domingo, 4 de julho de 2010

Ler ou reler?

Quem gosta de livros convive diariamente com uma grande questão: quando reler um livro? Ou ainda: por que reler? É curiosa a relação que temos com um livro de que gostamos. Ao contrário de uma música, que ouvimos até enjoar, ou de um filme, que podemos perder a conta das vezes que assistimos, o livro, pelo tempo que demanda, é obra de uma única apreciação, talvez duas.

Nunca reli um livro. Já reli algumas passagens várias vezes, mas nunca de cabo a rabo. Tenho algum receio de me desinteressar logo nas primeiras páginas, começar a procurar pelos trechos preferidos, querendo livrar-me logo da supostamente não-prazerosa releitura.

Havendo tantos livros não lidos, às vezes parece-me improdutivo debruçar-se novamente sobre uma obra já conhecida. Mas por outro lado, como passar o resto da vida sem reviver as sensações que causam a saga de As Vinhas da Ira, do John Steinbeck? Ou as histórias impagáveis de um Bukowski, de um Pedro Juan Gutierrez (principalmente em Trilogia suja de Havana)? Acho que é uma questão de encontrar a hora certa para dar um tempo nas leituras e dedicar-se às releituras.

Nelson Rodrigues dizia que deve-se ler pouco e reler muito. Para ele, poucos são os livros que “nos salvam ou que nos perdem”. Acho que ele está certo. E o que eu faço é, por enquanto, ler bastante para ter o que reler depois. Sempre achei que a leitura desenfreada não faz um bom leitor, e tampouco um bom pensador. Arthur Schopenhauer, em A arte de escrever, mostra bons argumentos a respeito, mas falarei disso em outro texto.

De qualquer forma, já listei quais serão as primeiras obras literárias que irei revisitar. Além dos já citados, mantenho bem à vista livros como Os vagabundos iluminados, do Jack Kerouac, e Grande Sertão: veredas, do Guimarães Rosa. As mais de mil páginas de A montanha mágica, de Thomas Mann, também serão encaradas novamente, assim como o emocionante Capitães de Areia, do Jorge Amado.

Reler bons livros é minha promessa de meio de ano. Só os melhores. Mas que eles não tenham pressa.

2 comentários:

  1. É, por algum motivo não sublinhei as inumeras passagens "iluminadas" de "Vagabundos Iluminados" coisa q está me forçando a uma releitura antecipada, já que não da pra ir direto as passagens q se relê várias vezes.
    Abraço

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  2. Cara! Coincidentemente, faz uns 10 minutos que peguei Vagabundos Iluminados da prateleira (até aí tudo bem, sempre pego...ehehe), vi que não tinha anotado nada e estava justamente me culpando por isso! Acho que vou fazer uma releitura dinâmica.

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