sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bom fim de semana, com Take Five

Neste fim-de-semana, deixarei os amigos leitores com uma das mais belas canções de jazz que conheço (mas podendo certamente incluir também as que não conheço, pois Take Five, do The Dave Brubeck Quartet é, reconhecidamente, clássica).

Trata-se de uma composição genial de Paul Desmond, saxofonista do quarteto de Dave Brubeck (pianista), em resposta a um desafio imposto pelo líder do grupo, que consistia em um tema no compasso 5/4, pouco comum no jazz. Desmond apresentou duas melodias, e aí entra a genialidade de Brubeck, que juntou os dois temas em uma única música, com o piano e o sax dialogando harmoniosamente. O resultado é fantástico, e está presente no não menos adjetivável álbum Time Out, de 1959.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fases que chegam e passam

Despedidas. Quarta-feira, foi dos colegas da Assembleia Legislativa, onde encerrei meu estágio em assessoria de imprensa começado em fevereiro. Um adeus aos bons amigos que fiz lá, dos cafés ruins que nos servem, das ascensoristas espirituosas, do velhinho engraxate que sempre pede R$ 2,00 para comprar um pastel.

Há poucos dias havia me despedido da Unisinos, onde passei seis anos cursando Jornalismo. Considerando que por dois anos ainda fiz estágio e iniciação científica por lá, não tenho como negar que foi a minha segunda casa. Talvez volte a fazer alguma graduação no futuro, mas certamente a época de ser um acadêmico convicto foi essa que vai se encerrando.

Aos 24 anos, não sou exatamente um velho. Mas enquanto vai caindo a ficha de que a vida de estudante passou, de que os estágios também já são uma parte do passado e de que o presente traz o início da carreira profissional, confesso estar sentindo esses 24 como se fossem o dobro. E às vezes da vontade de voltar correndo para o útero na mãe e começar de novo.

Acho que é lá no início da adolescência que começamos a pensar no futuro. E nunca nos imaginamos com mais do que 20 anos. Aos 18, entramos na universidade ouvindo de todos que será esse o período mais feliz de nossas vidas. E talvez seja, mas certamente não descobriremos até o dia em que essa fase passa, com a sensação de que foi tão rápido que nem vimos, e de cara entramos em outra.

Não nos despedimos apenas de pessoas, de empregos, de cidades. Estamos sempre dando adeus às diversas fases que vivemos, como se viver fosse preencher um grande formulário com as experiências que nos cabem. Preenchemos um campo e, não podendo apagar, seguimos para o próximo. E daí para o próximo, e para o próximo, até entregarmos quando estiver pronto.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Paixão insaciável

O jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade.

Nignuém que não a tenha sofrido pode imaginar essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida.

Ninguém que não a tenha vivido pode conceber, sequer, o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracasso.

Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não se recomeça com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.


Por definirem tão bem a profissão que escolhi, queria muito que as palavras acima fossem minhas. Mas confesso que são do Gabriel García Márquez.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

As 10 do Led

Todos vocês, que atenta ou distraidamente acompanham esse blog há tempos, já perceberam a afeição do blogueiro por elaborar listas, principalmente musicais. Tão logo compartilhei a última, na ocasião do Dia do Rock, deu saudades de ouvir Led Zeppelin, e desde então só tenho ouvido Led Zeppelin (exceto no trem, na hora do rush, que exige Rage Against The Machine). Que grande banda, esta do Jimmy Page e do Robet Plant, que ilustram esta postagem.

Discografia devidamente baixada, relembrando muita coisa dos tempos em que ouvia bem mais rock do que hoje em dia, a lista abaixo saiu naturalmente, em poucos minutos. A ordem das músicas é apenas da hierarquia da memória. Confiram, comentem, sugiram.

