terça-feira, 29 de junho de 2010
O chato e suas respostas
Qualquer um que acredite cegamente nos princípios de uma forma de pensar tende a se tornar logo insuportável, fadado ao isolamento. Sabe aquele chato, fanático, que resume o mundo em meia dúzia de verdades absolutas que sua crença oferece? Todos já encontramos um. São boas pessoas, geralmente. Uma pena serem tão irritantes com suas frases prontas.
Quase todos os dias, sou moralmente obrigado a escapar de alguma discussão, apenas porque o interlocutor insiste em oferecer explicações sobre qualquer coisa, dentro daquilo que ele acredita, sem aventurar-se um mísero passo fora da linha. Para estes que desmontam qualquer tentativa de argumento, resumindo o mundo a simplificações, que podem ser energias, espíritos, astros, burguesia ou conspirações, todo o resto é bobagem e perda de tempo. Maniqueístas, sempre dão um jeito de classificar o bom e o mau.
A estas pessoas, imponho apenas a minha cara de paisagem. Não sou contra as ideologias, mas sim às suas distorções, que são os fanatismos. Sou a favor da busca de respostas para a vida, mas sou contra as respostas. Respostas são pretensiosas, encerram questões que não são simples como 2+2. Vou sempre preferir versões, hipóteses, teorias e argumentos. Às favas com as verdades.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Que vençam todos
Em alguns jogos decisivos, é difícil torcer por alguma seleção, pois a maioria das equipes deveria ter mais jogos para mostrar o que sabem, para a torcida se empolgar com o espetáculo, para o país desconhecido ganhar alguma vitrine. É uma pena que tenham voltado para casa os Estados Unidos, que jogaram tão bem. Mas, ao mesmo tempo, seus algozes, os ganeses, tinham a missão de manter o continente africano vivo no torneio.
Mas Gana também vai cair, logo ali. Se não cair, cai o Uruguai, que também não merece cair. Ninguém merece cair. A Coréia do Sul não merecia cair. A Inglaterra, com Mick Jagger na torcida, não merecia cair. Talvez os franceses e os italianos merecessem. Até porque, fizeram a final da última edição, o que dá alguns anos de sangue doce pela frente. O sofrimento é menor.
Por querer uma final entre Brasil e Argentina, tive que torcer pela equipe de Messi e Maradona eliminar os mexicanos. Mas os mexicanos foram raçudos, também mereciam permanecer. Claro que só a eminência do fim da festa faz com que ela seja tão valorizada. Se ela se repetir só de quatro em quatro anos então, nem se fala. Mas o fim de uma participação em Copa é deveras melancólico e comovente.
A comoção com os derrotados é parte indispensável do show da Copa. A cada apito final, uma nação fica triste e desacreditada. Mas, sem perda de tempo, logo encontra um novo time para torcer, seja por proximidade geográfica ou afinidade cultural. Sempre se está torcendo por alguém. Nem que seja apenas para repetir a amena tristeza da derrota no futebol.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Acalme-se com Charles Mingus
Inverno requer trilha sonora. E Better Get In Your Soul, do baixista Charles Mingus, foi uma das principais da invernada de 2009. Foi uma fase de muito jazz da minha vida, noites de muito som, café e literatura beat nas férias de julho (época em que lia muito e escrevia pouco, para hoje poder fazer o contrário). Que efeito maravilhoso tem o jazz para uma mente em busca de tranquilidade. E lembro que as músicas de Mingus eram sempre as que fechavam a noite, indo até a hora de ir ao encontro dos amigos, nos finais de semana da serra gaúcha. Na maioria das vezes, 5 segundos era o tempo entre desligar o som e girar a chave da porta rumo à boemia.
Por retratar bons momentos vividos na mais romântica das estações, nada mais justo do que começar este inverno retomando a audição de Better Get In Your Soul. Atenção especial para os solsos de sax, de Charlie Mariano, e bateria, de Dannie Richmond. São 7 minutos de jazz. E é pouco.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Página 3: agradecimentos
É difícil dar conta de agradecer a todas as pessoas que foram importantes nestes seis anos e meio de trajetória acadêmica. Ir por tópicos facilita.
Obrigado...
