segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pelo prazer da polêmica


Nestes últimos dias, muitas pessoas, que até me querem bem, me perguntaram qual show foi melhor: Guns N’ Roses ou Aerosmith? Difícil estabelecer esta comparação. Primeiro, porque eu dificilmente admitiria que um show pudesse ser melhor que o do Guns, mesmo que intimamente eu assim considerasse. Segundo, por tudo o que segue abaixo, sem pretensões de definir nada, apenas divagando e recordando de dois ótimos momentos.

Penso que o que vale o ingresso para um show é mais do que o som, e sim a emoção do momento único de estar assistindo às suas bandas preferidas. A experiência social vale mais do que a musical. No Woodstock, por exemplo, pela precariedade dos equipamentos, o som era muito mais imaginado do que ouvido. O belo áudio que ouvimos em DVD não se compara ao que, de fato, foi vivenciado por quem viveu o festival. Mas quem não queria ter estado lá?

O Aerosmith tocou melhor. É impossível comparar o entrosamento de um time que joga junto há quase 40 anos, com um apanhado de músicos que Axl Rose reuniu às pressas, como se fosse jogar uma pelada. A banda de Steven Tyler não deixa brecha para críticas quanto às execuções das músicas. Faz tudo como esperamos. O Guns, em alguns momentos, quer ir além do trivial das canções e vacila.

Outro ponto a favor dos responsáveis por Get a Grip e Nine Lives foi ter privilegiado os clássicos em seu repertório. Todo o público pôde cantar junto o tempo todo. O Guns, até por estar em turnê de lançamento, mesclou clássicos com músicas novas, sendo que muitas não caíram no gosto dos antigos fãs.

A favor de Axl, devo dizer que o espetáculo visual do Guns foi incomparável. Ainda que tenham sido duas mega-produções, o Aero fez um show mais simples, sem grandes pirotecnias. Axl apostou em um rico espetáculo de explosões, telas de led e efeitos de luzes. Resultado: uma experiência que envolve o público em seus cinco sentidos, é impossível não “entrar” no show com toda aquele espetáculo.

A comparação objetiva é impossível. Guns sempre foi minha banda de rock preferida. Aerosmith sempre esteve um pouco abaixo. Por outro lado, impossível não considerar que o Guns, hoje, também atende por Axl e banda. Ainda assim, vibrei mais com Welcome To The Jungle do que com qualquer clássico super bem executado pelo Aero, como foram todos.

Foram dois grandes shows, disso não tenho dúvida. Ambos inesquecíveis. Se precisasse dizer qual foi o melhor, cravaria Aerosmith. Mas o preferido, ainda foi o do Guns. Porque não poderia ser de outra forma.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aerosmith foi o Aerosmith

A cerveja estava a R$ 8,00 a lata. Vendiam capas de chuva a até R$ 10,00. Copo d’água a R$ 4,00. Mas o show do Aerosmith, simplesmente, não teve preço.

O setlist foi irretocável. Não dava para exigir todos os clássicos porque não cabem em um repertório de duas horas. Mas das 19 músicas tocadas, pelo menos 15 não poderiam mesmo ficar de fora. Emoções intensas, ainda que diferentes, quando ouvi Falling in Love e What it Takes, duas das preferidas, sem dúvida. Uma boa surpresa foi Mama Kin, lá dos primórdios.

Surpreendeu o solo do baterista Joey Kramer. Trata-se do músico mais “comum” da banda, o menos badalado, com certeza. E, de fato, poucas são as músicas do Aero que contam com passagens de bateria que fujam do óbvio. Mas Kramer embalou o público, e ainda rolou uma canja percussiva do Steven Tyler, baterista de origem.

Uma parte bem puxada pro blues foi outra coisa que eu não estava esperando. Stop Messin’ Round e Baby Please Don’t Go, em sequência, foi um dos momentos mais catárticos das duas horas de show.

Momentos “quem viu, viu”

O que tenho mais presente na memória de qualquer show são aqueles momentos únicos e curiosos que ocorrem no palco. Ontem, foi engraçado quando, durante What it Takes, Tyler, que cantava a capella, deixou um trecho para a galera cantar. Como ninguém se atreveu a alcançar o tom da música, houve um certo silêncio. Eis que o vocalista, assustado, grita: “IS SOMEBODY PAYIN’ ATTENTION??” (algo como, alguém está prestando atenção??). Sensacional.

Lembro vivamente do show do Pearl Jam, em 2005, quando, em determinado momento, o Eddie Vedder começou a dançar com a filha, que estava ao lado do palco, no colo da mãe. No show do Guns, durante Patience, tocaram um boneco do Homer Simpson no palco, e o Axl começou a simular uma masturbação com o boneco. Cômico. Assim como as do show de ontem, são memórias de quem esteve lá e pode ver aquilo que não aparece em DVD. E que não tem preço.