1 - Gallows Pole
A letra sobre um cara que está prestes a ser enforcado lembra a de 25 minutes to go, do Johnny Cash. E é o mais legal da música. Mas Gallows Pole, do álbum III, tem ainda uma batida acústica sensacional, que lembra um agradável folk rural. (Ouvir)

2 - What is and what should never be
Sabem aquelas músicas do Led que começam como uma balada despretensiosa e, lá pelas tantas, entra um riff de guitarra que muda tudo e vira rock n’ roll puro? Em What is..., essa fórmula é executada com maestria. (Ouvir)

3 - I can’t quit you baby
Do álbum de estreia, aquele que tem a influência mais forte do blues, incluindo regravações de alguns clássicos, como este, de autoria de Willie Dixon. Extremamente arrastada, tem que entrar muito no clima para curtir I Can’t Quit... Mas pra quem é entusiasta do gênero, esta é indispensável. (Ouvir)

4 - Immigrant Song
Uma das mais célebres do Led, está no álbum Led III, e que foi muito bem encaixado na trilha do filme Escola de Rock.. Rock empolgante, riffs e um refrão incríveis. Uma daquelas clássicas que não chegam a virar um clichezão, como Black Dog, por exemplo. (Ouvir)

5 - Ten Years Gone
Quem já leu outras listas postadas aqui, deve ter percebido que eu privilegio bastante músicas que criem “climas”. Ou que sejam elas mesmo “climáticas”. Aquelas que te transportam para algum outro lugar no tempo e no espaço, como se ovocê estivesse ouvindo Led Zeppelin. Ten Years Gone é climão. (Ouvir)

6 - Rock N’ Roll
Clássico dos clássicos, não só da banda como da história do rock, já foi vinheta de tudo o que se refere ao gênero. Certamente, Rock N' Roll está para o rock assim como Garota de Ipanema está para a Bossa Nova, como um ícone maior que a própria música. Mas não é à toa. (Ouvir)

7 - Stairway to Heaven
Queria fugir do óbvio um pouco, mas é impossível deixar de for a, principalmente porque seria a primeira que me perguntariam a respeito. Evitando isso, ei-la na lista. Introdução, letra, riffs, solo, harmonia, tudo é perfeito nos longos nove minutos da bela Stairway to Heaven. (Ouvir)

8 - Kashmir
Idem 5. (Ouvir)

9 - Going to California
Gosto da letra dessa canção, que me remete a um road movie, ou filme de estrada, em que o assunto é uma viagem, uma despedida, coisas assim. E o violão do Jimmy Page só enfatiza esse clima, com belas levadas passagens alternadas. Vou ouvi-la agora, inclusive. (Ouvir)

10 - Since I’ve been loving you
Outro blues da maior qualidade, carregado de muito feeling de todos os músicos, como manda o figurino. Poetizando um pouco, digo que quem ouve essa música despreparado, corre o risco de morrer chorando e nem se dar conta. (Ouvir)


Confira as listas anteriores:

terça-feira, 20 de julho de 2010

Acontece no mundo dos sebos

Aproveitando o clima festivo desse Dia do Amigo, concluí que merecia um presente. Afinal, sou um bom amigo. Esforçado, pelo menos. Cheguei a todas essas conclusões já com o futuro presente em mãos, ao cair da tarde no sebo Ladeira, no centro de Porto Alegre. Tratava-se do livro Canalha!, do Fabrício Carpinejar.

O seminovo estava com um bom preço, bem abaixo do que pagaria nas livrarias, e há tempos queria ler algo do Carpinejar além de suas brevidades do Twitter. Já entrevistei o escritor mais de uma vez, e sou fã declarado. Juntando isso tudo ao fato de que também tenho feito algumas boas ações por aí, concluí que tudo isso justificaria o presente de Dia do Amigo. E comprei.

Já voltava para casa quando resolvi folhear o livro. Queria ver o real estado em que estava, se alguém já havia rabiscado alguma coisa (como sempre acontece, e eu mesmo cultivo esse hábito). Ao olhar a contracapa, vi aquilo que achei mais curioso: o livro estava com a etiqueta adesiva da livraria com a data em que havia sido comprado: 24 de dezembro de 2008.

Pois então alguém se desfez de um presente de Natal em troca de alguns trocados no sebo, e o presente veio parar em minhas mãos. De alguma forma, isso me perturbou. Já se passaram várias horas e ainda não tirei o tal livro da mochila, pois, não me sai da cabeça a impressão de estar violando um presente alheio. Quem se desfaz de um livro tendo recebido-o amorosamente na noite de Natal, talvez da mãe, da avó ou da namorada? E se aquele que deu o presente casualmente deparar com o livro à venda um dia?

