quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pra não dizer que não falei de Libertadores

Não é de hoje minha opinião de que o Grêmio repete os mesmos erros de sempre nesta edição da Libertadores. No dia 24 de janeiro, argumentava que, sem qualidade no elenco, este seria mais um ano em que apostaríamos tudo na raça e na superação. E, ao que parece, não estava errado.

Contando com raça e superação, o tricolor pode até avançar uma ou outra fase, mas fatalmente será eliminado diante de um Santos, um Cruzeiro, talvez até um Internacional. Sem tais predicados, jogando o futebol ingênuo e resignado que tem mostrado, o mais provável é que o time volte do Chile eliminado já nas oitavas-de-final.

Ser torcedor do Grêmio é se acostumar com a mediocridade. Há pelo menos três anos Adilson é aplaudido, nunca ouviu vaias. Que outro time teria Adilson como titular há tanto tempo? O mesmo que teve Tcheco como camisa 10 por longas temporadas. Idolatramos Diego Clementino no ano passado, agora sentimos falta do Paulão, do Vilson, do André Lima.

Quem pode se surpreeender com uma eliminação precoce na Libertadores ? Só quem ainda acredita na supremacia da raça e da superação. A direção gremista, talvez.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

10 sambinhas

Muitos sambinhas no pen drive ultimamente. Palavra boa de dizer, "sambinha". A pessoa pode não gostar de samba, mas como não vai simpatizar com um "sambinha"?

É verdade que não tenho pelo samba a mesma curiosidade e interesse nutro que pelo jazz, blues ou rock. Meu repertório é pequeno, principalmente do samba mais puro, dos sambistas menos misturados com outros ritmos. Jorge Ben, João Bosco, Chico Buarque, são todos incríveis, mas não exatamente sambistas.

É o samba dos sambistas o que mais tenho ouvido nos últimos dias. Sem método, descubro tudo por acaso. Se gruda na memória, guardo o nome pra procurar depois. Aos poucos, o acervo cresce. E algumas das canções que já cantarolo por aí, faço questão de compartilhar com os amigos leitores. Ei-los:

Disritmia, do Martinho da Vila (Ouvir)

A flor e o espinho, do Nelson Cavaquinho e do Guilherme Brito (Ouvir com a Roberta Sá)

Samba da minha terra, do Dorival Caymmi (Ouvir com a Elza Soares numa versão jazzística)

Coisinha do Pai, do Jorge Aragão (Ouvir com a Beth Carvalho)

Conversa de Botequim, do Noel Rosa (Ouvir com o Chico Buarque)

Retalhos de cetim, do Benito di Paula (Ouvir)

Vou festejar, do Jorge Aragão (Ouvir com a Beth Carvalho e a bateria da Mangueira)

Volta por cima, do Paulo Vanzolini (Ouvir com o Noite Ilustrada)

Folhas Secas, do Nelson Cavaquinho e do Guilherme Brito (Ouvir)

O quitandeiro, do Monarco (Ouvir)

domingo, 17 de abril de 2011

Dois tercetos e sete parágrafos sobre a felicidade


Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

Os versos acima encerram o soneto Felicidade, do poeta português Vicente de Carvalho. Não sou um grande leitor da poesia lusitana, mas conheci estes versos por acaso, e, fato raro, não os esqueci mais.

Reflexões sobre a felicidade, ainda que geralmente improdutivas, são necessárias. Viver sem reflexão é ser guiado pelo piloto automático. Não tem graça. O que segue, portanto, são parágrafos sem nenhum encadeamento. Meras reflexões dominicais.

A felicidade como única obrigação da vida, conforme nos ensinam, pode ser tão somente a busca incessante da felicidade.

Alguém já cogitou que talvez a felicidade não tenha essa importância toda? Vinicius de Moraes, por exemplo, sugere que é melhor viver do que ser feliz.

Por que, afinal, a felicidade nunca está onde nós estamos, se nós é que a pomos? Só pode ser para não darmos por encerrada essa missão maior, de buscar ser sempre mais feliz.

Estando a felicidade distante o bastante para passar a vida inteira a buscá-la, já nos sentimos felizes quando a sentimos próxima. Mas então recuamos. Ou a chutamos para bem longe, tão logo seja possível alcançá-la.

Para este blogueiro, ser feliz é compartilhar a vida com quem se gosta. E gostar de quem compartilha a vida conosco. Tem felicidade mais fácil de alcançar?

terça-feira, 12 de abril de 2011

A barriguinha da Scarlett

Sou fã, mas muito fã, da Scarlett Johansson. Isso vem desde Matchpoint, aumentando após Uma Canção de Amor Para Bobby Long, Vicky Cristina Barcelona, e por aí vai. E confesso ter ficado ainda mais devoto depois de ver a foto abaixo, em que ela ostenta uma barriguinha pra lá de humana. Achei linda a Scarlett em versão cotidiana.

Porque a barriguinha acima é aquela da mulher parceira para um chopp no fim da tarde ou uma cervejada com a turma no fim de semana. Que adora comer chocolate em frente à TV no inverno, e sorvete no verão. Gordurinha de quem prefere um rodízio de pizzas a se matar em uma academia, resolvendo tudo com corridinhas leves quando possível. Fosse a Scarlett Johansson uma mulher absolutamente sarada, perderia todos estes predicados que só a valorizam ainda mais no humilde conceito deste blogueiro.

Nunca me preocupei com o fato de uma mulher ter celulite, por exemplo. Também me agradam os braços fofinhos, e nem precisaria manifestar novamente aqui meu apreço pelas panturrilhas generosas. Poderia elaborar uma lista aqui de mulheres famosas que me encantam e que dificilmente receberiam convite para um ensaio para a Playboy. Não trocaria por nenhuma outra a Natália Lage (a Tina, da Grande Família). Até já comentei por aí que sou contra qualquer forma de casamento, exceto se a noiva for a Natália Lage.