Setlist do show (comentado):

1 - Love in an elevator (legal, mas a abertura poderia ser com Eat The Rich)
2- Mama kin (grata surpresa, uma das que mais agitou)
3 - Falling in love (is hard on the knees) (das minhas preferidas, não tinha como ficar de fora)
4 - Pink (antes de começar a música, Tyler soltou um "e aí, gaúchos!")
5 - Dream on (confesso que não sou muito fã da clássica Dream On. Mas na hora passa)
6 - Living on the edge (idem 3)
7- Jaded (legal)
8 - Crazy (muito legal)
9- Cryin’ (incrível, fechando esta sequencia legal)
10 - Solo de bateria (surpreendente a qualidade do solo do Joey Kramer)
11- Lord of the thighs (com longa passagem instrumental, ficou bacana)
12 - I don´t want to miss a thing (canção praticamente de domínio público, todo mundo cantou e foi sensacional)
13- Rag doll (depois de uma balada, um bom rock pra retomar o agito)
14- What it takes (a minha balada preferida, me emocionei)
15- Sweet emotion (idem 5)
16- Stop messing around (Blues que, ao vivo, teve uma pegada ainda mais blueseira)
17- Baby please don´t go (idem 16)
18 - Draw the line
19 - Walk this way (começou o bis. Refrão mais empolgante do Aero, grande momento)
20 - Train kept a rolling (foi triste porque sabíamos que seria a última. Mas fechou com estilo. Bela música das antigas)

Foto: G1 (em breve, outras)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

É hoje! 5 músicas para esperar o Aerosmith (post requentado)

Eat The Rich – Curto muito dos riffs de guitarra de Joe Perry, nesta música em especial, mas em quase todas também. Poderia citar Walk This Way, Mama Kin, Train Kept a Rollin’. São vários riffs incríveis. Toca demais! Uma versão ótima de Eat The Rich abre o álbum ao vivo A Little South of Sanity. Mas aqui mantenho a original, do álbum Get a Grip (aquele da teta da vaca).

http://www.youtube.com/watch?v=vA50YHAskII


Falling in Love (is hard on the knees) – Durante um bom tempo, era a música que eu colocava para acordar de manhã, no inverno serrano. Falling in Love e uma água gelada no rosto eliminam qualquer sequela da noite anterior. O álbum Nine Lives foi um dos primeiros de Rock com o qual tive contato, devia ter uns 13 anos, no máximo. Até hoje, é um dos preferidos.

http://www.youtube.com/watch?v=PwvQ1SSedas


What it Takes – não há banda de Rock melhor do que o Aerosmith para compor baladas, principalmente as românticas. Considerando Cryin’, Crazy, Amazing, Angel, Hole in My Soul, entre outras, minha preferida é mesmo What it Takes, do álbum Pump. Acho que é algo na melodia do vocal de Steven Tyler que a torna tão diferente.

http://www.youtube.com/watch?v=YbzU00GWTpQ&feature=related


Girls of Summer – Enjoei de tanto assitir ao clipe na MTV, lá pelos idos de 2002. 50% pela música, 50% pelas três belas mulheres elencadas. Curto especialmente o vocal de Steven Tyler, cantando as estrofes, e lembro do quanto apanhei para entender a letra, na época. Esta pode ser encontrada na coletânea Oh Yeah! – The Ultimate Aerosmith Hits. Aqui, logicamente, o link é para o clipe.

http://www.youtube.com/watch?v=TmE3K3yJops

Kiss Your Past Goodbye – A melhor introdução de uma música do Aerosmith está aqui. Refrão bacana também, mas nada comparáel à beleza dos primeiros acordes e versos da faixa 10 de Nine Lives. Posso afirmar que é uma das canções menosprezadas da banda. Raramente entra em coletâneas ou gravações ao vivo. Por isso, pouca gente conhece.

http://www.youtube.com/watch?v=oRuvu5xeA8s

terça-feira, 25 de maio de 2010

Recomendo

Dificilmente caio na fria de assistir a um filme ruim. Procuro me cercar de todas as boas referências antes de me acomodar para assistir. Às vezes o filme já começou, eu dou “pause” e ainda vou na internet ler mais a respeito, pra não ter dúvidas.

Embora leia muitas críticas espalhadas pelos sites especializados e revistas, ainda dou mais crédito às indicações dos amigos. Críticos de internet e revista a gente não escolhe, mas selecionamos os amigos cujas opiniões cinéfilas consideramos.

Dos especialistas, tenho sérios problemas em concordar com os críticos da Rolling Stone, por exemplo. O efeito já é inverso. Assisto a qualquer filme que não receba mais do que três estrelas pela avaliação da revista. Sou mais pautado pelas opiniões informais mesmo.