Certa vez, um amigo mostrou-me um livro com uma dedicatória engraçada, assinada por vários amigos seus. Dizia assim: “se você está lendo esse livro agora, é porque o Fulano traiu a nossa confiança e vendeu nosso presente na primeira esquina”. Achei genial. E não à toa, meu amigo jamais cogitou repassar esse presente personalizado.

Outra vez, encontrei em um sebo de São Leopoldo uma biografia do Bob Marley. Novinha. Comprei-a por um terço do valor que pagaria em uma livraria (às vezes sou cruel). Pois não acontece que, cada vez que olho para a obra, imagino o dono original indo ao sebo vender seu livro do Bob Marley para comprar algumas gramas de maconha? Fico maravilhado! Afinal, não lhes parece nobre, vender a biografia do artista que mais cultuou essa droga, justamente para comprar um pouquinho de erva?

Quanto a mim, repassei um livro do beberrão Bukowski dia desses. Mas não comprei sequer uma cerveja.

Da amizade

Dia desses, uma colega perguntou: “Tu acreditas que em 60 dias uma pessoa se torne tua melhor amiga?”. Respondi que sim. Mas confesso nunca ter dedicado à questão o tempo necessário para encontrar um bom argumento. Pois o tema é realmente controverso, intrincado e complexo. Tanto é, que hoje respondo não. Mas justifico. E com alguma convicção.

Talvez porque tenha lembrado que a boa amizade requer um pouco de nostalgia compartilhada de um tempo vivido junto. Dos bons tempos, principalmente. E se a amizade foi boa, certamente o tempo transcorrido foi bom também. Em um futuro distante, os velhos amigos serão a melhor memória que teremos de nós mesmos. É neles que iremos consultar nosso passado. São os nossos biógrafos, mesmo que não saibam.

A principal diferença do melhor amigo para os só amigos é não existir para ele a necessidade da prova de amizade. Posso ficar meses sem encontrar meu grande amigo, mas, quando finalmente o vejo, parece que o tempo não passou. Parece que nos vimos ontem. As amizades recentes, por mais intensas que possam ser, requerem presença, têm que ser renovadas a cada dia, sob o medo iminente de perdê-la. Como saber, em 60 dias, se o sentimento irá permanecer na inevitável ausência do contato diário com o amigo?

Finalmente, discordo daquela máxima, daquele clichê que considera bom amigo o das horas ruins. Já digo aos novos que sou um péssimo amigo pras horas ruins. Não nego um ombro, mas tampouco acredito na eficácia desse ombro no combate às maiores dores que nos afligem. A dor é tão pessoal quanto o combate a ela. Por isso, poupe o amigo da sua dor. Principalmente, o velho amigo. Principalmente, porque ele irá senti-la também.

domingo, 18 de julho de 2010

O melhor álbum de Charles Mingus

Gosto muito de jazz. Mas gosto ainda mais do jazzista Charles Mingus. Ou seja: mesmo que não gostasse de jazz, gostaria de Charles Mingus. E este é o argumento para indicar o baixista e compositor mesmo para os que não têm tanta familiaridade ou grande afeição pelo jazz. Tenho a certeza de estar falando de um artista que pode agradar aos que são do rock, do blues, do samba, do metal, da música clássica. Todos que que gostam de música.

Só para contextualizar, Mingus foi um dos músicos mais consagrados da história do música americana, seja como instrumentista ou compositor. Começou a carreira no fim dos nos 40, época em que o jazz já havia deixado de ser uma música dançante, passando a ser uma exibição de instrumentistas extremamente sofisticados e improvisadores inspirados. Muitas das sua composições são consideradas excêntricas e seu estilo é difícil de rotular entre os diversos subgêneros do jazz. Mas, obviamente, ser um incompreendido só aumenta sua mítica genialidade.