...à minha mãe, Zoraia Maria da Silva Andrade, a quem devo tudo o que sou e serei. Sem teu enorme incentivo e tuas pequenas cobranças eu jamais teria saído do mesmo lugar em que estava.
...aos meus avós, Alberto Alves de Andrade e Yolanda da Silva Andrade, que puderam acompanhar um pouquinho do meu esforço para me tornar jornalista. A saudade que tenho de ambos é o sentimento mais belo que pode existir.
...aos amigos, por me ensinarem a amizade.
...aos professores da Unisinos, que ajudaram a me tornar um jornalista melhor e mais apaixonado do que seria sem a presença deles nesta vida acadêmica. Em especial – e por ordem de “chegada” – Miro Bacin, Sérgio Endler, Carlos Alberto Jahn, Patrícia Weber, Edelberto Behs, Valério Brittos, Laura Cánepa e Juan Domingues.
...aos orientadores deste trabalho, professores Juan Domingues – no 1º tempo – e Carlos Alberto Jahn – no 2º tempo e na prorrogação – por compartilharem comigo muito de seus conhecimentos e sabedoria.
Foto da querida amiga Gabriela Schuch (avaliadores, da esq. pra dir.: José Luis Braga, Carlos Jahn (orientador) e Sérgio Endler)
terça-feira, 22 de junho de 2010
Os fortes não têm vez?
Em 2002, por exemplo, nada foi mais sem graça do que a semifinal entre Alemanha x Coreia do Sul. Em ritmo de amistoso, foi um passeio alemão. E nem os alemães lembram. Já em 2006, esta mesma seleção encarou a Itália na mesma fase. Se deu mal, mas o mundo viu um ótimo jogo, decidido na prorrogação.
Em contraponto à minha opinião, vejo muita gente torcendo contra aquelas seleções que seriam fortes adversários para o Brasil. Querem ver fora a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, para ficar apenas nas que estão ameaçadas. De volta à 2002, qual o jogo é mais lembrado e tem seus lances mais reprisados? As quartas-de-final, contra a Inglaterra, ou as semifinais, contra a Turquia? Com certeza foi o jogão contra os ingleses que entrou para a história.
Por isso, que a Espanha vença o Chile, que Alemanha vença Gana e que a Inglaterra vença a Eslovênia. E que no fim, vença o melhor.
sábado, 19 de junho de 2010
De repente, 24
Foi depois dos 20 que saí de casa. Era 2008, dois anos atrás, mas parece ter sido ontem que cheguei à São Leopoldo, errando as ruas até achar meu novo endereço. Em breve, outro momento daqueles que deveriam ficar só na imaginação juvenil: a formatura na faculdade. Seis anos e meio depois de ter ingressado. Lembro do vestibular, da prova zerada de História, quando marquei a letra D em tudo e me dei mal. 40 disciplinas depois, posso dizer que passou voando.
O escritor inglês W.Somerset Maughan, em O Fio da Navalha, escreveu que, aos 18 anos, nossos sentimentos costumam ser mais profundos do que duradouros. Stendahl, escritor francês, escreveu em O Vermelho e o Negro que, aos 20 anos, a ideia do mundo e a preocupação do efeito a produzir sobre ele vencem a tudo mais. Coincidentemente, li os dois livros tendo a idade que os autores referem, e, por identificação, anotei as duas frases e as tenho até hoje, no bloquinho e na cabeça.
Ainda não achei o autor que traduza os 24 anos, idade que completei no último dia 17. De minha parte, posso dizer que os pés estão mais presos ao chão do que estavam aos 20 de Stendahl, quando causar algum efeito no mundo era, de fato, uma missão.
Posso dizer que aos 24 já vivemos mais para aqueles que nos rodeiam, que nos amam e que amamos. Vivemos de buscar o máximo de satisfação pessoal, mas sem almejar mudar o mundo ou nele sobressair-se. Com alguma experiência que já começa a se formar, as euforias e frustrações diminuem. Há mais equilíbrio quando se percebe que a vitória e a derrota coexistem. Embora ainda haja muito pela frente, já queremos delimitar o futuro a algumas poucas possibilidades, por garantia.
Aos 24 anos, já se passaram quatro, dos 20 que achávamos que jamais chegariam quando estávamos na infância. Bom ou ruim, 24 é um choque de realidade.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Precisa mais?
