sábado, 19 de junho de 2010

De repente, 24

Bem que me disseram: depois dos 20, a vida passa rápido. E como passa. Voa o tempo de tal forma, que de repente somos apresentados àquelas situações que, de tão distantes, era certo que nunca iriam chegar.

Foi depois dos 20 que saí de casa. Era 2008, dois anos atrás, mas parece ter sido ontem que cheguei à São Leopoldo, errando as ruas até achar meu novo endereço. Em breve, outro momento daqueles que deveriam ficar só na imaginação juvenil: a formatura na faculdade. Seis anos e meio depois de ter ingressado. Lembro do vestibular, da prova zerada de História, quando marquei a letra D em tudo e me dei mal. 40 disciplinas depois, posso dizer que passou voando.

O escritor inglês W.Somerset Maughan, em O Fio da Navalha, escreveu que, aos 18 anos, nossos sentimentos costumam ser mais profundos do que duradouros. Stendahl, escritor francês, escreveu em O Vermelho e o Negro que, aos 20 anos, a ideia do mundo e a preocupação do efeito a produzir sobre ele vencem a tudo mais. Coincidentemente, li os dois livros tendo a idade que os autores referem, e, por identificação, anotei as duas frases e as tenho até hoje, no bloquinho e na cabeça.

Ainda não achei o autor que traduza os 24 anos, idade que completei no último dia 17. De minha parte, posso dizer que os pés estão mais presos ao chão do que estavam aos 20 de Stendahl, quando causar algum efeito no mundo era, de fato, uma missão.

Posso dizer que aos 24 já vivemos mais para aqueles que nos rodeiam, que nos amam e que amamos. Vivemos de buscar o máximo de satisfação pessoal, mas sem almejar mudar o mundo ou nele sobressair-se. Com alguma experiência que já começa a se formar, as euforias e frustrações diminuem. Há mais equilíbrio quando se percebe que a vitória e a derrota coexistem. Embora ainda haja muito pela frente, já queremos delimitar o futuro a algumas poucas possibilidades, por garantia.

Aos 24 anos, já se passaram quatro, dos 20 que achávamos que jamais chegariam quando estávamos na infância. Bom ou ruim, 24 é um choque de realidade.

3 comentários:

  1. Quando perguntei se haveria um texto celebrando o aniversário, não imaginei uma obra de reflexão desse gênero (vindo de ti, deveria ter imaginado)...
    Legal! É muito engraçada a forma como pensávamos no futuro durante a infância/início da adolescência... Eu, por exemplo, respondia em todos os "questionários" que iria me casar com 23/24 anos e teria 2 filhos... Pq pra mim, nessa idade eu estaria velha, madura e com estabilidade econômica, hehe, doces ilusões ...

    É, o tempo voa e com ele os nossos antigos conceitos! Vou começar a pensar algo sobre os meus 27 anos (putz, to beirando os 30)!

    Última coisa: Zerou História?!?!?! Ô Andrei, assim tu me decepciona, hehe... Brincadeira!

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  2. Pois é, esse "problema" de querer casar e ter filhos tão cedo eu nunca tive! Só o da estabilidade econômica, que ainda continua!

    Quanto ao zero em História, foi pra deixar o vestibular mais emocionante! hehehe

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  3. Hahaha! Me senti parte deste teu texto! Estou entre meus 18 e 20 e me senti tão engajada na vontade de mudar o mundo... Haha, socialista, querendo dar uma de Che, acho que aos 24 eu diminuo um pouco esse "sonho de mudar o mundo"...
    Bom, sobre o texto em si, já sabes, né. Mais uma fã aqui!

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