quarta-feira, 21 de março de 2012

O medo da morte

Afinal, o que é que tanto nos incomoda, preocupa ou amedronta diante da inegável certeza de que um dia encararemos a cara feia da morte?

São os planos que deixaremos inacabados? É não poder mais fazer o que gostamos ou nunca mais estar com aqueles que amamos por toda a vida? É o medo do que vem a seguir, ou de que nada a venha a seguir?

Deixar de existir sempre me pareceu o mais tão trágico aspecto da morte. Tão trágico quanto curioso, tenho que admitir. O mundo segue, mas você não. É inconcebível. Viramos mera lembrança de quem nos conheceu, até que eles venham a morrer também e aí seremos parte de um passado sem testemunhas, até que nossa existência possa servir no máximo para algum descendente conquistar uma dupla cidadania no futuro.

Desconsiderando toda a carga filosófica do tema, o simples ato físico de morrer, por si só, já me incomoda o suficiente. Parar de respirar. Os cinco sentidos nos abandonando enquanto a mente nos oferece algum devaneio que nos tire a consciência do fim, caso a morte não nos alcance de forma abrupta.

Temos certeza da morte, mas não sabemos quando iremos morrer e por isso planejamos coisas. Coisas que nos farão detestar nossa morte tanto quanto a dos nossos familiares, amigos e ídolos. E jamais nos acostumaremos com a ideia de ter nossas empreitadas interrompidas.

O que vem primeiro: o medo ou o ódio da morte? Com qual destes sentimentos é menos doloroso conviver?

Assim como este texto, tudo que a morte nos deixa são perguntas e mais perguntas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário