quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Barrados no avião

Matéria deste blogueiro publicada no Pioneiro de quarta-feira (19), e na Zero Hora de quinta-feira (20)

A expectativa de um passeio ao Nordeste se transformou em uma grande dor de cabeça para uma família de Bento Gonçalves. Tudo porque, uma semana antes do embarque, a companhia aérea impediu que a filha de três anos do comerciante Volnei Pertile e de sua esposa, Eliane, embarcasse junto com eles e seus outros dois filhos para Porto Seguro (BA).

A pequena Maria Luísa é portadora de paralisia cerebral, causada por um acidente de trânsito quando ela tinha apenas sete meses de idade. Para que pudesse levá-la à viagem, a família obteve um laudo médico, exigido pela companhia, atestando que a menina estava apta a embarcar.

O documento foi aceito, mas a surpresa veio na última sexta feira (14), quando um e-mail enviado pela Gol Linhas Aéreas retificava a posição anterior, afirmando que o caso fora reavaliado por uma junta médica, e que, por questões de segurança, não seria permitido que a criança embarcasse com os pais.

Sentindo-se vítima de discriminação, a família tentou negociar, mas não obteve sucesso. Apoiada então em uma resolução de 2007 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que obriga as companhias aéreas a se adequar às necessidades das pessoas portadoras de deficiência, Pertile entrou com uma ação judicial contra a companhia.

– Maria Luísa tem dificuldades motoras, mas um acento de três pontas já seria suficiente para que ela pudesse viajar. Não encontramos uma explicação plausível, técnica ou jurídica para essa posição da empresa – afirma o advogado da família, Adroaldo Dal Mass.

O pai diz que, em consulta a outras companhias aéreas, obteve de todas elas a autorização para a viagem da pequena. Porém, a família aguarda para os próximos dias o resultado do pedido de uma liminar que pode permitir o embarque pela Gol.

– Hoje (ontem), me ligaram oferecendo desconto e uma maca para a minha filha viajar. Mas nossa luta agora não é mais pela viagem, mas sim pelos direitos da pessoa especial – comenta Volnei.

Em nota enviada à reportagem, a Gol Linhas Aéreas confirma ter oferecido ao cliente a possibilidade de transportar a criança em uma maca, e que as exigências da empresa estão em consonância com as normas de segurança estabelecidas pelas Autoridades Aeronáuticas.

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