E foi por uma boa indicação de um amigo, aliada às boas repercussões na mídia, que assisti ao fantástico The Blind Side (desconsiderem o sofrível nome em português Um Sonho Possível). É incrível como todo filme que tem futebol americano como pano de fundo dá certo (alguns exemplos: Um Domingo Qualquer, Meu Nome é Rádio, Jerry Maguire: a grande virada). Mas aqui, o que mais interessa - como em Rádio - é o humanismo do enredo, de como a boa vontade pode transformar vidas (e parei com a auto-ajuda).

Naturalmente simpatizo com filmes inspirados em histórias reais, como é o caso de Blind Side. E gosto mais ainda do clichê mais básico deste tipo de produção, que é quando o personagem que inspirou a história aparece na última cena, ou nos créditos. Minha mãe até estranha quando recomendo a ela algum filme que não tenha esta característica. Gosto mesmo. Não só no cinema, pois a literatura de não-ficção também me fascina.

De qualquer forma, não vou tecer grandes comentários sobre The Blind Side, o filme que, recentemente, deu à Sandra Bullock o Oscar de melhor atriz. Só vou recomendar que assistam. Como fazem os bons amigos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Treinos da seleçinha, tô fora

Sempre que se aproxima o tão esperado mês da Copa do Mundo, e tudo vira discussão sobre a seleção, é quase impossível não tecer ao menos algumas linhas a respeito, por mais que esta equipe sem graça desmereça a atenção que o selecionado brasileiro normalmente merece.

Ao ver as primeiras notícias sobre os treinamentos pré-Copa, realizados em Curitiba, lembrei do período que antecedeu ao mundial de 2006, quando este blogueiro, na época apenas estudando, passava as tarde assistindo até as rodas de “bobinho” feitas pelos jogadores e detalhadamente analisada pelos comentaristas. Mais inútil do que uma sessão da tarde, sem dúvidas, mas igualmente divertido no âmbito da pacificação mental quando se tem 18 anos e nenhum emprego em vista.

Divertido porque lá estavam os melhores jogadores do Brasil. Mesmo que na Copa o time tenha perdido (evito dizer que tenha fracassado, por a França também era uma boa equipe), quem tinha de estar lá, estava. Ao contrário dos 23 que vão para a África, onde muitos ocupam quase sem-vergonhamente os lugares dos craques como Ronaldinho, Adriano e Ganso, além de outros que deveriam estar lá, como Hernanes e Lucas, por exemplo.

Ao ler sobre os primeiros treinamentos neste período que antecede a Copa, agradeci ao suposto criador por estar com as tardes bem ocupadas. Não assistiria aos treinamentos nem que quisesse. Mas não quero. Deste time, verei tão somente os jogos. E se entrar o Júlio Baptista, mudo de canal.

domingo, 23 de maio de 2010

Eis o principal motivo da não-atualização deste Blog no fim-de-semana


Umas das centenas de fotos tiradas neste sábado, durante a desgastante, porém divertida prova de togas dos formandos em Jornalismo 2010/1 da Unisinos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Paixões que passam (pelo ouvido)

Será que estamos condenados a viver uma eterna transição de gostos e costumes? Hoje, exatamente como fazia há 10 anos, escuto uma música e penso estar diante do melhor som que já me chegou aos ouvidos. Imagino que ela jamais se tornaria enfadonha ou irrelevante para mim. Mas essa intrigante volubilidade a qual estamos submetidos, faz com que eu não deixe nunca de rotular novas músicas como as melhores que já ouvi. E a qual quero continuar ouvindo para o resto da vida. No amor é assim também. Mas por enquanto vamos ficar apenas com a música, pois é sexta-feira e a mente está cansada.

Minhas primeiras idolatrias datam do ano 2000. Começando aos 13 anos, com o Kiss. Passou para o Guns N’ Roses e daí para o The Doors, sendo esta a tríade do Rock até os 20 anos. Depois veio a MPB, com Baden Powell primeiro, e em seguida o João Bosco. Finalmente passei a ter ídolos no jazz, como Miles Davis, o primeiro, depois Charles Mingus, o maior até aqui. Ainda curto todos, e os quatro últimos, ouço diariamente. Mas quem garante que com o tempo eles não caiam no ostracismo, assim como o Kiss e o Guns, cujos cd’s já passei mais tempo escutando do que a todos os jogos do Grêmio na Gaúcha, juntos? E o The Doors, minha segunda discografia completa, minha barba e barriga em homenagem ao Jim decadente, quanto tempo faz que não os escuto?