O melhor álbum de Charles Mingus chama-se Blues & Roots, e é de 1959. Só minhas canecas, meus casaquinhos de avô e meus gatos sabem o quanto já ouvi esse álbum, perfeito para praticamente qualquer ocasião. Já coloquei suas músicas em festas na minha casa. Já ouvi no ônibus e no trem, tentando pegar no sono, já me inspirei passando noites escrevendo com B&R de fundo. E nunca cansei de ouvi-lo. Talvez até seja enterrado ao som de Blues & Roots (mas só se um dia eu vier a formalizar esse pedido, por favor!).

Não costumo colocar links pra download no blog, mas se tratando de um caso especial, alerto que é possível baixá-lo aqui. Feito isso, atente especialmente para My Jelly Roll Soul, Cryin' Blues e Wednesday Night Prayer Meeting. Sao as mehores..

Finalmente, como já disse, não é preciso ser um fã de jazz para gostar de Mingus. Pois ele realmente está além do gênero.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Não atirem nos americanos

Há um bocado de gente por aí nutrindo um certo ranço contra tudo o que vem dos Estados Unidos. Um brasileiro que prefira, ou simplesmente aprecie, a cultura ou a arte estadunidense, é logo chamado - em tom pejorativo - de “colonizado”. E ainda é acusado de não valorizar o produto nacional. De minha parte, não apenas não compartilho com isso, como sou um entusiasta da cultura yankee.

Afinal, que culpa tenho se foi em solo norte-americano que nasceram e se desenvolveram o blues, depois o jazz e depois o rock, por exemplo? Na literatura, foi lá que os beatniks – Jack Kerouac, principalmente – criaram um jeito novo de escrever e narrar, que é o que mais me agrada entre tudo o que já li até hoje. Nem falemos do cinema, porque este dispensa qualquer defesa.

Os americanos fazem o melhor jornalismo desde os anos 40, pelo menos, e foram eles que inventaram o new journalism, jornalismo feito com elementos da literatura, que é grande barato da profissão. Não consigo achá-los culpados por isso. E, verdade seja dita, em sua origem o blues é muito mais africano do que norte-americano, o jazz é muito mais europeu, Kerouac é franco-canadense e muitos grandes cineastas hollywoodianos tampouco nasceram naquele país. Ou seja: não amo os EUA, mas muitas coisas que se criam lá.

Se fossemos tão colonizados assim, não teríamos o futebol como esporte preferido, por exemplo. Contrário a isso, é lá que este esporte cresce cada vez mais. O papo de que o brasileiro não valoriza sua cultura é balela. Não deixamos de gostar do que é bem feito no Brasil - o cinema, o samba, o futebol – só por consumir também o que surge no hemisfério norte. O rock, o jornalismo e a literatura tupiniquim é que, talvez, não sejam tão bons assim. E não vejo músico bom de MPB morrendo de fome, no anonimato.

Criticar os EUA, principalmente pelas suas práticas políticas, sociais e econômicas, acho válido e necessário. Mas fechar os olhos para tudo o que eles conseguem criar em praticamente todas as áreas, é não gostar de pensar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Meus 10 do rock

Aproveitando a ocasião do Dia Mundial do Rock, neste 13 de julho, listo abaixo os 10 álbuns deste gênero que mais fizeram minha cabeça. Para quem sentir falta de Beatles na lista, justifico dizendo que gosto um bocado, mas não chego a me emocionar deveras com o fab four. Pra quem sentir falta dos anos 70 e 80, também acrescento que sou mais influenciado pelos 60 e 90. A ordem dos álbuns é cronológica e, como sempre repito a cada lista publicada, não são os melhores, mas sim os preferidos.

Led Zeppelin – Led Zeppelin (ou Led I) (1968)

Gosto mais do Led I porque tem mais a pegada do blues que caracterizou o Led nos primeiros anos, nos primeiros álbuns. Tem I Can’t Quit You Baby, You Shook Me e Baby, I’m Gonna Leave You, por exemplo. Robert Plant, principalmente, está em grande performance em todos estes sons. Tanto a banda quando o álbum não viraram clássicos à toa.

Rolling Stones – Let it Bleed (1969)

Difícil escolher um album dos Stones, dos mais de 30 que poderiam entrar nesta lista. Na fase que vai do Beggar’s Banquet (1968) ao Exile On Main Street (1972), só tem som fino. Mas Let it Bleed tem Midnight Rambler, Gimme Shelter, Live with me, além da faixa-título. Está mais do que justificado.

The Doors – Morrison Hotel (1970)

Da infelizmente curta discografia do The Doors, dá pra destacar, além deste, o L.A. Woman e o Waiting For The Sun, além do primeiro, que leva o nome da banda. Morrison Hotel leva ligeira vantagem por conter Roadhouse Blues e The Spy, dois blues inigualáveis, que sei cantar de trás pra frente. Tem ainda Maggie McGill, Queen of The Highway e Indian Summer. Vou escrevendo e a vontade de ouvi-lo surge automaticamente.

AC/DC – Back in Black (1980)

A história do AC/DC divide-se emantes e depois de Brian Johnson, vocalista que subtituiu o falecido Bon Scott. Há quem prefira Scott, eu prefiro Johnson. De qualquer forma, antes ou depois, estavam os irmãos Young, guitarristas que se completam e tocam demais. Back in Black, o primeiro com o segundo vocalista, tem muito do que AC/DC já fez de melhor: além da faixa-título, Shoot to Thrill, You Shook Me All Night Long e Hells Bells não me deixam mentir.

Guns N’ Roses – Appetite for Destruction (1987)

Desculpem-me os críticos, que não são poucos, mas essa é minha banda preferida, tanto quanto Welcome to The Jungle é a música. O álbum de estréia do Guns ainda tem Rocket Queen, Mr. Brownstone, Sweet Child O’Mine, Paradise City. Slash, Axl, Duff, Izzy e Adler. Que banda. Que banda!

Pearl Jam – Ten (1991)

É daqueles álbuns que, de tão clássicos, chegam a ser banalizados. Poucos fãs de Pearl Jam o citam como o preferido, mas na maioria das vezes pro terem escutado tanto até o ponto de enjoar. Também enjoei, mas como ignorar Porch, Even Flow, Alive, Black e Jeremy na hora de elaborar uma lista atemporal?

KISS – Alive III (1993)

Embora todo o carisma dos quatro mascarados originais do Kiss, prefiro a formação deste álbum, com Bruce Kullick, na guitarra, e Eric Singer, na bateria, substituindo Ace Frehley e Peter Criss, respectivamente. O set-list aqui é empolgante: Heavens’s on fire, I Love it Loud, Deuce, Lick it Up, além das clássicas Rock N’ Roll Al Nite e Detroit Rock City.

Green Day – Dookie (1994)

Posso estar sendo injusto com alguma banda incluindo aqui o Green Day, que não chega a ser das minhas preferidas. Silverchair, por exemplo, me agrada mais. De qualquer forma, quase tudo o que eu gosto do Green Day está aqui: She, Basket Case, When I Come Around e Welcome To Paradise, principalmente.

Aerosmith – Nine Lives (1997)

Pelo que lembro, foi o primeiro álbum de rock que surgiu aos meus olhos. Achei a capa muito estranha, só um desenho, sem aparecer os integrantes da banda (estava acostumado com axé e pagode). Acho que só fui ouvir anos depois desta sua aparição, e desde então é um dos meus preferidos entre todos, independente do gênero. Não tem nenhuma faixa fraca, e as mais bacanas são Falling In Love (Is Hard on The Knees), Full Circle, Something’s Gotta Give, Kiss Your Past Good-Bye e Pink.

Rage Against The Machine – The Battle of Los Angeles (1999)

Pra colocar um pouco de peso nessa lista. RATM é adrenalina pura, uma banda cujo retorno aos palcos eu aguardo ansiosamente. Com apenas quatro álbuns de estúdio e um ao vivo lançados oficialmente, a discografia dos californianos é toda indispensável. Mas o The Battle... tem aquelas que são mais indispensáveis, na minha opinião?: Testify e Sleep Now In The Fire. Além destas, Calm Like a Bomb, Born of a Broken Man e Guerrilla Radio têm o efeito de um bule de café extra-forte na mente.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Seis anos e muitos amigos

Em seis anos de faculdade, fiz incontável número de amigos, a maioria para o resto da vida. Nestes treze longos semestres, certamente passei mais tempo conhecendo pessoas do que estudando, mais tempo conversando do que assistindo aulas. Mas ainda não encontrei motivo para arrependimentos.

