quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Valeu!

O último post do ano neste blog não poderia deixar de ser um texto de agradecimento pela companhia dos amigos leitores nestes dez primeiros meses de existência do Andreinews.

Quando falo em amigos leitores, não se trata de demagogia. É apenas porque praticamente todos os que passam por aqui são, de fato, amigos extra-blog: do dia-a-dia, de encontros eventuais, novos e antigos ou dos não tão distantes – mas já rotulados – “tempos de faculdade”.

Em 141 postagens, contando com esta, vocês acompanharam por aqui praticamente tudo o que foi minha vida nos últimos meses, muito do que eu penso, do que eu gosto ou não gosto, e também se expressaram bastante, através dos comentários.

Por conhecer a cada um é que valorizo muito cada comentário elogioso postado aqui, ou feito de outra forma, virtual ou não. E a isso também agradeço. Afinal, tudo é tempo que vocês gastam por aqui, e o tempo, como sabemos, é valioso.

Em 2011, além de desejar tudo de bom, espero que cada amigo leitor continue gastando um pouquinho do seu tempo visitando, lendo e comentando os textos deste blogueiro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Uma meta para 2011

Assim como nunca fiz promessa, também nunca tracei uma meta. E, em época de virada de ano, em que tudo são promessas e metas para o novo ciclo que se anuncia, tenho pensado bastante sobre isso.

Costumo atribuir ao acaso tudo o que me acontece, coisas boas e ruins. Planejo pouco, e sempre em curto prazo. Não sei o que é colher os frutos de uma idéia acalentada por meses ou anos, sozinha ou compartilhada.

Sempre achei que, tão logo uma meta é traçada, a tendência é que fechemos os olhos para tudo o que não condiz com esse objetivo, e nisso que não enxergamos pode estar algo muito mais interessante e compensador, coisa que só o acaso, o inesperado, pode dar. Sempre preferi a coincidência ao planejado.

Fato é que estou, finalmente, disposto a mudar isso. Decidi colocar algum plano na cabeça e trabalhar ao longo de 2011 para concretizá-lo. Não se trata de promessa, é uma meta. Nestes últimos dias de 2010, vou tratar de descobrir o que mais quero do próximo ano, e tecer uma estratégia para alcançar. Pode ser divertido, quem sabe até dar certo.

Para 2011, minha meta é ter uma.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Inspiração malandra

Foi obra do acaso, mas juro que descobri a melhor forma de encontrar inspiração. Deu tão certo, que vai virar modus operandi deste blogueiro. Tem tudo para ser o fim dos documentos do Word em branco olhando pra mim. A técnica é simples: desligar o notebook do carregador, deixando-o só na bateria.

É incrível. A inspiração vai subindo enquanto o medidor do status da bateria desce. Quando se torna só um quase imperceptível risquinho azul, o escritor vive momentos de Vinicius de Moraes. Palavras e ideias enfim se encontram umas com as outras na mente do autor, que mal dá conta de tecê-las para o blog, ou o que quer que seja.

Agora, por exemplo, tenho 23 minutos para terminar este texto. Em condições normais, diria “só 23 minutos”. Mas com a bateria se esvaindo, e com ela minha chance de terminar a crônica, esse mesmo tempo pede até um pequeno intervalo, pra relaxar.

É bom salientar que este método requer um pacto de grande sinceridade do escritor consigo mesmo: sob hipótese alguma ele irá buscar o carregador - onde quer que este esteja - após o último suspiro da bateria.

Acredito que essa fórmula não sirva apenas para o parto do texto, mas sim que se aplique a qualquer trabalho realizado em frente ao computador. Por isso, mais do que um relato pessoal, fica a dica para todos os amigos leitores: uma bateria que se esvai resolve o problema.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um Fusca, um lar e 60 idosos

*Matéria publicada na edição de 19 de dezembro de Zero Hora.

Um Fusca marrom, ano 1973, é o carro mais famoso de Bento Gonçalves, na Serra. Por ter servido a Anna Variani, que diariamente o guiava entre sua casa e o lar de idosos que fundou e ajudou a manter até sua morte, em 2009, apareceu em programas de TV, como o Globo Repórter e o Programa do Jô. Um ano após a morte da proprietária, o veículo ainda não parou de servir aos velhinhos. Será oferecido como prêmio em uma rifa, cuja arrecadação servirá para ampliar a estrutura da casa que hoje abriga 60 idosos.

