quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fora de campo, batalhas piores

Sobrou até para o bairrismo gaúcho. Terminada a peleia entre Grêmio e Santos, em que os paulistas saíram classificados, começaram a pipocar na imprensa notícias que incendiaram mais o confronto do que tudo o que se leu e ouviu antes do jogo. E nem me refiro às declarações dos jogadores antes de descer aos vestiários.

Atenho-me a que li no site da ESPN, pouco após o término da partida. Notícia de que a torcida do Grêmio na Vila Belmiro teria chamado torcedores do Santos de “filhos de nordestino” e “povo sem cultura”. Não sei o que soa mais absurdo, se esta manifestação infeliz dos torcedores, ou se a notícia se referir à “torcida” e não a “torcedores do Grêmio”, o que aquela minoria de fato representava. A generalização perigosa acabou gerando mais de 200 comentários ofensivos aos gaúchos no site.

Como sempre acontece, o futebol saiu das quatro linhas para o campo das representações sociais.
Outra crítica foi a estes mesmos torcedores, que cantaram o hino rio-grandense em plena execução do hino nacional antes do jogo na Vila. Falta de educação lamentável, concordo. Defendo o orgulho de ser gaúcho, mas querer demonstrar alguma superioridade, seja como for, como querer impor o canto do seu hino sobreposto são do Brasil, é bairrismo descabido e pouco inteligente.

Curioso foi ler como estas mesmas pessoas que se manifestaram contra o preconceito dos torcedores (ou melhor, da “torcida”) gremistas, nos mesmos comentários acusaram os gaúchos de separatistas,. vergonha do Brasil, falsos argentinos, e daí para pior. Até incentivaram a separação do Rio Grande do resto do país. Um paulista chegou a afirmar que seria “um Estado a menos para São Paulo sustentar”. Fantástico.

O futebol é mesmo apaixonante. Mas comporta também todas as distorções que as paixões acarretam.

2 comentários:

  1. Pois é... tenho dificuldades de levar numa boa as distorções de uma paixão como essa... Isso me deixa meio incomodada...
    Acho que muitos torcedores levam a coisa muito a ponta de faca e acabam transformando essa paixão numa coisa doentia, muitas vezes perigosa...
    Existem paixões, envolvendo outros esportes que não carregam essa marca tão forte... Por essas e outras ainda não consegui me apaixonar pelo futebol!

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  2. verdade...muitos torcedores acabam entrando na onda de que o jogo é uma "guerra". Por sua vez, os clubes, como eu já escrevi, só faltam vender metralhadoras pra convencer de que a sua torcida é um exército, que deve lutar pela nação...e por aí vai. São distorções mesmo.

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