Não saberia nem estimar quantos amigos fiz nesse tempo todo, mas dá pra ter uma ideia pelo Twitter, onde 104 dos meus 230 followers (seguidores) atuais são colegas ou professores da Unisinos. Boa parte da minha vida social estarei deixando no campus, onde os colegas fazem estágios, almoçam no R.U., tomam café no Fratello, bebem cerveja no Xis do Alemão, matam tempo pelos corredores.

Chegando o dia da formatura, a vontade é de convidar a todos para subir a serra e festejar comigo tremendo o queixo no frio de São Chico de Paula. Como também era minha vontade atender aos convites que chegam, e já chegaram em outros semestres, de ir aos quatro cantos do estado participar das festas oferecidas pelos colegas. Mas sabemos todos como é difícil encarar uma viagem de 100km, 200km, para uma única noite de festa, ainda mais no inverno, por isso terei que ser um pouco contido em minha lista de “estrangeiros”.

Restará muita saudade de amigos cujo convívio perderei nos próximos anos. Por outro lado, sobrará uma bela esperança de reencontrar a todos, certamente aos poucos, profissional ou academicamente, ou talvez apenas coincidentemente, sendo o mundo tão pequeno como ele às vezes se apresenta. As redes sociais online estão aí também nos aproximando, reforçando lembranças. As redações são grandes, assim como as assessorias de imprensa e agências por aí. Tempo e espaço de sobra para nos reencontrarmos. Ainda há muito pelo frente, amigos.

domingo, 11 de julho de 2010

Copa valeu pela emoção

E foi com o título ficando com a seleção espanhola que acabou a já saudosa Copa da África. Passou rápido esse mês de Copa do Mundo. Críticas serão recorrentes quanto à qualidade técnica dos jogos, dos times, dos jogadores, mas acho que já é hora de nos acostumarmos a isso em se tratando deste evento. Valeu, e sempre valerá, pela emoção.

Não teremos mais Copas do Mundo com grandes jogos, grandes times, grandes jogadores. Porque o futebol não se organiza mais em torno das seleções nacionais, mas sim dos clubes, principalmente dos europeus. A temporada européia, de agosto a maio, sufoca os atletas, que chegam ao mundial loucos por férias. É um calendário que abre poucas brechas para que as seleções treinem, se entrosem enquanto equipes. Com jogadores em má forma física e equipes pouco treinadas, fica difícil exigir qualidade.

Carecendo de qualidade, o que irá sustentar a importância da Copa do Mundo a cada edição é a emoção que ela desperta, capaz de fazer o mundo parar. Esse é o grande barato. Na Copa, tudo vale mais pelo símbolo do que pelo fato. Os fatos estão ali para receberem significados, atendendo ao espetáculo das representações sociais que sustenta o evento no imaginário cotidiano.

Não precisamos de belos gols, mas sim de belas comemorações. Não um belo drible, mas um dedo enfiado na cara do adversário. Queremos jogadores chorando, esbravejando, queremos os países pequenos derrotando os maiores, os pobres triunfando sobre os ricos.

A Copa é o momento em que o futebol se justifica frente àqueles que duvidam do seu encanto. Terminada a Copa, nós, os apaixonados pelo esporte, ganhamos alguma tolerância dos que não se emocionam da mesma maneira, ou de nenhuma maneira. Mas imaginem se eles soubessem que um clube pode emocionar muito mais do que uma seleção.

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre ler e pensar

No livro A arte de escrever, Arthur Schopenhauer expõe um pensamento bem peculiar sobre a leitura. Para o filósofo alemão, o hábito de ler substitui o de pensar. Aquela leitura que fizemos em cada momento livre do dia-a-dia, vai atrofiando o pensamento, transformando nossa cabeça em uma “arena de pensamentos alheios” sobre os quais sequer construímos nada, pois apenas lemos, lemos e lemos.

