toda a classe. Não o diploma, que nunca foi tão difícil de ser obtido, e por isso, nunca garantiu preparo a ninguém. Se ainda considero a universidade importante – e certamente considero – é para sair sabendo mais, conhecendo mais. O canudo é um mero símbolo desta passagem.

Não deixo de ser favorável à obrigatoriedade que tanto defendemos desde o último dia 17 de junho, quando os ministros do STF derrubaram o diploma. Mas confesso que agora é menos por convicção ideológica e mais por interesses pessoais, mesmo. Para saber que, no aperto, até aquela redação que contrataria os iletrados tenha que me aturar porque a lei assim manda. Pelo mesmo motivo que aprovaria se todo jornalista, de repente, tivesse que ser natural de São Chico de Paula. Ainda apoio a causa, mas sei que por razões menores e menos nobres.

Enquanto a intimidade e habilidade com as palavras forem os pré-requisitos maiores para a minha profissão, fico tranquilo. Pois sei que a concorrência é ainda menor. Há mais diplomados do que bons jornalistas disputando vagas no mercado. E as boas vagas, tenho certeza, não permitem enganadores. Falo do texto, mas o mesmo se aplica às mídias eletrônicas. É para quem tem jeito com as palavras, sejam elas escritas ou faladas.

Há muita diferença entre o texto correto e o texto bom. A maioria dos acadêmicos, de qualquer curso, se limita a escrever corretamente. O bom texto, com algum estilo, é para bem poucos. E não o recebemos enrolado no dia da formatura.

Como fui esquecer disso?

Messi é gênio. Será um mito?

Messi é um craque. Dos que já vi jogar, só não tem mais futebol do que Ronaldinho Gaúcho. O argentino tem mais cabeça, mais foco, é menos adepto das dispersões da vida. Por isso, tenho certeza: vai render mais do que o Gaúcho ao longo de sua carreira. Porém, não tem os lampejos de genialidade de Ronaldinho. Messi é aquele craque de 90 minutos. Ronaldinho é o gênio de um segundo.

Também não sei se Messi será um mito, como foi Maradona. O mito precisa de histórias que o tornem imortal. Maradona tem várias. Messi marcou quatro gols ontem, pode vir a marcar mais quatro semana que vem. Mas daqui a 10 anos, 20 anos, lembraremos destes gols? Dificilmente.

O mito precisa viver na memória das pessoas. Belos gols e belas jogadas, infelizmente, se perdem no acúmulo de belos gols e belas jogadas da memória. O que permanece é o fato que vai além da memória, pra misturar-se com a imaginação e a fantasia. É o gol com a mão de Deus. É ganhar uma Copa sozinho. Histórias que o povo conta, aumenta.

O mito precisa que as pessoas torçam por ele. A Argentina “perdoou” o envolvimento de seu ídolo maior com as drogas. O Brasil “perdoou” Ronaldo tantas vezes fora de forma, perdoou Ronaldo com os travestis. Messi ainda é novo, não sabemos o que o fará cair no colo dos argentinos.

Pouco vi Maradona jogar. Mas só a sua lenda já me satisfaz. Ainda resta saber qual será a lenda de Messi.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

10 Blues para o seu outono

Primeiros dias frios do ano, está na hora de ouvir os clássicos do Blues. Na lista de sugestões que apresento aqui, não afirmo que estão os melhores. São apenas os meus preferidos. Os que me orgulho em compartilhar com os leitores, que certamente irão gostar. Afinal, quem não se emociona com um bom Blues, alguém já disse, ou está morto ou é um desperdício de comida.

Como a lista é difícil de elaborar, prometo mais 10 para o inverno. Talvez outros 10 para a primavera. Só o verão não tem a ver com o Blues. Blues é introspecção, o verão não. No clima certo, é até terapêutica a batida e a melodia dos bluesmen.

Os links aqui são todos para o Youtube, mas escolhi versões apenas com áudio, que carregam mais rápido. E podem ser ouvidas caminhando pela casa sem remorso.


1 – Gamblers Blues – do grande Lightnin’ Hopkins. Permitam-me dizer, nenhum bluesmantocou violão como ele (pelo menos entre os que não venderam a alma na encruzilhada). Esta música tem uma introdução de violão que fiz questão de aprender nas primeiras aulas com o mestre e amigo Luis Fernando Herrmann. E a voz de Hopkins é daquelas perfeitas para uma noite de frio, chuva, café, fogão a lenha, nostalgia.

http://www.youtube.com/watch?v=3bz4NUW-B7U


2 – Hoochie Coochie Man – clássico de Willie Dixon, o maior compositor da história do Blues, sem discussões, gravada originalmente por Muddy Waters.Uma das frases de guitarra mais marcantes da história do blues, dobrada por uma harmônica que é a cara do blues. Esta versão é - desculpe o termo pra lá de antigo - matadora.

http://www.youtube.com/watch?v=fQ4NFsw4bOU&feature=fvw


3 – Little Red Rooster –Traduzida livremente como “galinho vermelho”, esta também é de Willie Dixon, gravada originalmente por Howlin’ Wolf. Incluo na lista por ter sido aquela que me fez gostar de blues. Para ser preciso, foi com a gravação do Rolling Stones no álbum Flashpoint, com participação do Eric Clapton. É a que entra na lista.

http://www.youtube.com/watch?v=jyqjRueMyhM


4 – I Just Want to Make Love to You – Todas as (muitas) gravações dessa música me agradam. Certamente, porque a música é boa mesmo. Dá pra escolher a versão de Muddy Waters, de Etta James, do Chuck Berry, é só procurar. Aqui, mando a de Etta James, para ter uma voz feminina (e que voz!)

http://www.youtube.com/watch?v=4Pu_AdU_NQg


5 – Love in Vain – Composição de um dos pioneiros do Blues, o lendário Robert Johnson. A letra é de um drama impossível de passar batido. Algo como o cara que seguiu a amada até a estação e ficou aos prantos ao ver o trem partir, achando que todo o seu amor foi em vão. A versão original, gravada por Robert Johnson em 1937, merece ser preservada nesta lista, por raiva da versão dos Rolling Stones - uma delas, a do Stripped, de 1995 – que me mostrou que eu nunca seria um bom tocador de Blues no violão. Ao contrário do meu amigo Angelo Casara, que a executa com perfeição.

http://www.youtube.com/watch?v=W0ks8Crarlg


6 – They call it Stormy Mondayde T-Bone Walker, é a letra de Blues mais inspirada que eu conheço. Em primeira pessoa, o narrador fala simplesmente de uma tristeza difícil de traduzir e exemplificar. É o lamento do Blues e pronto. Que dura a semana inteira, até que no sábado o cara sai para tocar e se livrar de todos os problemas da dura vida do homem abandonado pela mulher. A interpretação de Eric Clapton, no álbum The Blues, de 1990, é incrível.

Parte 1- http://www.youtube.com/watch?v=gAcPbbfHfJ4&feature=related

Parte 2- http://www.youtube.com/watch?v=vebbLugG0oM&feature=related


7 – The Spy – Poesia pura neste blues do The Doors. O primeiro verso já carrega uma imagem incrível, daquelas que só Morrison saberia criar. Algo como “eu sou o espião na casa do amor. Eu sei os sonhos que você está sonhando”. Também uma das melodias mais bonitas cantadas pelo poeta maior do Rock. Na cinebiografia que leva o nome da banda, Morrison (Val Kilmer) cantando os versos de The Spy para Pamela (Meg Ryan) é uma das melhores cenas do filme.

http://www.youtube.com/watch?v=NmKpUyIAqok


8– Smokestack Lightnin’ – de Howlin’ Wolf, de 1951, um dos intérpretes mais peculiares do Blues. É dele mesmo a versão mais conhecida desta música. O melhor aqui é o clima sombrio criado pelos uivos em falsete de Wolf. Clima que o Aerosmith desconsiderou quando gravou esta Smokestack no seu MTV Unplugged. Apesar disso, a versão deles é boa também. Mas aqui mantenho a do Lobo Uivante.

http://www.youtube.com/watch?v=kAwjZLztd28


9 – I Can’t Quit You BabyOutra do Willie Dixon, gravada originalmente por Otis Rush, mas celebrizada pelo Led Zeppelin, em 1969. Daqueles blues beeeem arrastados, impossível de ouvir em momentos de agitação, mas perfeitos para as horas mais calmas, ou aqueles em que buscamos ficar mais calmos. Mais contemplativos também.

http://www.youtube.com/watch?v=ThMEzdOc6Ww


10 – Champagne and Reefer – Na letra deste Blues, Muddy Waters (dia desses um amigo malandro perguntou se eu conhecia o Águas Barrentas) pede "champanhe de manhã, e um baseado, pra ficar bem chapado". A melhor versão que já ouvi está no recente DVD Shine a light, dos Rolling Stones, onde a banda recebe o espirituoso e craque guitarrista Buddy Guy para cantar e tocar junto.

http://www.youtube.com/watch?v=IUYNg959_H8

domingo, 4 de abril de 2010

Nissin e eu: o reencontro

Após quatro dias na serra, comendo a irreparável comida da mãe, encerrar o feriado mandando um Miojo em São Leopoldo é mesmo um choque de realidade. Mas sem queixas, pois o macarrão instantâneo sempre quebra um galho tremendo nas horas curtas e nas difíceis. E a geladeira oferece duas Brahma Extra quase esquecidas. O suficiente para amenizar o retorno.

Tomara que para todos os leitores o feriadão também tenha passado rápido, voando. O blogueiro ainda espera que todos continuem acompanhando o Blog, faça chuva ou faça sol, na saúde e na doença. Boa semana a todos.

sábado, 3 de abril de 2010

Feriadão é feriadão

Devido à urgente necessidade de rever incontáveis amigos neste feriadão de páscoa, e com cada um tomar um café ou uma cerveja, este blogueiro calculou e concluiu: impossível atualizar o blog neste período festivo. Aos que passarem por aqui nestes três dias, fica um abraço e o desejo de Feliz Páscoa. O que também significa: divirtam-se, amigos.

Abraços e até segunda-feira