E agora que fazer com esta manhã desabrochada a pássaros?
Insetos levam mais de 100 anos para uma folha sê-los.
Gostava de desnomear: Para de falar barranco dizia: lugar onde avestruz esbarra. Rede era vasilha de dormir.
Chegar ao criançamento das palavras. Lá onde elas ainda urinam na perna. Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos.
A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos. Vô! o livro está de cabeça pra baixo. Estou deslendo.
O que não sei fazer desconto nas palavras
Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.
Admiro muito esses caras que conseguem falar do que é simples com a mesma simplicidade, mas principalmente com sabedoria, recriando palavras, dando novo sentido ao que é banal...
ResponderExcluirA gente passa a ver essas circunstâncias descritas com outros olhos... É meio mágico...
Sensacional: "O que não sei fazer desconto nas palavras"
"A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos. Vô! o livro está de cabeça pra baixo. Estou deslendo."
Pois é, a sabedoria pra tratar daquilo que, de tão simples, nem é percebido, é o que mais admiro no Manoel.
ResponderExcluirE a frase "O que não sei fazer desconto nas palavras" é das minhas preferidas também!
Prezo insetos mais que aviões.
ResponderExcluirPrezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
Manoel de Barros
Esse é um dos meus favoridos.
Gostei do blog! Ficarei a ler.
Beijo