Hoje não imagino poder ficar algo além de duas semanas sem escutar os grandes do jazz. Mas João Bosco e Baden já viraram audições mensais, e olha que é o Baden Powell, parceiro do Vinicius e guru do Yamandú, e o João Bosco, parceiro maior do grande Aldir Blanc. Só que anos atrás eu também considerava inconcebível ficar sem ouvir Kiss, Guns, ou Doors. Não sei por quais caminhos trilhará daqui para frente a minha preferência musical, a que novas aventuras ela poderá me levar, ou se finalmente chegou ao seu destino final com a MPB e o Jazz instrumental.

Doce ilusão. A (triste?) verdade é que tudo é mesmo passageiro, algumas coisas mais, outras menos, e logo estarei ouvindo diariamente outras músicas, outros gêneros, e até Charles Mingus pode também passar meses sem que eu o escute. Acho que no amor é assim também.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fora de campo, batalhas piores

Sobrou até para o bairrismo gaúcho. Terminada a peleia entre Grêmio e Santos, em que os paulistas saíram classificados, começaram a pipocar na imprensa notícias que incendiaram mais o confronto do que tudo o que se leu e ouviu antes do jogo. E nem me refiro às declarações dos jogadores antes de descer aos vestiários.

Atenho-me a que li no site da ESPN, pouco após o término da partida. Notícia de que a torcida do Grêmio na Vila Belmiro teria chamado torcedores do Santos de “filhos de nordestino” e “povo sem cultura”. Não sei o que soa mais absurdo, se esta manifestação infeliz dos torcedores, ou se a notícia se referir à “torcida” e não a “torcedores do Grêmio”, o que aquela minoria de fato representava. A generalização perigosa acabou gerando mais de 200 comentários ofensivos aos gaúchos no site.

Como sempre acontece, o futebol saiu das quatro linhas para o campo das representações sociais.
Outra crítica foi a estes mesmos torcedores, que cantaram o hino rio-grandense em plena execução do hino nacional antes do jogo na Vila. Falta de educação lamentável, concordo. Defendo o orgulho de ser gaúcho, mas querer demonstrar alguma superioridade, seja como for, como querer impor o canto do seu hino sobreposto são do Brasil, é bairrismo descabido e pouco inteligente.

Curioso foi ler como estas mesmas pessoas que se manifestaram contra o preconceito dos torcedores (ou melhor, da “torcida”) gremistas, nos mesmos comentários acusaram os gaúchos de separatistas,. vergonha do Brasil, falsos argentinos, e daí para pior. Até incentivaram a separação do Rio Grande do resto do país. Um paulista chegou a afirmar que seria “um Estado a menos para São Paulo sustentar”. Fantástico.

O futebol é mesmo apaixonante. Mas comporta também todas as distorções que as paixões acarretam.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Poesias do seu Manoel

Li hoje mesmo a notícia da estreia nos cinemas do documentário Só Dez Por Cento é Mentira, biografia do poeta Manoel de Barros. Não sou profundo conhecedor de poesia - no máximo arrisco alguns sonetos de Augusto dos Anjos e umas quadrinhas do Quintana - mas sou fã, muito fã, dos poemas do Manoel.

Fã do Manoel, não só pretendo assistir ao documentário tão logo sobre um tempinho, como, antes disso, quero brindar a todos com um pouco da poesia do mato-grossense.

Para começar, é dele a frase que há pelo menos um ano aparece na minha descrição pessoal no Orkut: “O olho vê, a memória revê e a imaginação transvê”. Não lembro de ter lido nada mais bonito do que isso em tão poucas palavras. Aliás, Manoel de Barros é ótimo frasista. Seria um “tuiteiro” e tanto (há no Twitter apenas um fake em homenagem a ele).

Nos poemas deste simpático senhor de 93 anos, há sempre um desconcertante jogo de palavras, que criam imagens tão belas quanto oníricas. Lembra às vezes os neologismos do Guimarães Rosa. Manoel escreve: "Hoje nao saio de mim, nem pra pescar..." e isso pode ser mais rico do que todo um romance. Ou “"Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para poesia”. Não são criações de um poeta qualquer.

Dito tudo isso sobre o Manoel, agora que tal isso?

A poesia está guardada nas palavras -- é tudo que

eu sei.

Meu fado é o de não saber quase tudo.

Sobre o nada eu tenho profundidades.

Não tenho conexões com a realidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.

Para mim poderoso é aquele que descobre as

insignificâncias (do mundo e as nossas).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.

Fiquei emocionado e chorei.

Sou fraco para elogios.

É Manoel de Barros.

A propósito, cá entre nós, quem quiser fazer o download de um belo livro do MC (MC?) em formato de Word, clica aqui. É o Livro das Ignorãças. Não por ser de graça, mas vale a pena.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Aflições

Confesso que levei um susto quando caiu a ficha do confronto que teremos quarta-feira. Foi de uma postagem no Twitter do blog Grêmio Copero (sic). Alertava para a improvisada linha de defesa gremista, que, entre feridos e suspensos, terá Joílson, Ozéia, Rafael Marques e Edílson (este o único titular, mas fora da sua posição de origem, a lateral direita). Do outro lado, Ganso, Robinho, Neymar e André.

E ainda há quem pense que a não-convocação para a seleção é o que está deixando o goleiro Victor abatido. Durma com uma defesa dessas, contra um ataque desses! Ter colocado Mário Fernandes, que sofre de dores crônicas nos ombros, contra o Corinthians, foi uma temeridade que deve cobrar caro. Na lateral-esquerda, impossível não culpar o azar, tendo três laterais lesionados em menos de seis meses.

Para o Grêmio, de forma alguma este pode ser um jogo de defesa contra ataque (aqueles em que um time se retranca par segurar um empate). Jesus chamaria na certa. De qualquer forma, sair classificado da Vila Belmiro vai ser tarefa dificílima, quase impossível, dada a quantidade de remendos que o já limitado time vai se submeter. Mas, como já dizia aquela ovelha em meio a cem lobos, "não está morto quem peleia"!


domingo, 16 de maio de 2010

Ensaio sobre uma sensação cujo nome desconheço

Sinto que vou passar por esta vida sem conseguir apreender algo que, me parece, pode ser justamente a sua essência. Não sei se serei mais um frustrado, pois também desconheço se a mais alguém parece haver na existência esta coisa inapreensível.

É como o tempo, por exemplo, do qual temos várias noções, mas nunca entendemos plenamente. Há um sentimento recorrente que me escapa a compreensão. Mas vou tentar descreve-lo, embora até isso seja difícil.

Parece uma necessidade de compreender porque é bom estar no mundo, participando de algo que seja o “mundo”, mas que só é bom absorvendo o tempo presente da existência. Por isso, ao mesmo tempo em que é uma sensação ótima, é também de melancolia, de reconhecer nossa finitude.

É um sentimento recorrente quando ouço determinada música, que pode ser You Can’t Always Get Whay You Want, dos Stones, quando brinco com um gato e ele se retorce todo, aí faço faz cócegas na barriga dele, quando leio os devaneios de Jack Kerouac numa noite fria, quando troco a calça jeans e a camisa pólo pelo abrigo, a camiseta desbotada e o casaquinho cinza de malha sempre que chego em casa. São só algumas ilustrações.

O mais intrigante é que esta mesma sensação me ocorre também em momentos de fragilidade emocional, e são quando acho a melancolia bela, reconheço nela algum prazer de simplesmente senti-la. Pode ser quando alguma pessoa vai embora e sei que dificilmente voltarei a vê-la, quando vejo um cachorro dormindo tranquilo no pé da escada na estação do trem ou quando presencio uma discussão sem sentido algum.

Só pode ser inquietante uma sensação da qual ão se conhece nenhum conceito. Mas em todas estas alegrias e tristezas, que não duram um segundo, percebo uma certa paz, que me liga a essa experiência que não sei contar. Solos de sax têm poderoso efeito de trazê-la à tona. É uma angústia de se pegar pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo.

Às vezes dá vontade de deixar tudo de lado e contemplar esta sensação, a fim de absorvê-la e se deixar tomar por ela. Mas não sei como faria isso. Henry D. Thoreau, poeta americano, morou dois anos, dois meses e dois dias em uma cabana em um bosque, justamente para “sugar o tutano da vida”, tirar o que nela há de mais essencial, livrar-se das simulações da vida.

Gosto da intenção dele, mas considero que este tutano está justamente no cotidiano, junto dos seres que estão conosco nesta experiência de viver, não precisamos de isolamento para extrair da vida a nossa própria.

O cotidiano, infelizmente, tende a nos afastar da reflexão. Leva-nos a, pura e simplesmente, agir dentro de uma rotina quase mecânica. Talvez aí esteja a culpa de, quando uma breve sensação de felicidade, que nos aparece nas alegrias ou nas pequenas tristezas, ser tão difícil de compreender. É perturbador. Mas quem mandou querer entender a vida?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Gato Zarolho para o seu outono

Há alguns dias, pedi ao amigo Rafael Cavalcanti, que fala oxe e da gota, para listar algumas músicas alagoanas, e assim promover, neste blog democrático, a cultura da sua terra. Mostrar que não só Hermeto Pascoal, Djavan e Rafael Cavalcanti são filhos ilustres daquele chão.

Não sei se por preguiça ou convicção, mas fato é que o Rafael, que após duas temporadas gaudérias voltou para Maceió, mandou de lá cinco músicas da mesma banda. Chama-se Gato Zarolho, e, segundo o amigo, está lançando o primeiro CD, Olho Nu Fitando Átomo.

São do e-mail que o Rafael, futuro jornalista e senador por Alagoas, sucessor de Heloisa Helena, mandou ontem, as palavras abaixo:

A minha seleção, na verdade, é a opção por apresentar uma única banda, que me encantou profundamente com o seu primeiro álbum. São onze músicas caprichadas.

Há muuuita coisa boa por aqui, que daria para fazer um mês especial com postagem diária só de música alagoana contemporânea. Espero que a gauchada apreciadora da boa música curta tanto quanto os cabras-da-peste das Alagoas.

Abaixo, 3 músicas da Gato Zarolho (banda boa mesmo!). É só clicar no nome para ouvir.Também o link para a página oficial da banda, onde, além de letras e cifras, há o link para baixar o álbum inteiro.

Inês é morta

É com você e a sorte

O mágico

www.gatozarolho.com.br

Enredos singulares


A virada sobre o Santos, na chuvosa noite de ontem, foi certamente um dos 5 maiores jogos que já vi do Grêmio. Claro, tirando do contexto e pegando somente o jogo, os 90 minutos. No quesito elementos dramáticos, só mesmo a Batalha dos Aflitos foi mais rica.

O enredo do 4x3 conquistado ontem abusou dos clichês dos grandes jogos. Tivemos a iminência da derrota, com dois gols sofridos antes dos 20 minutos de jogo, pênalti perdido, goleiro adversário fechando o gol, craque do time intimidado e ouvindo vaias da torcida, improvisações desastrosas na escalação, um arrepio na espinha a cada contra-ataque dos adversários, mais rápidos e mais habilidosos. Foi contra tudo isso que o Grêmio teve que mostrar sua força na noite de ontem. Virou o jogo com a incrível bravura dos que nada têm a perder.

O Grêmio de quarta-feira, 12 de maio de 2010, lembrou aquele que foi à Colômbia buscar uma Libertadores. Aquele que conquistou a Copa do Brasil em 1997, em pleno Maracanã, contra o Flamengo, de Romário. Ou o que alcançou o mesmo feito em 2001, contra o Corinthians, no Pacaembu. Que derrotou o Náutico, nos Aflitos, em 2005, numa das maiores façanhas já vistas no futebol. E que foi ao Beira-Rio ,em 2007, uma semana após perder a Libertadores, e fez 2x0 no Inter, que anunciava um funeral azul.

Em uma década e meia, mesmo não sendo o período das maiores glórias da história tricolor, creio que já vi boas mostras deste clube de triunfos improváveis e enredos pra lá de singulares.

Foto: Jefferson Botega (ClicRBS)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bye, bye, Brasil

Deprimente a seleção brasileira que vai à Copa do Mundo. Só deve ter agradado mesmo aos treinadores das demais seleções, que certamente temiam o possível enfrentamento com uma equipe que poderia ter, como alternativas no banco, Ronaldinho, Adriano, Pato ou Neymar. Jogadores que podem mudar qualquer partida que se anuncia perdida.

Dunga abriu mão de ter estas alternativas para levar aqueles jogadores que estão "fechados" com ele no nobre espírito de servir, com amor, a seleção. Virou quartel. É muito fácil ter a fidelidade de jogadores medianos como Josué, Felipe Mello, Kleberson, Michel Bastos, Júlio Baptista e Grafite. Para eles, a seleção é um favor, uma benção. Toda gratidão ao treinador é pouca. Os adversários certamente agradecem, desde já, por esta seleção brasileira pálida que vai ao mundial.

Sobre este time insosso, escrevi ainda no ano passado, no Portal3, e mantenho minhas posições. Dunga pode até ser campeão com essa seleção, pois, de fato, ela tem sido eficiente, mas ainda assim, será o time menos carismático que já vi. Não pode ter um único craque, e este ainda ser o previsível Kaká. Luis Fabiano e Grafite não têm a importância de meio Adriano. Gilberto Silva, Josué, Felipe Mello e Kleberson. É isso o que temos de melhor como volantes? Sandro, Lucas, Hernanes e até o Elias, do Corinthians, seriam opções melhores.

Não quero saber de seleção brasileira nesta Copa.

Bye, bye, Brasil.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Apego não é amor

Hoje, irei me meter onde não devo. Vou falar de amor. Amor e apego. Das diferenças entre dois sentimentos tão próximos, vistos à distância, mas que, de perto, mostram-se antagônicos. Defenderei que amor e apego estão grudados, mas de costas um para o outro.

Cada vez mais, desconfio do sentimento que prende. O apego é egoísta. Não somos culpados pelo apego, pois nos educam para cultivá-lo sem sequer sabê-lo. Mas, quanto mais busco compreender o apego, não sobram dúvidas de que vale o sacrifício de evitá-lo.

Escreveu Fausto Wolff, jornalista e escritor dos bons: “Amor à vida significa que todos tenham uma vida digna. Apego à vida significa: a maioria tem de se sacrificar para que eu possa gozar a vida.” Em nossas relações cotidianas, não é diferente. O que ama pensa no outro. O que se apega pensa em si.

Em qualquer relação, não se sofre por amor, mas sim pelo apego. A doutrina budista toda gira em torno da necessidade do desapego para extinguir o sofrimento. Temos apego principalmente pela vida, que não aceitamos que possa ser finita, passageira. Então sofremos.

O desapego, embora louvável, é difícil de alcançar. A proximidade destes sentimentos em nossa cultura faz com que sejam pensados como sinônimos, por isso cedemos ao apego assim como ao amor. E confundimos desapego com desamor.

Oculta-se que o desapego é o melhor caminho para desenvolver nossa capacidade de amar. É sem o apego que aprendemos a sentir sem esperar retorno.

O amor não prende, só cuida. O apego prende e descuida. Desapegar-se ensina a amar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Manias, meras manias

Não me incomoda ser um maniático. Coleciono e acumulo manias. São tantas, que fica difícil até escolher algumas para comentar aqui. A própria indecisão é uma.

De todas, a mais antiga é a de deixar tudo inacabado. Desde a última Trakinas que morre no pacote, até as tarefas domésticas, como lavar a louça, recolher a roupa. Sempre sobra uma uma peça no varal ou um prato na pia. Já cansei de ler livros até o penúltimo capítulo e depois os devolvi à prateleira. Chego a deixar uma unha por cortar, só para não terminar o serviço. E mesmo meus textos, me parecem sempre inacabados, faltando a frase final.

Não conseguir falar com alguém que esteja a minha esquerda. A não ser que haja alguém à minha direita. Aí sim.Pode ser chamado de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mas prefiro mania. Se estivermos caminhando, você, leitor, e eu, lado a lado, saiba que só haverá diálogo se eu estiver do lado esquerdo. Você à direita. Ou ficarei inquieto, falando de forma confusa e desinteressada. Com educação, pedirei para atravessar à sua frente a fim de me postar à sua esquerda. Preciso ter, sempre, alguém à minha direita.

Não consigo ler ou escrever com relógio de parede por perto. O tic-tac dos ponteiros soa como um sino de igreja. Escovar os dentes com a torneira da pia fechada, é impossível. Anotar alguma coisa na aula? Só por cima das dezenas de listas "top 10" do meu caderno. Na escola, eram as letras de música traduzidas e as escalações de times de futebol. Caderno é para entretenimento.

Ao mesmo tempo em que são nossas maiores particularidades, nossas manias também nos assemelham. Nos reconhecemos facilmente nos hábitos que percebemos nos outros. Ter uma mania em comum é um primeiro passo para gostar de alguém. Pois rende, no mínimo, um bom papo.

Manter as boas manias é tão necessário quanto cultivar boas amizades, ver os bons filmes e ler a boa literatura. Elas estarão conosco até o fim, às vezes com o simples propósito de nos trazer lembranças como “faço assim desde pequeno”, ou “minha mãe sempre achou isso estranho”. As manias nos tornam facilmente identificáveis.

Mania é estilo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Na noite serrana

Meu amigo Lougan Ribeiro postou no Orkut esse vídeo, que é um blues tocado pelos também camaradas Gabriel (vocal e violão), Felipe (violão), Adão (baixo) e Leonel (teclado), além do próprio Lougan, na bateria. O "palco" é o Taylor’s Café, de São Francisco de Paula. Eu assistia ao lado da cinegrafista, com uma Heineken na mão, para não fugir às tradições.

Como a qualidade do vídeo está bacana, para uma gravação amadora, resolvi compartilhar aqui. Embora todos sejam da turma, o destaque maior vai para os solos de teclado do Leonel. Finíssimos. A música é Tina Nina Nu, do Stevie Ray Vaughan.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O formando e sua música

Na última sexta-feira, tive que finalmente decidir qual será a música da minha formatura. Ou melhor, decidir quais não seriam as músicas da minha formatura. Queria que fossem tantas, por isso foi penoso optar por aquela que embalará a caminhada deste blogueiro rumo ao diploma, prevista com otimismo para os derradeiros dias de agosto.

Vou adiantar aqui duas que poderiam ter sido, mas que foram postergadas para uma próxima formatura. Quem sabe do curso de culinária taiwanesa que meu amigo made in Maceió Rafael Cavalcanti tanto me estimula a fazer, e que está na pauta pós-graduação, embora nas últimas posições.