"O mundo é tão bonito, tenho tanta pena de morrer".
José Saramago (1922-2010), citando a avó, em entrevista de 2007.
Só uma frase, mas que justifica uma postagem.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
O dia em que me revoltei
A cena que presenciei hoje à tarde foi qualquer coisa de revoltante. Acreditem. Mandaria prender a infratora. Aconteceu agora há pouco, e ainda não estou calmo o suficiente para narrar. Mas acompanhem:
Foi no trensurb, sentido Mercado-São Leopoldo. Eram duas senhoras, entre 50 e 60 anos. Uma sentada ao meu lado, a outra de pé, em frente à amiga. Companheiras de longa data, percebia-se. No momento em que as reparei ao meu lado, a senhora de pé mostrava à outra algumas fotos em seu celular. Curioso que sou, desliguei o rádio (também porque começava a Voz do Brasil), e fiquei a acompanhar aquilo que, imaginava, seria uma animada conversa.
Para toda a foto que exibia, um comentário da autora. Apurei tratar-se da decoração nova da sua loja. Garanto que não foram menos de 30 as fotos mostradas. Paredes pintadas, portão de entrada novo, cortinas, coisas assim. Comecei a ficar inquieto, porque aquela sentada ao meu lado simplesmente não falava, apenas tecia alguns elogios vagos e fazia perguntas retóricas, aguardando a próxima foto. E as coisas assim e encaminhavam, até que, num impulso, ela finalmente tomou coragem e falou:
- Ganhei um neto, sabia? Agora são cinco. É do marido da minha filha (algo assim), que só agora ficou sabendo. Temos um enxertinho agora lá em casa.
Opa, um neto? E emprestado? Agora são cinco? E a reação da filha? Fiquei cheio de curiosidades, e esperando o desenrolar dessa história, que parecia, se não fascinante, pelo menos humana, como não será linda a avó que descobriu um novo neto, ainda que emprestado? Até fiz cara de interessado, e olhei para a que estava de pé. Foi quando quis mata-la.
Percebi que a senhora, nesse minuto e meio, não havia levantado os olhos do seu celular, escolhendo novas fotos para exibir! Aconteceu que, tão logo minha vizinha terminou seu intróito àquilo que seria a sua vez de entrar na conversa, a amiga emendou:
- Olha essa, é do jardim.
Pasmei. Fiz cara de paisagem para ela, sem disfarçar. Vamos lá: O que passa na cabeça de uma pessoa que não ouve o que o amigo tem a dizer, ou nem sequer considera que ele tenha algo a contar? E quando se trata de algo relevante, como um novo membro na família, não merece uma mínima consideração? Nem uma breve pausa no egocentrismo das fotos da reforma da maldita loja?
Já escrevi outra vez sobre meu incomodo com pessoas que não sabem conversar. Só querem falar. Querem brilhar no palco da amizade. O outro que se contente com interjeições e trate de rir quando for para rir e chorar quando for para chorar. O “show do eu” é o motivo pelo qual estas pessoas vivem a desperdiçar o tempo alheio.
O monólogo deveria ser considerado crime. É uma tortura que se faz com os amigos. Amigos que jamais irão reclamar, por mais que se sintam incomodados. Porque mesmo a reclamação daria pauta para um novo espetáculo particular do outro, o que é a última coisa que se pode desejar.
Treinemos, portanto, a cara de paisagem. E que vá presa aquela assassina do diálogo.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Pegou no tranco
Escrevo isso assistindo à Nova Zelândia x Eslováquia, talvez o jogo menos esperado do torneio. E mesmo esta partida tão singela, em horário tão ingrato, alcança repercussão graças à importância atribuída à Copa. Leio a comentários no Twitter, ouço os colegas de trabalho não tão ligados em futebol comentando a fraca atuação dos europeus, comemoramos todos os gols como um fato transcendental, e, de repente, sabemos tudo sobre os dois times.
Confesso ter duvidado dessa Copa. Achei que não pegaria. Assistia aos esforços da mídia em colocá-la em pauta meses atrás, e já estava até com pena. Falava-se muito em figurinhas, mas só isso. A seleção pouco carismática também não ajudou. O bom primeiro semestre no futebol brasileiro, com Meninos da Vila, Libertadores, Copa do Brasil e bons estaduais adiou o interesse nas seleções.
domingo, 13 de junho de 2010
Palmeiras, Felipão?