Schops chega a ironizar (é um mestre da ironia), dizendo que "algumas pessoas só podem ter pensado muito pouco para terem lido tanto". Foi uma frase que nunca esqueci, sem nem precisar anotar. Não que concorde inteiramente, mas considero uma provocação absolutamente pertinente, principalmente por eu gostar muito dos livros.

Ler é mais fácil do que pensar, mas pensar é mais importante do que ler. Do que lemos, guardamos muito pouco para pensar a respeito. Excesso de leitura é um excesso de palavras que desperdiçamos, por pura incapacidade de absorção. São como palavras que entram por um ouvido e saem pelo outro, com a diferença de que são os olhos que a levam ao cérebro.

Tem épocas em que leio muito, outras em que leio quase nada. Geralmente, estes períodos são os que mais escrevo. Escrevendo, gosto de perceber a importância das leituras que fiz, mas principalmente, dos pensamentos que eu mesmo desenvolvi, sejam eles frágeis ou fortes. Gosto de saber que são meus.

É lugar comum considerar leitura sinônimo de erudição. Acreditar que quanto mais a pessoa leu, mais inteligente, mais culta ela é. Seria verdade, não fosse mentira. Ler é, antes de tudo, uma atividade prazerosa. Sem dúvidas, os livros ensinam muitas coisas, mas é uma parcela bem pequena de tudo o que aprendemos, e menos ainda daquilo que precisamos aprender. Quem lê pro prazer, está no caminho certo. Quem lê pra ficar inteligente, tem que tomar cuidado com os excessos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viaje com Caravan

É um luxo cada vez mais raro parar para ouvir uma música. Prestar atenção em seus diversos elementos, captá-la tal qual seu compositor queria que fizéssemos. Nossas audições se dão normalmente no trânsito, ou na frente do computador, onde sempre estamos envolvidos com toda ordem de distrações.

Mas há uma obra musical que clama por atenção sempre que está sendo executada ou reproduzida. Chama-se Caravan, composição do trombonista porto-riquenho Juan Tizol, e do pianista Duke Ellington, compositor maior do jazz .Trata-se de um dos temas mais famosos da história deste gênero, e um de meus preferidos.

Difícil escolher uma entre as várias gravações legais de Caravan para compartilhar por aqui. É bacana ouvir diversos instrumentistas interpretando o tema, como o pianista Oscar Perterson, o guitarrista Joe Pass, ou os Jazz Massenger’s, do baterista Art Blakey.

A opção pelo trompetista Wynton Marsalis foi por ser o trompete um instrumento que marca bem a genial melodia deste clássico, bem desenhada já nos primeiros compassos. O clima intimista deste vídeo, com a platéia assistindo praticamente lado a lado com os músicos, é outro ponto a favor desta escolha. Viaje com Caravan.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um golaço holandês

Já escrevi aqui sobre a incapacidade de secar qualquer time nesta Copa, principalmente pelo choro estampado no rosto dos torcedores. Morro de pena do torcedor passional. Juro. Alheio a isso, todas as quatro seleções que chegaram às semifinais do torneio.

O Uruguai (recém eliminado), por ser um país vizinho; Espanha e Holanda, por sempre montarem bons times, mas sempre ficarem pelo meio do caminho; a Alemanha, por ser a melhor equipe desta Copa. Não consigo torcer contra nenhuma delas. Fiquei triste pela derrota da celeste, mas satisfeito pelo triunfo dos laranjas.

Sendo a Holanda a primeira finalista, acho extremamente justa a ascensão desta seleção, que sempre tem ótimos jogadores, mas sempre bate na trave em Copas do Mundo. Em 98, quando perdeu nos pênaltis para o Brasil, nas semifinais, era a melhor seleção disparada. Tomara que desta vez, mesmo sem ser brilhante, consiga acertar contas com o seu próprio passado.