A primeira é Roadhouse Blues, do The Doors. Durante muito tempo, foi uma convicção. Seria esta a trilha sonora escolhida. Precisava de uma introdução matadora, e que ainda simbolizasse muito daquilo que eu gosto. O Blues, por exemplo. É parte importante da minha personalidade. Não sei exatamente quando, mas acabei desistindo de Roadhouse. Seria muito óbvia, para aqueles que me conhecem. Pecaria pela falta de criatividade.

Desistindo de Roadhouse, passei a flertar com várias outras músicas, ora um Jazz, ora MPB, ora Rock N’ Roll, ora Blues de novo. Até que um belo dia, decidi por Whole Lotta Rosie, do AC/DC. Introdução matadora, repleta de significados bem pessoais, de uma banda que está entre as preferidas. Fui fiel aos critérios de escolha iniciais. Parecia perfeito levantas da cadeira com um riff de Angus Young ao fundo. E assim seria, se não fosse diferente.

Vai ser diferente. Por um insight, um impulso, cheguei àquela que os convidados, meus e de meus colegas, terão de aturar por alguns segundos, talvez 1 minuto. Não há mais tempo para substituições, pois o CD já está com a produtora. Sem arrependimentos, só me resta continuar ouvindo aquelas que ficaram de fora. E não pensar mais nisso.

Em 28 de agosto, o dia seguinte à cerimônia, a escolhida estará aqui neste Blog. Uma série de justificativas a acompanharão.

domingo, 2 de maio de 2010

A sorte não brinca na gangorra Gre-Nal

Curioso como, em um ano, o Grêmio virou um time melhor do que o Internacional. Cresceu em qualidade técnica e equilíbrio, enquanto o rival decaiu vertiginosamente. A conquista do Gauchão 2010 pelo tricolor, mais do que pela raça, pela torcida ou pela sorte - fatores tão comuns de decisão no futebol - passa, e muito, pela qualidade.

Lembro do Inter de 2009, festejado como o melhor elenco do futebol brasileiro. Lembro de craques como Nilmar, Alex, D’Alessandro e Kleber. Taison surgia como uma promessa de craque. Tudo eram boas perspectivas no Beira-Rio, até começarem os maus negócios.

Um a um, foram saindo os jogadores de exceção. Começou por Alex, em seguida Nilmar, depois o bom volante Magrão. E a reposição nunca foi à altura. Vieram Alecsandro, para o ataque, e Edu, para o meio de campo. Nenhum dos dois faz sombra aos antecessores. Ao mesmo tempo, Taison desapareceu , assim como o futebol de Kleber e D'Ale. O zagueiro Sorondo passou a conviver com seguidas lesões, e nunca mais foi o mesmo. Voltou Fabiano Eller, do time campeão mundial de 2006, carregando nas costas o peso dos anos.

Resultado do fim desta fase de grandes jogadores é que hoje, embora ainda seja capaz de boas campanhas, o Internacional tem uma equipe comum. Impõe respeito pela camisa, mas não causa medo no adversário. No grupo atual não tem mais um jogador sequer capaz de desequilibrar. Tampouco o conjunto tem força para ser o fator de desequilíbrio, pois o treinador sequer tem seus 11 titulares definidos.

Enquanto isso, o Grêmio, que no 1º semestre do 2009 apresentou um time incapaz de disputar a Libertadores em condições de ser campeão, e no 2º foi coadjuvante durante todo o Brasileirão, começa a arrumar a sua casa. Agora parece precisar de poucas peças para estar entre os melhores do Brasil. Isto porque, neste ano, só foram feitos bons negócios. As contratações foram pontuais. Poucas e boas. Saiu Réver, veio Rodrigo. Saiu Maxi López, veio Borges. Saiu Tcheco, veio Douglas. Saiu Douglas Costa, veio Hugo. Leandro veio suprir a carência de velocidade. Em nenhuma dessas trocas houve perda de qualidade. Houve acréscimo.

Principalmente em seu meio de campo, o Grêmio desta temporada é mais forte. A volta de William Magrão e a criatividade de Douglas não deixam dúvidas. Ter como opções Fabio Rochemback, Hugo, Mythiuê e Maylson é outra vantagem importante. Quando voltar o lesionado Souza, o banco de reservas estará ainda mais recheado. Como já escrevi anteriormente, o tricolor passa de médio pra bom.

Em 2010, o Grêmio aprendeu que precisa de qualidade para chegar aos títulos. Só com raça e superação, não dá. Aprendeu com as boas campanhas do maior rival nos últimos anos. Rival que, ao que parece, já esqueceu por que ganhava.