terça-feira, 20 de julho de 2010

Acontece no mundo dos sebos

Aproveitando o clima festivo desse Dia do Amigo, concluí que merecia um presente. Afinal, sou um bom amigo. Esforçado, pelo menos. Cheguei a todas essas conclusões já com o futuro presente em mãos, ao cair da tarde no sebo Ladeira, no centro de Porto Alegre. Tratava-se do livro Canalha!, do Fabrício Carpinejar.

O seminovo estava com um bom preço, bem abaixo do que pagaria nas livrarias, e há tempos queria ler algo do Carpinejar além de suas brevidades do Twitter. Já entrevistei o escritor mais de uma vez, e sou fã declarado. Juntando isso tudo ao fato de que também tenho feito algumas boas ações por aí, concluí que tudo isso justificaria o presente de Dia do Amigo. E comprei.

Já voltava para casa quando resolvi folhear o livro. Queria ver o real estado em que estava, se alguém já havia rabiscado alguma coisa (como sempre acontece, e eu mesmo cultivo esse hábito). Ao olhar a contracapa, vi aquilo que achei mais curioso: o livro estava com a etiqueta adesiva da livraria com a data em que havia sido comprado: 24 de dezembro de 2008.

Pois então alguém se desfez de um presente de Natal em troca de alguns trocados no sebo, e o presente veio parar em minhas mãos. De alguma forma, isso me perturbou. Já se passaram várias horas e ainda não tirei o tal livro da mochila, pois, não me sai da cabeça a impressão de estar violando um presente alheio. Quem se desfaz de um livro tendo recebido-o amorosamente na noite de Natal, talvez da mãe, da avó ou da namorada? E se aquele que deu o presente casualmente deparar com o livro à venda um dia?

Certa vez, um amigo mostrou-me um livro com uma dedicatória engraçada, assinada por vários amigos seus. Dizia assim: “se você está lendo esse livro agora, é porque o Fulano traiu a nossa confiança e vendeu nosso presente na primeira esquina”. Achei genial. E não à toa, meu amigo jamais cogitou repassar esse presente personalizado.

Outra vez, encontrei em um sebo de São Leopoldo uma biografia do Bob Marley. Novinha. Comprei-a por um terço do valor que pagaria em uma livraria (às vezes sou cruel). Pois não acontece que, cada vez que olho para a obra, imagino o dono original indo ao sebo vender seu livro do Bob Marley para comprar algumas gramas de maconha? Fico maravilhado! Afinal, não lhes parece nobre, vender a biografia do artista que mais cultuou essa droga, justamente para comprar um pouquinho de erva?

Quanto a mim, repassei um livro do beberrão Bukowski dia desses. Mas não comprei sequer uma cerveja.

6 comentários:

  1. Olá Andrei!Sou sua colega de profissão, ou quase... rs. Seu perfil está desatualizado, então, acredito que você já tenha se formado e, para mim ainda faltam alguns meses!Compartilho não ter lido Carpinejar em livro, apenas as brevidades do microblog e entrevistas... mas ainda não tive a oportunidade de entrevistá-lo com minhas próprias perguntas.Quanto aos sebos... eu acho melhor que um presente (livro) seja trocado por trocados e depois seja aproveitado por alguém, a servir para enfeite de prateleira, que não é a sua "missão". Dispense esse remorso por ter adquirido um presente, afinal, agora ele também é o teu presente. E, o faça útil: desfrute-o!!

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  2. Olha só, eu certamente imaginaria o primeiro dono do livro ao olhar para ele! xD
    Eu sou daquela que guarda tudo, até coisa ruim. Nunca que me desfazeria dos meus livros em um sebo >.<
    E aproveite o presente, lógico! Se o cara não quiz (no Natal!), o livro encontrou alguém que o quisesse.

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  3. Concordo contigo, Izze. No fim, o livro encontrou quem o quisesse!

    Anne, concordo quando tu diz que o livro tem mais utilidade sendo repassado a alguém que vá ler do que ficando guardado numa estante. Mas, nesse sentido, prefiro repassá-lo emprestando-o, de preferência para alguém que vá ler e comentar comigo depois. :)

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  4. Sempre compro livros em sebos quando estão em bom estado de conservação, mas confesso que meu motivo é o mais nobre: a economia. haha.. E sem culpa ou dor alguma penso no antigo proprietário. Bônus da insensibilidade.

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  5. Ah, como queria morar numa cidade maiorzinha que São Chico pra poder comprar livros em sebos também!
    Legal saber que tu curte o Fabro (super íntima), eu também sou tri fã dele! Mas ainda não li nenhum livro. Seria ousadia demais te pedir ele emprestado? :D
    Beijoooos, querido!

    P.S. O Fábio tá muito faceiro. Ontem ele veio nos contar que comentou no teu blog! hehehe

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  6. Com certeza, Larissa, a economia é o principal atrativo quando se entra num sebo! Mas também a possibilidade de encontrar livros que não estão mais nas livrarias (tá, esse é só um bom pretexto).

    Então, Camila, tinha a plena confiança em que o Fábio conseguiria comentar um dia. Ele só prova a evolução dos cazuzenses na era da inclusão digital! Quanto ao livro, te empresto sim, sem problemas.E quando tu falou em Fabro, por um momento achei que se referia ao nosso amigo Rodrigo Fabro. eheheh

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