Confesso ter ficado surpreso com a escolha do Felipão. Nunca considerei uma boa o retorno para trabalhar onde alguém já se provou vencedor. Só tem a perder. Para o Grêmio, por exemplo, seria ótimo tê-lo de volta. Mas para o treinador seria um erro, pois teria que fazer campanha igual ou superior a que já teve para manter o prestígio intacto. Menos seria derrota.
O ideal é sair no auge. Como o próprio Felipão fez com a seleção brasileira, deixando-a com o pentacampeonato, manteve intacto o seu prestígio junto à torcida. Só por isso ainda é unanimidade entre os brasileiros, a ponto de até mesmo os colorados sonharem com a possibilidade de sua ida para o Beira-Rio.
Sua volta para o Palmeiras soa arriscada. Foi lá que o gaúcho ganhou tudo no fim dos anos 90, exceto o mundial. Ganhará dessa vez? Improvável. Além disso, o time paulista vive um período de vacas magras, divisões políticas e tem um elenco pra lá de limitado. Felipão é o maior. Mas terá de se superar para fazer desse limão uma limonada.
sábado, 12 de junho de 2010
Manoel de Barros em algumas frases
E agora que fazer com esta manhã desabrochada a pássaros?
Gostava de desnomear: Para de falar barranco dizia: lugar onde avestruz esbarra. Rede era vasilha de dormir.
Chegar ao criançamento das palavras. Lá onde elas ainda urinam na perna. Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos.
A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos. Vô! o livro está de cabeça pra baixo. Estou deslendo.
O que não sei fazer desconto nas palavras
Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Brevidades do início da Copa
Inclusive, sobre o show da última quinta-feira, é bom destacar também a presença da rebolante Shakira, cada vez melhor. Esqueçam o rei do narcotráfico Pablo Escobar. Shakira e o escritor Gabriel García Márquez justificam plenamente a Colômbia.
África do Sul 1x1 México foi um bom jogo, ao som das buzinas de caminhão também chamadas de vuvuzelas. Como já esperava, errei o palpite. Sou péssimo palpiteiro. Imaginei 2x0 para os donos da casa, considerando que, pela empolgação da torcida, principalmente do simpático Tutu, eles sufocariam os conterrâneos do professor Girafales. Ledo engano. O primeiro da Copa.
À tarde, Uruguai 0x0 França. Jogo fraco, fraquíssimo. Serviu para que ninguém venha a se enganar com a Copa do Mundo. Há riscos reais de jogos horríveis ocorrerem, mesmo em meio a tanta festa. Bem mais interessante foi o sentimento pró-Uruguai que tomou conta da gauchada. Entre todos os amigos que conversei, era unânime a torcida pela celeste. Não por coincidência, a maioria gremista. Imaginário da alma castelhana mais presente do que nunca.
Da minha parte, torci mais para que os jogadores das duas seleções entendessem as lógicas da Jabulani, a controversa bola oficial do mundial. Nunca vi tanto passe errado, e acredito que ela estava realmente sendo incompreendida por uruguaios e franceses. Certamente, terão que estudá-la intensivamente para a próxima rodada. Como todos os outros.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Terapia grátis com Thelonious Monk
Não desconsidere as maravilhas da meditação, da leitura antes de dormir, da massagem que só a pessoa amada ou o amigo do lado podem fazer. Mas ‘Round Midnight (ou ‘Round About Midnight, em alguns registros) tem efeito instantâneo e eficaz.
Trata-se da mais bela das melodias do jazz, verdadeira obra prima escrita por Monk, mas já gravada por gênios como Miles Davis e Ella Fitzgerald, responsáveis por duas das mais belas interpretações que eu conheço para este clássico. Baden Powell também tocou ‘Round Midnight, ao violão, em uma versão de se ouvir com um lenço do lado. Sério.
