domingo, 17 de abril de 2011

Dois tercetos e sete parágrafos sobre a felicidade


Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

Os versos acima encerram o soneto Felicidade, do poeta português Vicente de Carvalho. Não sou um grande leitor da poesia lusitana, mas conheci estes versos por acaso, e, fato raro, não os esqueci mais.

Reflexões sobre a felicidade, ainda que geralmente improdutivas, são necessárias. Viver sem reflexão é ser guiado pelo piloto automático. Não tem graça. O que segue, portanto, são parágrafos sem nenhum encadeamento. Meras reflexões dominicais.

A felicidade como única obrigação da vida, conforme nos ensinam, pode ser tão somente a busca incessante da felicidade.

Alguém já cogitou que talvez a felicidade não tenha essa importância toda? Vinicius de Moraes, por exemplo, sugere que é melhor viver do que ser feliz.

Por que, afinal, a felicidade nunca está onde nós estamos, se nós é que a pomos? Só pode ser para não darmos por encerrada essa missão maior, de buscar ser sempre mais feliz.

Estando a felicidade distante o bastante para passar a vida inteira a buscá-la, já nos sentimos felizes quando a sentimos próxima. Mas então recuamos. Ou a chutamos para bem longe, tão logo seja possível alcançá-la.

Para este blogueiro, ser feliz é compartilhar a vida com quem se gosta. E gostar de quem compartilha a vida conosco. Tem felicidade mais fácil de alcançar?

3 comentários:

  1. Concordo contigoo! Ser feliz é exatamente isso... Compartilhar os bons momentos com quem a gente gosta. Não tem nada melhor do que estar na companhia da família e dos amigos, rindo, contando histórias, assistindo um filme/jogo, ouvindo/tocando música... São vivências simples, porém repletas de alegria! Até nos momentos tristes vivemos momentos de felicidade: nada como um ombro amigo, umas palavrinhas sinceras e um abraço gostoso quando mais se precisa...

    Também não sou grande leitora da poesia lusitana e, como tu, conheci os versos deste soneto por acaso! E engraçado que também refleti muito sobre sobre eles (até tenho esse trechinho salvo em alguma pasta no PC). Gostei de vir aqui, ler a tua reflexão e ver que era bem isso que eu pensava. Só não conseguia era "botar no papel", como tu o fez. Agora, vou acrescentar o teu texto à minha pastinha ;)

    Beijo.

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  2. A gente também tem aquela péssima mania de quando estamos felizes, ficarmos naquela ânsia de que algo ruim vai acontecer pra acabar com tudo. Somos uns incoformados com qualquer situação estável. Ai, ai, ai.

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  3. É isso que vivo vivendo e dizendo! Exatamente essa coisa que meio que se equipara a uma filosofia de vida. As pessoas complicam aquilo que pode ser simplificado facilmente; mas é essa facilidade que faz com que tentemos torná-las mais dificeís. É complicado, mas poderia não ser, hehe!
    OBS: Só pra dizer que baixei algumas das tuas indicações de blues, mas algumas, não encontrei :/. Obrigada pelas dicas, irei ouví-las agora, com certeza!

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