Não é dizer que aparência não é importante. É defender a aparência agradável. Menos badalada, mais protegida do olhar comum. Da mulher que encoraja o "oi" à primeira vista.

Defenderei até a morte o direito da mulher de ostentar sua barriguinha. Sean Penn é meu aliado.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lucianos e douglianos

O mundo é feito de Lúcios e Douglas. Para quem não é do futebol, traduzo a metáfora: nosso mundo é habitado pelos esforçados e pelos brilhantes. E ambos são importantes e necessários, assim como os dois jogadores - Lúcio, o operário, e Douglas, a estrela - são imprescindíveis ao time do Grêmio.

Os esforçados - os lucianos - caracterizam-se pela eficiência e correção em tudo o que fazem. Gostam de se sentir úteis e por isso trabalham, incansáveis, o tempo todo. Os brilhantes - os douglianos - não demonstram tanto interesse assim no coletivo. Tudo o que fazem parece iniciar e terminar em si mesmos. Têm mais pensamento do que ação em sua natureza. Mas são os que tomam poucas e boas decisões quando necessário.

Os douglianos também têm por característica falar pouco. Procuram as palavras certas para falar bonito. Os lucianos gostam mais da conversa fácil, mas, por substituírem muitas vezes o pensamento pela fala, podem se tornar chatos, de tão eloquentes. O que também acontece com os douglianos: em dia de pouquíssima inspiração retórica, são facilmente dispensados.

O ser luciano oferece à sociedade seu esforço, e podemos contar sempre com ele, pois tudo o que faz é com método e competência reconhecidos. O dougliano, ao contrário, por nos brindar com o brilhantismo, muitas vezes nos irritará com sua inércia, com seu aparente comodismo diante do que o luciano está sempre tentando mudar. Mas é do prazer de surpreender que o dougliano vive. Daí a falsa ausência, para que dele nada se espere. Para que a surpresa seja maior.

Há Lúcios e Douglas por toda parte. Esforçados e brilhantes, vivendo a vida cada um ao seu modo, mas construindo juntos. Quem ganha é sempre o time.

domingo, 3 de abril de 2011

Memórias do rádio serrano

Imagine quatro amigos reunidos. Ele conversam, contam piadas, ouvem música, talvez estejam tomando cerveja. Imagine outros amigos chegando, com um violão para tocar, participar do papo ou apenas dar um oi, porque estavam passando e viram a reunião pela janela. Imagine esse encontro acontecendo toda semana, por duas horas, sempre no mesmo horário. Imagine que isso seja um programa de rádio, em que outros amigos ligam para sugerir músicas, lançar um assunto, entrar nas discussões ou apenas mandar um abraço. Legal demais, não?

Nesta terça-feira, 5 de abril, completam-se seis anos do início de uma das experiências mais memoráveis da vida desta blogueiro: O programa Tomarock, que tive a felicidade de ancorar junto dos amigos Juliano (também aniversariante do dia), Renan e Ricardo (Punk). E tenho certeza que não só os apresentadores, mas também os amigos que viveram aquela história, não esqueceram os pouco mais de seis meses em que o programa esteve no ar na Comunidade FM, de São Chico, sempre nas noites de segunda-feira.

Renan, Juliano e Andrei

Idealizado pelos dois primeiros, eu fiquei sabendo que seria um dos integrantes no dia do programa ir ao ar, quando chegou o Juliano na minha casa, dizendo que às 20h eu teria que estar no estúdio, com no mínimo uma piada pra contar, mas de preferência uma coluna, sobre qualquer coisa. Nasceu então a Coluna do Andrei, que falava sobre qualquer coisa. Sempre seguida de músicas que eu sugeria, tentando estabelecer conexão com o tema tratado.

O Tomarock, mesmo com todo o nosso amadorismo, tinha a melhor vinheta de programa de rádio de que tenho lembrança. A música Never Look Back, do Blues Saraceno (que nos metíamos em nem-tão-determinado ponto gritando " aeeeee tomaroqueeee!!") foi uma escolha cirúrgica do Renan. O roteiro, quando havia, era escrito em uma folha de caderno, com uma das letras menos legíveis que conheço, que é a do Juliano, contendo quatro ou cinco tópicos que poderíamos abordar ou não. A cerveja geralmente era presente do bar mais próximo, que recebia os devidos comentários elogiosos, numa espécie de permuta informal infalível.


Éramos a resistência roqueira caída de paraquedas em uma rádio dominada pela música gaúcha tradicionalista. Nossa divulgação consistia em um único cartaz, fixado em um posto em frente à sede da rádio. "O programa que não deixa seus ouvidos adoecerem" parecia um slogan apropriado. Nosso acervo eram os CDs que cada um tinha em casa, e a cada segunda carregava para o estúdio, misturando tudo em poucas pilhas bagunçadas.

Tínhamos sérios problemas com as ligações a cobrar, que se repetiam à exaustão sempre que queríamos colocar um ouvinte no ar. O estúdio era sempre uma festa, onde todos eram bem-vindos e convidados a participar, e até os mais tímidos eram convocados a dizer apenas um "olá, ouvintes" no microfone. E se alguma ouvinte ligava com uma voz aveludada, o flerte coletivo rolava na hora. Tenho saudade daquela época, amigos.

Que grande balaio de lembranças soltas restou daquele período que logo precisou ser interrompido, como tende a acontecer com quase tudo o que fazemos por hobby. Mas as marcas do Tomarock ainda carrego comigo. E não só na memória, mas também no currículo, onde a experiência profissional malandra e orgulhosamente começa assim: “2005 – Locução em rádio comunitária”. Não poderia ter sido melhor.