Essa não é a primeira ação promovida na tentativa de contribuir com a instituição. Em outubro, foi promovido um leilão do veículo – doado pelos herdeiros de Anna – cujo lance inicial era de R$ 15 mil. Embora algumas pessoas tenham comparecido, nenhum lance foi feito.

– Com a repercussão do leilão nos dias seguintes, recebemos três propostas no valor mínimo, mas precisamos obter uma quantia maior. Com a rifa, acredito que será mais facil – afirma a diretora do Lar do Ancião de Bento Gonçalves, Lourdes de Souza, 69 anos.

O objetivo da mobilização é construir uma área de lazer para os idosos, que hoje passam boa parte dos dias reunidos em uma sala de 40 metros quadrados. Com o projeto inicial orçado em R$ 80 mil, os envolvidos esperam obter pelo menos metade dos recursos com a rifa, prevista para fevereiro. Ainda que a casa precise de outras melhorias, a construção é considerada prioridade.

– Temos alguns cadeirantes, que ficam constrangidos em não poder participar das atividades físicas. Outros que reclamam do barulho durante as brincadeiras, pois querem assistir à TV. Com todos no mesmo espaço, dificulta também o trabalho dos nossos enfermeiros e fisioterapeutas – justifica Lourdes.

Ninguém tem dúvidas de que Anna Variani aprovaria ver seu Fusca ajudando a melhorar a vida dos idosos. A dedicação que ela dispensava aos velhinhos nunca será esquecida. Há quatro anos vivendo no Lar, Nair Ogliari, 77 anos, lembra da amiga com emoção.

– Antes de dormir, ela sempre ia aos quartos ver como a gente estava e desejava boa noite. Não conheci ninguém como ela – conta. Outros 59 certamente dizem o mesmo.

*Fotos de Fabiano Mazzotti

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Enquete nova

Atuante como sempre nos assuntos de maior relevância social, este blog não poderia ficar de fora da acirrada discussão que irá tomar conta da pauta de discussões nos próximos meses:

Qual gaúcho será o primeiro tricampeão da Libertadores da América?

Por isso, o amigo leitor já pode manifestar sua opinião, ou sua torcida, na enquete ao lado. E comentem aqui.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Contar histórias

Não sei dizer o que move outros profissionais no exercíco de seus trabalhos, em suas respectivas áreas. Creio que o médico, por exemplo, seja movido pelo prazer de chegar em casa com a sensação de que ajudou alguém, de que talvez tenha salvo uma vida. E nessa noite ele dorme bem e feliz.

Quanto ao jornalista, acho que nosso motor é a perspectiva de contar uma boa história. Temos uma boa noite de sonho quando estamos envolvidos em uma pauta (como chamamos os assuntos que irão virar notícia) que irá despertar grande interesse, uma história que as pessoas precisam conhecer, e que bom que elas terão conhecimento pelo nosso ponto de vista.

Desde as primeiras reportagens que escrevi, lá no Portal3, vivia noites de muita expectativa com os assuntos que estava apurando. Assuntos pequenos, de interesse restrito, mas bem curiosos. Teve a invasão nordestina no campus (no bom sentido); a vida dos professores de jornalismo que tentam (ou desistem de) conciliar a vida na redação com a acadêmica; a investigação sobre o que deveria mudar no mercado para os jornalistas após a queda da obrigatoriedade do diploma.

Enquanto apurava e escrevia todas elas, pensava em poucas coisas que não fossem relacionadas a estes temas. A forma como a reportagem envolve o repórter é um dos baratos da profissão, embora a constante frustração com um assunto que rende menos que o esperado seja inversamente proporcional.

Essa semana, por exemplo, apareceu uma história legal pra contar. Comecei hoje a colher algumas informações bem preliminares, ir atrás dos primeiros contatos, esboçar as primeiras linhas. Até quinta terá que estar pronta. Até quinta, eu e essa história somos um só.

De hoje até quinta, andarei por aí tentando conter o sorriso do cara que tem uma história pra contar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do baú

Escrevi há alguns dias aqui sobre minhas primeiras crônicas. Sobre textos que, se não são nenhum primor estético, têm lá sua importância por terem sido o início do eterno treinamento da escrita.

Pois bem. Revirando no baú virtual que só meus filhos e netos terão acesso um dia, procurando pela primeira crônica - que não encontrei (mas minha mãe deve ter) -, achei este texto, escrito e publicado em março de 2006, no primeiro blog que tive.