Aqui, compartilho uma gravação do próprio Thelonious com o seu trio. É uma versão pura, sem grandes sofisticações, onde a linha melódica tocada pelo saxofonista Charlie Rouse se destaca. Acalma qualquer um, e Monk nem cobra a consulta. Ouçam ouçam, ouçam.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Pra não dizer que não dei palpites
- Contra tudo e contra todos, creio que a seleção brasileira irá triunfar. Não tem brilho individual, é uma tristeza de se ver jogar, mas tem jogadores muito eficientes, que dão resultado. Chega até a semifinal, no mínimo.
- Tem razão o Zidane, craque francês, que dias atrás afirmou: “quem derrotar a Espanha, será campeão”. É a melhor seleção, individual e coletivamente. Ostenta uma enorme invencibilidade e o atual título da Eurocopa. Se perder, vai ser para o campeão. Além da Fúria, ponho Brasil, Argentina e Inglaterra como prováveis semifinalistas.
- Infelizmente, nenhuma seleção africana dá mostras de que chegará entre as quatro, talvez nem entre as oito melhores. A melhor delas, Costa do Marfim, caiu no grupo mais difícil, com Brasil e Portugal, e ainda perdeu seu craque, Drogba. Deve cair na primeira fase. Estarei torcendo para Camarões, de Samuel Eto’o, ainda que com poucas esperanças.
- Difícil até especular sobre quem será o melhor jogador da Copa. Minha aposta era o holandês Robben, que acabou se lesionando a poucos dias da estreia. É craque, mas, se jogar, será no sacrifício. Fico então entre o argentino Messi e o inglês Rooney. Dos brasileiros, Robinho é o que chega em melhor fase, e tem tudo para ser o protagonista.
- Tenho a leve impressão de que o português Cristiano Ronaldo irá decepcionar. Seu estilo de jogo começou a ficar manjado, já não decide jogos como em anos anteriores. Se fosse citar alguém da seleção portuguesa, apontaria Nani como possível destaque. Mas, advinhem, foi cortado por lesão.
- Kleberson e Júlio Baptista não serão os craques da Copa. Ronaldinho talvez fosse.
- Se o Brasil perder, a última razão apontada pela mídia será a de que o adversário foi melhor. A Itália, em
- Finalmente, torcerei muito para que Maradona e Casagrande não Robben toda a Drogba da África.
Assistam, leiam, ouçam
É bom lembrar que os organizadores insistem na categoria Voto Popular. De qualquer forma, já tranquilizo: nem se preocupem em promover este amigo, pois não dá pra levar a sério esse tipo de votação. Não havendo controle, os concorrentes mais apaixonados poderiam passar o dia votando em si mesmos (ano passado já houve categoria sendo anulada por fraude). Relevância zero. Bacana mesmo são os prêmios do juri, composto por profissionais da área, e a oportunidade de mostrar o que futuros jornalistas produzem durante o curso.
Ainda não conferi todos os trabalhos, mas posso recomendar alguns cujo desenvolvimento pude acompanhar, como as reportagens Sentir é maior do que ser, da Camila Vargas, e De Corpo Presente, da Bárbara Keller. Dois ótimos textos. No ensaio fotográfico Encontros e Despedidas, o colega Bruno Alencastro, que é craque, também mandou muito bem.
Vou tirar estas primeiras noites livres, após a entrega do Trabalho de Conclusão, para assistir, ouvir e ler todas as produções, com atenção especial aos mais chegados.
Os amigos podem conferir os trabalhos aqui: http://www.portal3.com.br/premiodejornalismo
domingo, 6 de junho de 2010
48' do 2º tempo
Aos
Sempre tive duas certezas durante este período em que estive absorto pelo TCC: a primeira, de que daria conta de terminar o trabalho, por mais que a corrida contra o tempo se tornasse ingrata. A segunda, de que só colocaria o ponto final no último dia. Não só o ponto, mas o parágrafo, a página, até o capítulo final. É que sou, ao mesmo tempo, escravo e cúmplice do relógio.
Há qualquer coisa de inexplicável na inspiração que só os últimos minutos nos reservam quando algo, simplesmente, precisa ser feito. É quase uma iluminação. Há algum tempo atrás, até lutava contra o que considerava uma mania de deixar tudo para a última hora. Hoje, tudo o que preciso é cuidar para que sobre algum tempinho livre antes de qualquer prazo inadiável. Resolvido este problema, é só aguardar. Nunca falha. Esta crônica mesmo, só saiu à força, pois não queria iniciar a semana com um post de sexta-feira aqui no Blog.
