domingo, 6 de junho de 2010

48' do 2º tempo

Aos 48’ do 2º' tempo, consegui finalizar meu Trabalho de Conclusão de Curso (que também atende por TCC). O prazo de um ano para realizar a pesquisa esgota-se nesta segunda-feira. Na verdade, o que acaba é o período de acréscimos, pois a data inicialmente prevista era a última sexta-feira, 4. Menos mal que o coordenador do curso, como os melhores árbitros de futebol, foi complacente com a reposição do tempo perdido.

Sempre tive duas certezas durante este período em que estive absorto pelo TCC: a primeira, de que daria conta de terminar o trabalho, por mais que a corrida contra o tempo se tornasse ingrata. A segunda, de que só colocaria o ponto final no último dia. Não só o ponto, mas o parágrafo, a página, até o capítulo final. É que sou, ao mesmo tempo, escravo e cúmplice do relógio.

Há qualquer coisa de inexplicável na inspiração que só os últimos minutos nos reservam quando algo, simplesmente, precisa ser feito. É quase uma iluminação. Há algum tempo atrás, até lutava contra o que considerava uma mania de deixar tudo para a última hora. Hoje, tudo o que preciso é cuidar para que sobre algum tempinho livre antes de qualquer prazo inadiável. Resolvido este problema, é só aguardar. Nunca falha. Esta crônica mesmo, só saiu à força, pois não queria iniciar a semana com um post de sexta-feira aqui no Blog.

Certa vez perguntaram para o Verissimo, o Luis Fernando, qual a sua maior fonte de inspiração para escrever. Resposta: o relógio. Também ele se diz um refém do prazo que está prestes a se esgotar. Para quem escreve, é ainda mais difícil entender como a pressão do tempo pode fazer tão bem. Afinal, só se escreve quando se tem alguma ideia. E é difícil ter ideias sob pressão.

Acredito que, para o cérebro, seja melhor trabalhar sob pressão. Nós é que criamos acomodações o tempo todo, e só o exploramos quando esta causa maior, que pode ser uma corrida contra o tempo, provoca algum estímulo. É como aquela força, aparentemente sobrenatural, que descobrimos ter em momentos de extrema necessidade, em casos de autopreservação, por exemplo.

Talvez não tenhamos acesso deliberado a esta incrível capacidade inconsciente, ou, quem sabe, o descanso mental seja o nosso estado comum. Talvez precisássemos ter este acesso, para realizarmos coisas incríveis o tempo todo. Ou, quem sabe, este descanso é que seja indispensável, para a nossa sanidade. Prometo só buscar conclusões no dia em que a última hora me deixar na mão.

Um comentário:

  1. Que atire a primeira pedra quem nunca escreveu algumas linhas essenciais nos 48 do 2º tempo...

    Protelar é meu lema sempre, mas nunca tinha pensado de forma tão fundamentada em favor da "inspiração que só os últimos minutos nos reservam"!

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