Por ter sido um de meus primeiros textos com alguma pretensão de cronista - e por trazer como personagens alguns grandes amigos - terei por ele sempre um carinho especial. Ei-lo abaixo (sem edição ou correções):


Retrato da noite de cinco desempregados, sentados à mesa de um bar
Personagens: Andrei, Juliano, Pooh, Renan e Rafael. Local: Tertúlia Bar.

O combinado era cada um comprar duas latinhas no Tertúlia e voltar pra casa do Rafael. Estávamos em nove. Mas por hábito, nos sentamos e pedimos a primeira cerveja. Por mera ocasião da coincidência ou do infortúnio, os cinco desempregados ocuparam os cinco lugares da mesma mesa. Já estávamos com a conta estourada pelos excessos carnaval, logo, não poderíamos nos exceder. Mesmo assim, vieram ainda a segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, até que a matemática financeira começou a pesar.

A partir de então, cada nova garrafa que chegava à mesa era vista e tratada como uma nova conquista. Uma amarga vitória do impulso contra a lógica, da emoção contra a razão, nos infaustos campos de batalha da consciência. Os amigos da outra mesa, bem empregados, já pouco bebiam, talvez por não haver a necessidade do sacrifício, da doação de si para os amigos, da prova de amizade incondicional.

Na nossa mesa, as coisas iam bem. A partir da décima Polar, as seguintes já traziam consigo as contas do pessoal. Não a soma das cervejas da noite, e sim, as do mês. Contas frias e calculistas, exageradas na impessoalidade dos algarismos e da tinta azul das máquinas registradoras. Cada novo papelzinho que chegava era passado à frente dos olhos de todos como um símbolo de contemplação que relembraria nossos fins-de-semana e feriado de carnaval.

A estas alturas já aparecera ao meu lado o Eduardo, amigo bem empregado, com a função de responder por nossos atos e dar à nossa mesa – a dos devedores - um pingo de credibilidade junto aos garçons. Uma ou duas rodadas depois, o bar fechou e fomos para o lago curtir o amanhecer de mais uma noite da juventude.

Já decidi, e devo ainda propor aos meus colegas de mesa. Mesmo depois de pagas, nossas contas do Tertúlia serão carinhosamente guardadas, tal como cartas, bilhetes, souvenires, qualquer coisa destas que nos remetem aos melhores dias da nossa vida.

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É uma pena esquecermos boa parte do conteúdo despejado da boca pra fora numa noite dessas. Perdem-se as mais curiosas pérolas das relações interpessoais. Mas lembro de comentar com o Pooh sobre os clichês que invariavelmente usamos quando um encontro entre amigos chega ao fim. Bordões clássicos como: “Amanhã à tarde vamos tomar uma ceva. Cada um da cinco, a gente compra uma caixa e vai pro lago, blá, blá, blá...” Ou, melhor ainda: “Amanhã vamos fazer um som na tua casa”. Essa sempre rola quando há dois ou mais músicos na mesa. Incrível e infalível.

Refletindo a respeito destes e outros piores, concluímos ser isso uma maneira de não querer aceitar que a noite chegou ao fim, e que no dia seguinte nossa vida cotidiana voltará à eterna repetição dos dias. Para isso criamos, na intenção de dar à noite algum sentido a mais, uma pendência qualquer para o dia seguinte, mesmo sabendo que esta não se consumará e que as idéias noturnas terão sido em vão.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os menores prazeres do mundo

Numa dessas de clicar em qualquer link que aparece na frente, de forma quase automática, acabei descobrindo uma idéia muito legal.

Trata-se de um site que lista “1000 coisas fantásticas”. É o site que promove um livro com o mesmo nome, em inglês. Aliás, todo o conteúdo está em inglês. Mas o interessante é a ideia. Pois são listadas coisas muito simples, triviais, corriqueiras, mas que fazem do dia-a-dia uma coisa tão imperceptivelmente maravilhosa.

Por exemplo, estar sentado na primeira mesa que é chamada para se servir num jantar de casamento (item 992); alimentos que requerem uma pilha de guardanapos (972); dormir com uma perna coberta e outra descoberta (717); fazer uma pessoa rir quando ela está de boca cheia (700); voltar para a cama quentinha depois de ir fazer xixi no meio da noite (810); cheiro de lápis (805); atores feios (883).

Não sou um adepto da literatura de autoajuda, nem sei se é este o propósito do tal livro, mas só a ideia já me autoajudou muito. Poder pensar em vários detalhes dos detalhes que me deixam mais feliz, sem que eu nem perceba. Belas panturrilhas femininas, por exemplo. Vê-las andando pela rua me causa um singelo ar de contentamento.