Certa vez perguntaram para o Verissimo, o Luis Fernando, qual a sua maior fonte de inspiração para escrever. Resposta: o relógio. Também ele se diz um refém do prazo que está prestes a se esgotar. Para quem escreve, é ainda mais difícil entender como a pressão do tempo pode fazer tão bem. Afinal, só se escreve quando se tem alguma ideia. E é difícil ter ideias sob pressão.
Acredito que, para o cérebro, seja melhor trabalhar sob pressão. Nós é que criamos acomodações o tempo todo, e só o exploramos quando esta causa maior, que pode ser uma corrida contra o tempo, provoca algum estímulo. É como aquela força, aparentemente sobrenatural, que descobrimos ter em momentos de extrema necessidade, em casos de autopreservação, por exemplo.
Talvez não tenhamos acesso deliberado a esta incrível capacidade inconsciente, ou, quem sabe, o descanso mental seja o nosso estado comum. Talvez precisássemos ter este acesso, para realizarmos coisas incríveis o tempo todo. Ou, quem sabe, este descanso é que seja indispensável, para a nossa sanidade. Prometo só buscar conclusões no dia em que a última hora me deixar na mão.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Mais 10 blues para o seu outono
Confesso que muitos estão aí porque foram esquecidos da primeira lista. Outros, como o Grafite na convocação do Dunga, entraram como surpresas de última hora. Mas, ao contrário da seleção, aqui, todos merecem sua vaga. Ei-los:
1 – Spoonful, de Willie Dixon
2 - One Bourbon, One Scotch, One Beer, de John Lee Hooker
Clássico deste que é um de meus bluesmen preferidos. Esta é uma música emblemática do gênero, por falar de uísque e cerveja, dois itens de consumo muito importantes para a maioria dos amantes do blues.
3 – On The Road Again, do Canned Heat
4 - Mannish Boy, de Muddy Waters
Blues de respeito, gravado por artistas como Jimi Hendrix e Rolling Stones. Inspirada
5 - Pride and Joy, de Stevie Ray Vaughan
Autêntico blues do Texas, deste que é um dos maiores guitarristas de todos os tempos, independendo do gênero. Todos os solos de Stevie são memoráveis. Nesta música, não é diferente.
6 - Fumblin’ with the blues, de Tom Waits
Waits é o Bukowski da música. Quem já leu qualquer coisa do escritor americano, pode imaginar o que quero dizer. E esta música, do álbum The Heart of Saturday Night, de 1973, á das que melhores sintetizam do que se trata a obra deste músico, cantor e pianista fantástico.
7 – Mary Had a Little Lamb, infantil do século XIX
Música de autor desconhecido, tradicional do século XIX, espécie de “atirei o pau no gato” norte-americana, mas transformada em blues por Buddy Guy e também interpretada maravilhosamente por Stevie Ray Vaughan. Introdução empolgante, poucas linhas vocais e longos solos de guitarra. Ouça a versão de Stevie.
8 - Night time is the right time, de Ray Charles
Uma das músicas que mais ouvi na vida, principalmente pela bela linha de sax da introdução. Claro que o título também diz tudo: “a noite é a hora certa”. E Ray Charles é um intérprete incrível, impossível deixar de fora. Em breve farei um texto só sobre essa música. Como não achei a versão de Charles, segue aqui uma homenagem que os Stones prestaram a ele, tocando Night Time em Copacabana, 2006.
9 - How Long Blues, de Leroy Carr
A melhor versão é a de Eric Clapton, do álbum From The Craddle, o mais blueseiro do guitarrista. Gosto da levada lenta deste blues, que casa tão bem com o estilo slow hand do guitarrista britânico.
10 - Back door man, de Willie
Muitos blues acabam por se tornar celebres quando são gravados por bandas de rock. Led Zeppelin, Rolling Stones e The Doors talvez tenham sido as que mais contribuíram neste sentido, além do Cream e do Yardbirds. Backdoor Man é mais conhecida na versão do Doors, mas vale conhecer também a versão de Howlin’ Wolf.