segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A batalha de Bento Gonçalves

*Matéria publicada no jornal Pioneiro, nesta segunda-feira (7)

Como o Brasil derrotou a Argentina no rúgbi pela primeira vez na história e ainda carimbou vaga para o Pan de Guadalajara

Por volta das 21h30 do último sábado (5), as seleções de rúgbi de Brasil e Argentina entravam no gramado da Arena do Sesi para o último confronto da primeira fase do torneio Sul-Americano disputado no fim de semana. Aos brasileiros, caberia o papel de sempre: assistir a mais uma vitória da invicta trajetória argentina.

A derrota ainda seria amenizada, pois o objetivo do dia já havia sido alcançado: a inédita classificação para o Pan-Americano, que será disputado em outubro, em Guadalajara, no México. Mas eles queriam mais, e para isso arriscaram uma jornada épica na noite serrana.


Quando as seleções deixavam o gramado para o intervalo, com vitória parcial de 7 a 0 para os brasileiros, obtida graças a um try de Daniel Gregg depois convertido por Lucas Duque, aquela parecia a maior façanha a ser alcançada naquela noite. Prova disso era o presidente da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), Sami Arap, nas arquibancadas, gritando para o cinegrafista oficial da competição:

– Filma o placar! É histórico! É histórico!

E era mesmo. Quando o assunto é rúgbi na América do Sul, vitória da Argentina poderia fazer parte do livro de regras. Los Pumas, como são chamados os jogadores, são os campeões de todas as edições do torneio Sul-Americano, disputado desde 1951. Nunca haviam perdido um jogo sequer. Boa parte desse grupo integra a equipe que irá disputar o próximo campeonato mundial. Em Bento, a disputa foi na modalidade sevens, uma variação do esporte original em que as equipes se enfrentam com sete jogadores para cada lado.

Inconformados com o placar negativo, no segundo tempo os argentinos pressionaram de todas as formas, e o jogo se passou praticamente todo no campo de defesa do Brasil. Mas, tendo acusado o golpe, as investidas no ataque eram desorganizadas, nervosas. E a cada recuperada de bola pelos brasileiros, a torcida, toda de pé pela primeira vez após um dia inteiro de disputas, tinha amostras de que o impossível estava por acontecer. Em 14 minutos, dois tempos de sete, deu-se a maior vitória do rúgbi nacional.
A vida depois da proeza
Após o jogo, o clima era de muita emoção. Cerca de 300 pessoas acompanharam a façanha, entre torcedores, membros da organização, além das próprias delegações dos seis países que disputam o torneio. Ninguém parecia acreditar no que tinha acabado de ver naquela noite em que uma chuva fina caía para refrescar o calor intenso. O autor do lance que definiu a partida extravasou:

– Ainda não consigo pensar no tamanho desta vitória. Achava que ia morrer sem ver o Brasil ganhar da Argentina – vibrou Daniel Gregg.

O torneio prosseguiu ontem. O sonho do Brasil de fazer a final ouro acabou parando na semifinal diante do Uruguai (5 a 7). Os vizinhos acabariam perdendo a decisão para a Argentina, que antes passara pelo Chile. As quatro seleções representarão a América do Sul em Guadalajara.

Na final prata, contudo, ainda foi possível fazer 17 a 12 nos chilenos e terminar um fim de semana histórico com outra comemoração brasileira na Serra.

3 comentários:

  1. Não tenho vergonha de dizer que tenho conhecimento zero sobre o tal rúgbi e da participação do Brasil em algum torneio do gênero.
    Aí o nobre jornalista pode se questionar: "Que diabos essa doida vai comentar, então?!"

    Bom, só vim dizer que vou pesquisar coisas sobre o assunto pra tirar de mim a sensação de: DO QUE ELE TA FALANDO?!
    Ah, e parabéns pelas publicações! Já to vendo que daqui a pouco vai ter um tal de Andrei Andrade como colunista de algum desses jornais aí...

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  2. Bom, acho que um pouquinho eu posso esclarecer...eheehe.

    O rugby é uma espécie de "futebol com as mãos", bastante popular em vários países, principalmente Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina. Vai estar nas olimpíadas do Rio, por exemplo.

    Por algum motivo, esse esporte que aqui em Bento tá se tornando bastante popular, tem time local e tal...o povo curte. Foi um dos motivos do Sul-Americano ter sido aqui.

    E o que aconteceu foi que, no sábado, a seleção brasileira derrotou um time que nunca tinha perdido para outro sul-americano em mais de 100 anos. Que era a seleção argentina.

    Tanto que minha pauta original era "como se enfrenta um time que não perde nunca?". E os caras foram lá e me desmentiram...eehehe. Mas foi muito massa.

    Espero ter tirado algumas dúvidas!
    Beijo

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  3. Geeente, agora me senti lendo aquela parte da ZH: PARA SEU FILHO LER! hehe...
    Muito didática a tua explicação... tirou as dúvidas sim!
    BLOG DO ANDREI É CULTURA GERAL!!!
    Valeu...bjão

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