E a cerveja em promoção? A pilha de roupas dobradas pela mãe no guarda-roupas? O cheiro de livro novo? Não mudam a vida de ninguém, mas são sensações de alegria tão intensas quanto efêmeras, e que estão aí, no dia-a-dia, passando desapercebidas. Estamos sendo felizes sem notar, tendo milhares de sensações boas num único dia.

Agora mesmo, vou me divertir elaborando mais uma lista. A dos menores prazeres da minha vida. Um dia publico.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Renato e mais 11

Sinceramente, não acredito que a vaga na Libertadores venha para o Grêmio na quarta-feira. Acho que o Goiás segura o Independiente na Argentina, leva a Sul-Americana, e, consequentemente, a última vaga brasileira. Paciência. Com ou sem vaga, 2011 tem tudo para ser um ótimo ano para os gremistas.

Depois de muito tempo, joga no Olímpico um ótimo lateral-direito, Gabriel. Chega de sofríveis improvisações naquele setor. Na zaga, daria para manter Paulão e Rafael Marques, mas ainda há Mário Fernandes, retornando de uma longa parada por lesão. Talvez saia o Rafael, para virar uma boa opção no banco. Na lateral-esquerda, é bom dar uma chance para o Gilson. Apostar no Fábio Santos mais uma vez é um risco desnecessário. Banco pra ele.

Ente os meio-campistas, gostaria de ver o William Magrão voltando aos não tão velhos tempos de volante-goleador de 2008. O Adilson melhorou, mas em mais de 100 jogos, marcou apenas um gol. Ainda se marcasse como um Sandro Goiano, mas nem isso. Na outra vaga, Rochemback é o cara.

Na armação, Lúcio e Douglas . Simples. Um corre, o outro pensa, não tem combinação melhor no futebol. Falta um bom reserva para o camisa 10, e aí talvez esteja a necessidade mais urgente de contratação. Difícil confiar no Souza, no Leandro, no Maylson.

O ataque vai ter uma briga boa com a volta do Borges, mas acho que André Lima e Jonas devem continuar como dupla titular, principalmente se nossa realidade for mesmo a Copa do Brasil. Pintando Libertadores, acho que a direção deve tentar um desses caras que fazem a diferença em jogos decisivos. Como todo respeito ao Jonas.

E, no comando, Renato não se discute. O Grêmio 2011 é, antes de tudo, Renato e mais 11.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Meus livros preferidos

8º – Pergunte ao pó, de John Fante

John Fante, escritor que inspirou nada menos do que Charles Bukowski, conseguiu, em Pergunte ao Pó, criar o personagem mais próximo de um ser humano a literatura já me apresentou. O ítalo-americano Arturo Bandini é como um amigo meu, sei tudo sobre ele, compreendo suas atitudes, rio das suas frases espirituosas e sacadas geniais, principalmente dirigidas a bem esculpidas garçonetes mexicanas.

Escritor fracassado - mas que esporadicamente emplaca um conto em alguma revista barata e consegue uns trocados - e que, quando o leitor/amigo acha que ele vai ficar numa boa, torra toda a grana que recebeu em um terno novo ou no vinho mais caro que consegue encontrar. E volta para a pobreza, que o leva a uma enorme reflexão quanto a se deve ou não roubar uma garrafa de leite do leiteiro quando este estiver fazendo entregas pela vizinhança.

Mesmo tendo apenas um texto de relativo sucesso literário, intitulado O cachorrinho riu, Bandini se considera o maior escritor vivo desde James Joyce. Nutre um certo desprezo por autores contemporâneos a ele. Vai até a igreja se desculpar com Deus por ser ateu, pedindo que, uma vez que Ele exista, apenas faça a mãe dele feliz, “pois ela se preocupa tanto”.

Nem só em Pergunte ao Pó, que é de 1939, encontramos Bandini. Ele também está em Espere a primavera, Bandini (óbvio), O Caminho e Los Angeles, entre outros. Todos ótimos, dramáticos e cômicos na mesma medida.

Há uma adaptação para o cinema de Pergunte Ao Pó, com o Collin Farrell e a Salma Hayek. É bem razoável, mas não mais do que isso. Fique sempre com o livro.

Obs: Piada que li por aí: após a ocupação policial no Complexo do Alemão, Bandini, ao invés de perguntar ao pó, terá que perguntar ao Bope. As letras também rendem um bom humor.