Sempre simpatizei com os holandeses, e tenho um dos principais jogadores de sua história como um grande ídolo: Dennis Bergkamp. Lembram dele? Foi dele um dos gols mais bonitos que já vi. Gol que, como faço com as melhores músicas e os melhores filmes, também vou compartilhar por aqui. Vejam só:

domingo, 4 de julho de 2010

Ler ou reler?

Quem gosta de livros convive diariamente com uma grande questão: quando reler um livro? Ou ainda: por que reler? É curiosa a relação que temos com um livro de que gostamos. Ao contrário de uma música, que ouvimos até enjoar, ou de um filme, que podemos perder a conta das vezes que assistimos, o livro, pelo tempo que demanda, é obra de uma única apreciação, talvez duas.

Nunca reli um livro. Já reli algumas passagens várias vezes, mas nunca de cabo a rabo. Tenho algum receio de me desinteressar logo nas primeiras páginas, começar a procurar pelos trechos preferidos, querendo livrar-me logo da supostamente não-prazerosa releitura.

Havendo tantos livros não lidos, às vezes parece-me improdutivo debruçar-se novamente sobre uma obra já conhecida. Mas por outro lado, como passar o resto da vida sem reviver as sensações que causam a saga de As Vinhas da Ira, do John Steinbeck? Ou as histórias impagáveis de um Bukowski, de um Pedro Juan Gutierrez (principalmente em Trilogia suja de Havana)? Acho que é uma questão de encontrar a hora certa para dar um tempo nas leituras e dedicar-se às releituras.

Nelson Rodrigues dizia que deve-se ler pouco e reler muito. Para ele, poucos são os livros que “nos salvam ou que nos perdem”. Acho que ele está certo. E o que eu faço é, por enquanto, ler bastante para ter o que reler depois. Sempre achei que a leitura desenfreada não faz um bom leitor, e tampouco um bom pensador. Arthur Schopenhauer, em A arte de escrever, mostra bons argumentos a respeito, mas falarei disso em outro texto.

De qualquer forma, já listei quais serão as primeiras obras literárias que irei revisitar. Além dos já citados, mantenho bem à vista livros como Os vagabundos iluminados, do Jack Kerouac, e Grande Sertão: veredas, do Guimarães Rosa. As mais de mil páginas de A montanha mágica, de Thomas Mann, também serão encaradas novamente, assim como o emocionante Capitães de Areia, do Jorge Amado.

Reler bons livros é minha promessa de meio de ano. Só os melhores. Mas que eles não tenham pressa.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Terminou como começou

As escolhas de Dunga durante o segundo tempo do jogo contra a Holanda, mostram como ele se equivocou desde a convocação do grupo para a Copa. E como voltou a se equivocar na hora em que precisou reverter um resultado adverso, algo que ainda não tinha acontecido na África.

Desde que comecei a ver futebol, jamais tinha visto o treinador do time que está perdendo não realizar as três substituições a que tem direito para tentar mudar o resultado. Dunga, não confiando nos jogadores que ele próprio escolheu, manteve no banco Grafite e Júlio Baptista, as opções ofensivas disponíveis. Teria se arrependido?

O Brasil de 2010 mostrou apenas uma boa defesa. Nada mais do que isso, o que é muito pouco. Deixou de fora jogadores que poderiam tornar a seleção bem mais forte. Além das obviedades Ronaldinho e Ganso, Hernanes e Pato seriam opções melhores do que Kleberson e Grafite, que foram à África apenas a passeio.

Dunga não merece ser o único culpado pela desclassificação. Não teve culpa por Kaká ter jogado mal, e nem pela lesão de Elano, que, ao seu modo, é um jogador importante. Felipe Melo, até a expulsão, estava jogando bem. O pecado do treiandor foi ter privilegiado, desde a escolha dos 23 nomes, a obediência em detrimento do talento. Em 2002, Felipão, que é técnico de outro nível, conseguiu unir as duas coisas, como deve ser. E foi o último a ter sucesso em uma Copa do Mundo.

Embora simpatize com os vizinhos argentinos e uruguaios, estarei agora torcendo por um campeão inédito. Espanha e Holanda há tempos formam boas seleções, mas nunca chegam. Que seja agora.