quinta-feira, 15 de julho de 2010

Não atirem nos americanos

Há um bocado de gente por aí nutrindo um certo ranço contra tudo o que vem dos Estados Unidos. Um brasileiro que prefira, ou simplesmente aprecie, a cultura ou a arte estadunidense, é logo chamado - em tom pejorativo - de “colonizado”. E ainda é acusado de não valorizar o produto nacional. De minha parte, não apenas não compartilho com isso, como sou um entusiasta da cultura yankee.

Afinal, que culpa tenho se foi em solo norte-americano que nasceram e se desenvolveram o blues, depois o jazz e depois o rock, por exemplo? Na literatura, foi lá que os beatniks – Jack Kerouac, principalmente – criaram um jeito novo de escrever e narrar, que é o que mais me agrada entre tudo o que já li até hoje. Nem falemos do cinema, porque este dispensa qualquer defesa.

Os americanos fazem o melhor jornalismo desde os anos 40, pelo menos, e foram eles que inventaram o new journalism, jornalismo feito com elementos da literatura, que é grande barato da profissão. Não consigo achá-los culpados por isso. E, verdade seja dita, em sua origem o blues é muito mais africano do que norte-americano, o jazz é muito mais europeu, Kerouac é franco-canadense e muitos grandes cineastas hollywoodianos tampouco nasceram naquele país. Ou seja: não amo os EUA, mas muitas coisas que se criam lá.

Se fossemos tão colonizados assim, não teríamos o futebol como esporte preferido, por exemplo. Contrário a isso, é lá que este esporte cresce cada vez mais. O papo de que o brasileiro não valoriza sua cultura é balela. Não deixamos de gostar do que é bem feito no Brasil - o cinema, o samba, o futebol – só por consumir também o que surge no hemisfério norte. O rock, o jornalismo e a literatura tupiniquim é que, talvez, não sejam tão bons assim. E não vejo músico bom de MPB morrendo de fome, no anonimato.

Criticar os EUA, principalmente pelas suas práticas políticas, sociais e econômicas, acho válido e necessário. Mas fechar os olhos para tudo o que eles conseguem criar em praticamente todas as áreas, é não gostar de pensar.

2 comentários:

  1. Estou do teu lado, caro Andrei. Esse negócio de querer depreciar, sejam países, sejam pessoas, não é uma boa não. Tenho acompanhado vários noticiários pela internet, vindas de toda parte do mundo, sempre contendo uns 30% de críticas contra os americanos, entretanto como um consumidor de alguns produtos eletrônicos, os melhores, isto por que certamente passam por um rigoroso controle de qualidade, tem sido os que trazem as siglas USA. Minha franca observação é apenas um pormenor do que o mundo produz dentro de características em que a ética da honestidade está desaparecendo. Afinal devemos muito para os americanos no tocante a diversos fatores; mesmo na área da política democrática, ainda que ela tenha sido planejada por alguém lá no passado, em algum país do velho mundo, ela foi aprimorada somente após as sombras da revolução americana dissiparem. Tenho visto também no setor de alimentação, a incansável assistência que os americanos prestam a diversos países pobres do mundo. Penso que muitas críticas provém de algum fundo negativo de inveja. Mas, tudo bem; o negócio é levar a poesia avante, que com seus encantos carismáticos abrange o mundo, e dignificam, pelo menos os poetas. Abraços de Luzirmil.

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  2. O que é isso, caro Andrei? Dizer que a ''literatura tupiniquim'' talvez não seja ''tão boa assim''? A literatura brasileira dá de dez a zero na literatura norte-americana, aliás em qualquer literatura escrita no idioma deles, pois o Inglês é de origem um idioma paupérrimo, sem chance de se igualar sequer aos idiomas de origem latina, muitíssimos mais ricos e que oferecem um hemisfério de oportunidades estilísticas distintas. Já que você tocou no assunto rock, veja por exemplo a cansativa repetição de termos nas músicas norte-americanas, sem sinonímia, um desfile cansativo dos mesmos termos.Quando se quer falar do idioma inglês só se sabe falar em ''idioma de Shakespeare'' - sabe por quê? Porque este poeta foi quem conseguiu gravar na memória da humanidade, idependentemente de épocas históricas, um maior conhecimento da literatura inglesa. O Brasil, um país-continente, tem a desvantagem de falar um idioma que os europeus, salvo os de origem latina, jamais aprenderão; mas nossa literatura é uma das melhores do mundo, tanto em número de ótimos escritores quanto na variedade de seus estilos e escolas. Agora, que o Mac Donalds é o campeão da carne podre, lá isso é verdade, só que ninguém comenta. Abraços.

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