sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Amigos verdadeiros e senso comum


Se deixarmos, o senso comum irá nos convencer que o verdadeiro amigo estará presente sempre nas horas mais difíceis. Como o cão que nunca abandona o mendigo. Quando todos os outros se revelariam meros aproveitadores da boa fase que um dia vivemos, ele estará lá para sentir conosco a dor que sentimos. É um verdadeiro anjo, o amigo verdadeiro que compramos do senso comum.

Não precisamos e nem devemos cobrar de nossos amigos que eles estejam presentes nas horas ruins. Já defendi isso por aí. O amigo não tem que nada...apenas ser amigo, e as horas ruins não o tornarão mais verdadeiro.

Não se trata, absolutamente, de desconhecer o valor do auxílio que um amigo pode nos prestar quando uma profunda agonia parece prestes a nos derrubar a qualquer momento. Mas sim de reconhecer que esse que nos conforta nas horas ruins pode apenas ter uma habilidade que falta àquele que silencia.

Se sou incapaz de aconselhar, acalmar, sugerir soluções, isso me faz um mau amigo, um falso e aproveitador? Não acredito nisso. Ser um bom conselheiro também é questão de habilidade, tanto quanto dar aquela força na hora da mudança de apartamento. Da minha parte, sou tão descoordenado para a maioria das atividades braçais quanto para dar conselhos.

Cheguei a esboçar uma tese de que podemos reconhecer um bom amigo não pela disponibilidade dele de nos ouvir, mas pela nossa de contar a ele o que nos aflige. Mas até isso ia exigir que o amigo fosse um bom ouvinte, e acabaria por desvalorizar os que quase só falam. E jamais o desvalorizaria, justo eu, sempre mais ouvinte do que falante, e que por isso preciso de alguém que fale para que eu escute.

Amigo não é para ser útil. Para nos serem úteis, existem profissionais bem capacitados (ainda que muitas vezes cobrem caro). Amigo é pra compartilhar momentos bons e ruins, só bons, ou só ruins. E quando alguém diz que o amigo que o consola é amigo de verdade, pode estar desconsolando outro tão verdadeiro quanto.

2 comentários:

  1. Bah, belos conceitos sobre a liberdade na amizade, tambem acredito nisso, o senso comum chateou um pouco a cultura da amizade com um monte de compromissos, tipo direitos e deveres do amigo, a coisa tem que ser mais livre. A amizade nao è um titulo, ela vai se manifestando espontaneamente, sem espectativas, deixando a gente se surpreender com ela. Falowwww

    ResponderExcluir
  2. Pois é, velho. Todas as outras relações humanas já são cheias de regras e compromissos - pais e filhos, casais de namorados, colegas de trabalho, etc - e isso até dá pra entender, por serem, no fundo, investimentos....mas um certo senso comum ainda quer tirar da única relação realmente livre de objetivos essa condição, que a diferencia e valoriza.

    Que bom poder, pelo menos, refletir sobre isso.

    Abração

    ResponderExcluir